Tornou-se um hábito em épocas recentes Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO) ser um dos destaques do pelotão nacional. Além de ser um ciclista regular, vai somando importantes vitórias, ainda mais representando uma equipa com um orçamento mais baixo que as, digamos, grandes do pelotão nacional. Se ainda não “levantou os braços”, como disse, na meta em 2022, já subiu ao pódio e uma das vezes, no último domingo, foi para celebrar a sua segunda Taça de Portugal.

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Luís Gomes é um dos corredores em melhor forma nesta primeira fase da temporada e admitiu ao GoRide.pt que era assim que queria começar a época. Forte. “Eu comecei a época a querer entrar bem. Falta a vitória. Já fiz terceiro na Póvoa de Varzim [Clássica da Primavera], fiz segundo na Clássica da Arrábida. Acho que falta a vitória”, afirmou. O tal triunfo de levantar os braços, porque conquistar pela segunda vez consecutiva a Taça de Portugal serve de mote para um ano em que quer mais. Como sempre.

Luís Gomes venceu em elite e Pedro Silva (Glassdrive/Q8/Anicolor) em sub-23.

“É um sentimento muito especial. Já tinha vencido no ano passado. Este ano não estava com tanta certeza como no ano passado que ia ganhar. Tinha uma diferença pontual um pouco grande. Foi acreditar até ao fim. Nesta subida sabia que podia estar entre os melhores. A condição é boa e fiz uma subida ao meu ritmo”, explicou.

Este ano não tinha tanta pressão para ganhar. Vinha para fazer o meu melhor e graças a Deus que o meu melhor foi vencer.

O ciclista referia-se à última dificuldade de uma Clássica Aldeias do Xisto de muito sobe e desce e com um final emotivo em Ferraria de São João. Gomes foi quarto, um lugar que lhe permitiu saltar para o primeiro posto, que então pertencia a Rafael Silva (Efapel Cycling), a 25 pontos de distância, com Daniel Freitas (Rádio Popular-Paredes-Boavista) a ser também um rival de respeito.

Luís Gomes confessou que partiu para a última das três provas pontuais sem particular expetativa de vencer: “Já tinha vencido no ano passado e fiquei muito feliz. Este ano não tinha tanta pressão para ganhar. Vinha para fazer o meu melhor e graças a Deus que o meu melhor foi vencer e fico muito feliz por isso. Agradeço muito à equipa que sempre acreditou em mim e lutou para que eu chegasse aqui bem colocado e com as máximas forças para discutir a Taça de Portugal”.

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Freitas e Silva terminaram a competição em segundo e terceiro, respetivamente (ver classificação em baixo).

Importância para a equipa

Além de ser mais um triunfo para um palmarés que já conta com duas etapas da Volta a Portugal, uma camisola dos pontos e outra da montanha, uma Clássica da Primavera, entre outras vitórias, a conquista de uma segunda Taça de Portugal tem um peso relevante na Kelly/Simoldes/UDO.

É uma equipa em que Luís Gomes (28 anos) é o segundo mais velho, atrás de César Fonte (35). Os restantes ciclistas têm 23 anos ou menos. O ciclista passou pela estrutura quando esta era de clube e depois de três temporadas na Rádio Popular-Boavista, regressou “a casa” em 2020, com a equipa a ter entretanto subido a Continental.

Os chefes ajudam-me nas vitórias, mas principalmente nas derrotas e acho que isso é o mais importante.

Luís Gomes parece melhorar de ano para ano, tornando-se numa peça fulcral na Kelly/Simoldes/UDO. “Somos uma equipa de low budget, mas muito unida. Demos tudo o que tínhamos [na Clássica Aldeias do Xisto]. Fizemos frente às equipas grandes. É o que importa. Há um grande espírito de equipa”, salientou, recordando que o fizeram mesmo sem César Fonte, um ciclista cuja experiência é uma mais-valia.

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Quanto às constantes melhorias nas suas exibições a cada época desde que regressou a esta formação, Luís Gomes não hesita: “Foi uma equipa que já conhecia, onde me sinto bem, em casa. Mas não significa que me sinta acomodado. Não. Quero sempre fazer melhor. A minha condição física tem vindo cada ano a trabalhar. Tenho trabalhado em vários aspectos e isso tem feito diferença. Os chefes ajudam-me nas vitórias, mas principalmente nas derrotas e acho que isso é o mais importante. Quando estamos mal e precisamos de ajuda e é quando nos apoiam”.

O facto de ter de assumir o papel de líder perante companheiros de equipa tão jovens não o assusta em nada. “Não é uma coisa que me meta pressão. Os chefes não metem pressão nisso. Vamos para as etapas com a ambição de fazer o melhor. Claro que quero vencer, mas não temos essa pressão. Vamos com tranquilidade e com o trabalhado realizado… Vamos vendo”, referiu.

A restante temporada

Terminada uma primeira fase da época com a conquista da Taça de Portugal, dois pódios e outros três top dez, Luís Gomes começa a olhar mais além. Da Volta a Portugal já se sabe: é um objetivo para qualquer ciclista que compete no pelotão nacional. Porém, este é um corredor que não pensa apenas em aparecer bem em agosto.

Tenho sempre essa mentalidade de fazer mais e melhor, tentar dar o salto para fora para uma equipa de qualidade.

Não refere de imediato quais as corridas em que vai apostar mais. Contudo, quando se fala em objetivos de carreira, surge então um dos seus sonhos: ser campeão nacional. “Ando a lutar por esse sonho”, desabafa.

E o que pretende alcançar mais na carreira?

“Sou um ciclista jovem, mas já começo a ficar um pouco velho para ir lá para fora, para outros voos. Tenho sempre essa mentalidade de fazer mais e melhor, tentar dar o salto para fora para uma equipa de qualidade. Não tem surgido a oportunidade, mas todos os anos luto e todos os anos tento melhorar a minha performance para que isso aconteça”, respondeu.

Porém, mesmo ambicionando outros voos está concentrado em continuar a ser um ciclista referência por cá, dando luta, animando corridas e levantando os braços na meta.

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Top 5 da Taça de Portugal Jogos Santa Casa 2022:

  • 1º Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO), 150 pontos
  • 2º Daniel Freitas (Rádio Popular-Paredes-Boavista), 145
  • 3º Rafael Silva (Efapel Cycling), 127
  • 4º Leangel Linarez (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados), 110
  • 5º Fábio Costa (Glassdrive/Q8/Anicolor), 105

Mais info e classificação completa:

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Imagem principal: João Fonseca Photographer
Restantes imagens: Elisabete Silva

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