A abertura da Volta a Espanha foi pouco menos do que caótica. Disputado sob forte intempérie de verão, de uma chuva diluviana que deixou as avenidas de Barcelona escorregadias e traiçoeiras, o contrarrelógio por equipas, para tornar o cenário quase dantesco, correu-se a horas tardias da tarde, acabando para as últimas equipas na estrada com noite cerrada.

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Remco Evenepoel não perdeu tempo e levantou a voz – literalmente – em críticas à impopular decisão da organização, logo que terminou a prova com a sua equipa, a Soudal-Quick Step. Todavia, o belga, vencedor da edição de 2022 da corrida espanhola, nem sequer tinha o maior dos motivos para reclamar: ter feito um mau resultado. No mínimo, apenas menos bom. E comparativamente à concorrência direta, bem melhor.

De facto, o campeão mundial de contrarrelógio em Glasgow já se adiantou, com uma vantagem imprevista nesta primeira etapa, a alguns rivais, e entre estes os mais distanciados são os líderes da UAE Emirates, João Almeida e Juan Ayuso, que perderam 31 segundos, após uma prestação abaixo das expectativas da formação árabe, talvez demasiado cautelosa devido ao risco de quedas.

Mas não foi só a dupla ibérica a deixar segundos preciosas na noite chuvosa de Barcelona. Também a todo-poderosa Jumbo-Visma, de Primoz Roglic e Jonas Vingegaard, acumulou um surpreendente atraso de 26 segundos para a Soudal – foi, registe-se, foi apenas a quarta classificada, a seis segundos da espantosa DSM, de Romain Bardet, e do primeiro camisola vermelha, Lorenzo Milesi, recém-campeão mundial de contrarrelógios de sub-23.

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De resto, entre os principais candidatos à geral (e excluindo o trepador francês da DSM) a melhor operação nesta jornada inaugural foi mesmo a de Enric Mas e da sua Movistar, com realce para o bom desempenho do português especialista contra o tempo, Nelson Oliveira. A equipa da telefónica fez o mesmo tempo da vencedora (apenas mais uns décimos) e coloca o seu líder espanhol, recuperado da queda que o atirou para fora do seu grande objetivo da temporada, a Volta a França. Desde já à cabeça dos seus rivais geral.

De qualquer modo, para a Jumbo-Visma e para UAE Emirates, não é caso para inquietações – arriscamos!… –, porque haverá muita montanha para recuperar… Ainda que, ressalve-se, a ‘muita montanha’ na Vuelta não é a mesma, em termos de exigência de resistência em subida, do que as do Tour (as dos Alpes, principalmente). É menor. À exceção de duas a três (Tourmalet, Angliru acima de demais) Evenepoel, se estiver no topo da forma, pode defender-se, como fez o ano passado. Mas voltaremos a este tema em breve.

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Imagens: La Vuelta Twitter

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