João Almeida, após a profissionalização, em 2017, tem feito carreira exclusivamente fora de Portugal. Decisão que o corredor da UAE Emirates diz ter sido ponderada, porque queria afastar-se o mais rapidamente possível do ciclismo português.

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«É um caos», afirma em entrevista à rouleur.cc, citada pelo jornal A Bola, referindo-se à sucessão de escândalos de doping na modalidade no nosso país.

«Felizmente, quando estava nas equipas de juniores tive treinadores com uma boa mentalidade, e o meu objetivo foi sempre sair de Portugal o mais rápido possível. Foi o que fiz após a minha última época de júnior. Creio que criei a minha reputação fora de Portugal, as pessoas conhecem-me do WorldTour. Apesar de ser português, a minha carreira não me coloca nesse caos. Mas para os jovens portugueses talvez seja um problema estar sempre associado a esses casos, a esse caos», declara João Almeida, sete anos depois de ter imigrado logo na primeira temporada na categoria de elite, em 2017, para a equipa de licença búlgara Unieuro Trevigiani-Hemus 1896.

Na mesma entrevista, João Almeida reconhece que não está imune a críticas ao seu estilo de correr conservador. «Eu sei, tenho perceção disso, mas ainda não sinto que esteja no meu auge, sinto que ainda tenho algo a desenvolver e evoluir. Não sei quanto e se será suficiente para conseguir uma vitória numa grande volta, mas estou tranquilo em relação a isso. Se não acreditar que consigo, nunca vou conseguir. E acredito que posso conseguir. Talvez algumas pessoas fiquem surpreendidas, outras nem tanto», afirma.

«Gosto de sentir a evolução, ver os números progredirem», acrescenta.

«No início do meu primeiro ano no WorldTour [2020, na estreia na Soudal-Deceuninck] tinha dúvidas sobre se seria um corredor de classificação geral. Mas correu tão bem no Giro, apesar de um dia mau que faz parte do jogo às vezes, e senti que sim, realmente era um corredor de grandes voltas. Os anos seguintes consolidaram essa ideia sobre mim próprio», analisa.

João Almeida irá estrear-se na Volta a França, após quatro três participações consecutivas na Volta a Itália, com um terceiro lugar (2023) e um quarto (2020) na classificação geral como resultados mais relevantes. O português alinhará ao lado de Tadej Pogacar numa equipa de luxo que incluirá o espanhol Juan Ayuso (3.ª na Vuelta 2022 e 4.º na Vuelta 2023) e o britânico Adam Yates (3.º no Tour 2023).

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«Se tiver de puxar para Tadej [Pogacar], fá-lo-ei com um sorriso no rosto. Será um prazer correr para ele. Ele é o número um, o ciclista mais forte de todo o pelotão WorldTour», assume.

Ainda na mesma entrevista, Almeida sobre o que é ‘ser’ corredor. «É preciso ter uma mentalidade forte para ser ciclista ao mais alto nível. Não nos cansarmos de pesar a comida, de sermos profissionais a 200%… o tempo todo. Mas só me vejo a ser ciclista. Só há ciclismo na minha cabeça».


Crédito da imagem: website UAE Team Emirates / Sprint Agency
https://www.uaeteamemirates.com/gallery-la-vuelta-2023/#gallery-3

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