Um adversário improvável, vindo dos céus, está a atemorizar os corredores nos campeonatos mundiais de estrada que decorrem em Wollongong, perto de Sidney, na Austrália. Vários ciclistas, incluindo Remco Evenepoel, foram atacados ou sentiram-se ameaçados por uma ave durante os treinos na região da cidade costeira do Pacífico, no sudeste daquele grande país da Oceania.

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O seu nome: pega rabuda, parente do europeu pica pica, uma espécie da família do corvo, considerada como uma das aves mais inteligentes do mundo.

No entanto, não é propriamente pela inteligência que a pega rabuda é mais conhecida em interação com humanos, em especial os que se deslocam a uma velocidade superior à da corrida a pé. Por exemplo, de bicicleta.

O pássaro, de coloração branca e preta, e bico proeminente e pontiagudo, é extremamente territorial no período da nidificação, durante seis semanas da primavera australiana, que coincide com os meses de setembro a novembro. A fêmea chama a si a responsabilidade de proteger a prole enquanto o macho incuba os ovos ou permanece no ninho com os filhotes muito jovens.

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Nas frequentes saídas de vigilância, a pega rabuda costuma cismar com ciclistas, e ataca-os em voos picados, que geralmente são apenas dissuasores, mas causadores de pânico. Há relatos de casos em que a pessoa é apenas perseguida algumas centenas de metros, mas também outros, esporádicos, em que atacam com o bico o capacete.

Num recente treino, de recuperação da prova de contrarrelógio no último domingo, Remco Evenepoel foi alvo apenas de uma aproximação, mas não ganhou para o susto. “Um pássaro bastante grande desceu em voo muito próximo quando eu rolava com a minha bicicleta e perseguiu-me muito perto”, disse o belga, terceiro classificado na competição.

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“Foi assustador. Mas isto é a Austrália, aparentemente… Espero que tenha sido a única vez que isso aconteceu, mas tenho medo!”, admitiu um dos favoritos ao título mundial de fundo, na corrida do próximo domingo.

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Stefan Küng, medalha de prata no contrarrelógio de elites, também já tinha referido um desses encontros de terceiro grau, que envolveu um dos seus companheiros da seleção suíça. “Sim, um dos nossos corredores foi atacado por essa ave”, e o mesmo sucedeu à australiana Grace Brown, também vice-campeã mundial na prova contra o tempo em Wollogong.

“Já fui atacada duas vezes desde que cheguei aqui”, disse jornal The Guardian Australia. “Não são apenas os atletas internacionais que estão preocupados com isso. Eu fico muita assustada com as pegas”.

Há pouco a fazer para prevenir ou proteger-se dos ataques das aves. Alguns ciclistas locais tentam afugentá-las prendendo aos capacetes uma espécie de antenas. “Algumas pessoas disseram-nos que instalam umas peças plásticas, às vezes a imitar olhos, sobre o capacete para assustar essas aves, mas isso não é tão bom para a aerodinâmica”, gracejou Küng.

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Tony Willis – Wikipédia

Um veterinário de Wollogong, Paul Parland, disse a uma estação de rádio australiana que considera a coincidência entre a temporada de acasalamento da pega rabuda e as corridas de ciclismo que ocorrem atualmente na região uma receita para a “calamidade”.

O site Magpie Alert, que monitora e regista ataques de pegas rabudas na Austrália, só este ano reporta mais de 1590 incidentes que resultaram em ferimentos para o ciclista.

“Sei que nos subúrbios a norte houve alguns problemas com pegas nos últimos anos, que resultaram em situações algo complicadas, incluindo acidentes com ciclistas”, disse Parland, que tem incentivado os utilizadores de bicicleta a deslocarem-se em grupo.

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“Essas aves tendem a atingir pessoas que estão sozinhas e também as que estão se deslocam de maneira muito rápida. Infelizmente, não creio que iremos convencer os corredores nestes Mundiais a diminuir a velocidade”, brincou o clínico.

Foto principal: BelgianCyclingTeam

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