Sempre que possível, gostamos de fazer as nossas entrevistas numa “casa” especial, que, no fundo, é de todos nós: o Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho, em Torres Vedras. Foi aí que teve lugar o nosso encontro com Cândido Barbosa, atual candidato à presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo.

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No dia em que Cândido Barbosa apresentou em Lisboa a sua candidatura, esta descontraída conversa confirma alguns traços da personalidade deste antigo ciclista profissional e revela várias iniciativas e objetivos que ele e a sua equipa têm para “melhorar” o que está a ser feito naquela entidade em prol do ciclismo português.

Deixamos aqui um resumo desta nossa entrevista com Cândido Barbosa, sendo que podes assistir à conversa completa no vídeo acima, que está no nosso canal no YouTube! Estas são algumas das passagens principais desta entrevista:

GoRide: O que te leva a seres candidato à presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo?

Cândido Barbosa: “Até outubro do ano passado, esta candidatura não estava na minha agenda pessoal de vida.”

“Nessa altura, conversas com vários agentes da modalidade, incluindo o Delmino Pereira, tiveram como objetivo perceber qual seria a minha disponibilidade para arrancar na sucessão do caminho que ele fez até hoje e está ainda a fazer até outubro.”

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“É público: eu tenho uma empresa que presta serviços a vários organizadores no ciclismo, incluindo a Federação. Nada a esconder em relação a isto. Por isso tive de pensar a minha vida, falar com a família neste sentido, pois é uma decisão bastante drástica.”

“A decisão foi sim. Estou a arrumar a minha “casa”, situação que está a ser tratada, resolvida, para que não haja dúvidas e para que o meu nome não fique em causa. Porque quem me conhece sabe que eu sou dessa forma e não podia ser doutra.”

“Hoje sinto-me capaz de enfrentar aquilo que podem ser as linhas mestras do futuro da federação. Sinto-me capaz de desenvolver e por o ciclismo no patamar que todos nós queremos ver. Tenho comigo uma equipa que ama o ciclismo de forma incondicional, como eu amo.”

Quais os pontos que julgas que podem ser melhorados na Federação?

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Cândido Barbosa: “Na Federação, Artur Lopes fez uma alta revolução e começou a introduzir umas quantas mais vertentes além do ciclismo de estrada. E toda a evolução que houve em torno da bicicleta foi acompanha. O Delmino deu ainda mais força a isso. Porque a bicicleta não é so este instrumento que dá para competir.”

“Hoje ter uma e-bike não está ao alcance de toda a gente. Este é um ponto que eu gostaria de ver com o Governo para que haja apoio na introdução de mais bicicletas no mercado e sensibilizar as pessoas a andarem mais de bicicleta.”

“O Delmino realmente fez um excelente trabalho. Se fosse eu teria apostado mais num ponto ou noutro? Sim. É relativo e é discutível.”

“Hoje, a formação é o pilar que será visto por mim com todos os olhos e com um gabinete de apoio para fazer várias coisas, incluindo perscrever treino. Esse treino tem de estar fundamentado em testes, em análises, num plano de acompanhamento nutricional que está de mão dada com o treino. Para quê? Para nós ficarmos com os dados e registos de todos os atletas. Para que o atleta não esteja sob pressão para alcançar resultados. Ou para depender isso ir à Seleção ou não. Isto é um erro que queremos ajudar a mudar.”

“Com este trabalho feito a quatro anos, poderemos ter uma Seleção pelos dados de todos os atletas e não pelos resultados impostos. Isto retira pressão e permite ao atleta fazer tudo nos timings certos.”

GoRide: Até onde os nossos ciclistas atuais podem ir?

Cândido Barbosa: “Sendo esta uma Federação das mais antigas em Portugal, com 125 anos, temos tido ao longo dos anos atletas de ciclismo excecionais.”

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“O João Almeira apareceu num momento em que apareceram vários fora de série. No último Paris-Roubaix fez-se uma média de 47 km/hora… É esta a realidade. Será difícil o João ou outro dos nossos atletas do momento vencerem um Tour ou uma grande volta, pois há muitos valores mundiais difíceis de bater…”

“Há meia dúzia de ciclistas no pelotão internacional que são máquinas autênticas. O João está lá com eles, o Morgado também. E temos de ficar orgulhosos com isso…”

“Sinto-me orgulhoso pela carreira que fiz, tive as minhas vitórias. Mas o ciclismo hoje está completamente diferente. Esperamos que um dia destes, numa grande volta, haja alguém de Portugal que nos possa dar uma grande esperança. Mais do que já nos deram, que tem sido muito!”

GoRide: De que forma achas que pode haver mais financiamento para o ciclismo?

Cândido Barbosa: “Nos meus alinhamentos para futuro, um dos pontos que tenho é trabalhar em conjunto com as associações. Cada associação tem a sua área geográfica e nessa área há sempre uma ou mais comunidades intermunicipais. Já temos a nossa fatia de verba alocada, normalmente, pelo que ir buscar mais pode passar por ver com cada associação como se pode trabalhar em cada área, junto com as autarquias.”

“Tentar pegar na comunidade intermunicipal, junto com as autarquias, olhar para o calendário do ano anterior e ver o que se pode fazer a nível de formação, incentivo à criação de academias nas escolas junto com os clubes, encontrar novas competições desde os mais jovens aos elites, etc”.

“Com isto vamos ter um conjunto de atividades e a meu ver penso haver capacidades para as comunidades intermunicipais  tentar alicerçar uma candidatura conjunta para  om base no conjunto de provas que toca nos vários sectores deste nosso país.”

“Criar alguma sustentabilidade para estas associações. É aí que eu penso que se pode trabalhar, com um gabinete interno ou externo, tentando obter financimanento não para a Federação diretamente, mas sim para as associações, pois são elas que organizam grande parte das provas e da formação.”


Vê a entrevista na íntegra no nosso canal de YouTube:

CÂNDIDO BARBOSA em entrevista ao GoRide

Créditos das imagens e vídeo: GoRide

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