A terceira semana do Tour 2023 foi demais para Tadej Pogacar. Esta é a primeira e óbvia ilação a tirar do “desfalecimento” do esloveno na etapa (17.ª) de ontem, 4ªfeira, na ascensão ao Col de la Loze, o ponto mais alto da corrida e onde se aguardaria a “revanche” da derrota no contrarrelógio na véspera. Mas não foi uma fraqueza qualquer, foi sim a maior que já vimos do jovem ciclista de 24 anos, já vencedor de duas edições da Volta a França.

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Os sinais de debilidade começaram na véspera, no contrarrelógio individual, onde perdeu 1.38 minutos para o adversário direto Jonas Vingegaard, depois de duas semanas em que os separou meros dez segundos. Quem conhece o estilo de Pogacar ao ataque em subidas certamente apercebeu-se de que o ciclista parecia não estar a dar o máximo – num claro contraste com a linguagem corporal de Vingegaard, que parecia indomável sobre a… “cabra”.

Obviamente, Pogi não estava a facilitar, estava sim com más sensações, de o corpo não estar a corresponder às solicitações e a impedi-lo de ir a fundo. Daí o semblante, o vigor da pedalada, que davam a impressão de que estaria… a meio-gás.

De qualquer modo, no dia seguinte, na etapa rainha, Pogacar prometia responder, tentar dar a volta por cima, apesar de se aferir do seu discurso após o contrarrelógio que não estava com os índices de confiança em alta, quando quase sempre os tem.

Assumiu que a segunda parte do contrarrelógio não lhe tinha corrido bem, que não se tinha sentido bem, mas a verdade é que já estava em desvantagem para Vingegaard logo no primeiro ponto intermédio do percurso – e foi sempre a acumulá-la –, mesmo após ter trocado de bicicleta para uma convencional, mais leve, e de o seu adversário ter-se mantido de “cabra”.

Na jornada desta terça-feira, na longa e dura subida final (28 km), ainda antes de qualquer alteração forte de ritmo no grupo que integrava – com o camisola amarela –, Pogacar entrou em perda e descolou, incapaz de acompanhar o andamento certo de Jonathan Castroviejo (Ineos).

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E desfaleceu com estrondo, perdendo na meta, 15 km adiante, 5.45 minutos para Vingegaard, de quem está agora a 7.35 minutos na classificação geral.

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Vitória no Tour 2023 sentenciada, salvo algum incidente com o dinamarquês, que assim conquistará o segundo triunfo consecutivo na grande volta francesa – igualando Pogacar no palmarés da prova.

Pogacar tentou explicar o que lhe ocorreu… “Quando cheguei ao sopé da subida do Col de la Loze, estava exausto. Não sei se foi por causa da queda, embora não tivesse dores, mas fiquei prostrado. Não era o meu dia. Estou morto!”, declarou o líder da UAE Emirates no final da etapa.

“Se não tivesse o apoio dos meus companheiros, poderia até ter perdido o pódio. Marc Soler ajudou-me muito a aguentar. Disse a mim mesmo que tinha de continuar a lutar. Creio que é um dos piores dias que já tive na bicicleta. Agora vou tentar recuperar o máximo possível para as próximas duas etapas e vamos continuar a lutar por etapas. Sábado? Se eu vier a ganhar ou um companheiro alguma etapa, será ótimo. Além disso, temos de lutar para preservar o 3.º lugar de Adam Yates no pódio, seria uma boa maneira de encerrar o Tour”, concluiu Pogacar.

Ainda será cedo para analisar e quiçá concluir sobre os motivos para este fortíssimo abaixamento de rendimento, sem precedentes no corredor esloveno, mas poder-se-á (no caso, ele próprio e a sua equipa técnica) começar a reunir dados para a breve prazo formular uma tese minimamente plausível.

Para já, e antes de mais, deve despistar-se a possibilidade de doença – o que os próximos dias, quiçá horas, encarregar-se-ão de esclarecer. Aguardemos. E depois, também nós, observadores, talvez possamos fazer mais ponderações sobre o que se terá ocorrido para a terceira semana do Tour de Tadej Pogacar ter sido, de facto, demais….

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Imagens: UAE Emirates Twitter

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