O desempenho que podemos obter na bicicleta ao utilizarmos determinados tipos ou modelos de rodas ou pneus depende de muitos fatores, até porque estes dois elementos condicionam bastante a resistência das rodas face ao andamento que conseguimos imprimir.

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KTM

Ao falarmos neste assunto é normal começarmos logo a pensar em avultadas quantias de dinheiro para investirmos em material topo de gama, aquele que permite tornar a bicicleta mais rápida. Mas nem tudo está relacionado com material quando falamos de rodas e pneus: a forma como estes componentes estão desenhados e construídos “manda” muito, mesmo que não sejam os melhores da gama.

Dito isto, esta nossa reflexão “localiza” vários aspetos relacionados com esses componentes. Por um lado, a influência da largura do pneu e das pressões de enchimento praticadas; por outro lado, o design do aro da roda (largura e altura).

Vejamos então como os benefícios trazidos por cada um destes aspetos podem ter uma influência maior ou menos no tipo de utilização que damos à bicicleta.

Os pneus…

1. Largura dos pneus

Já muito se falou e escreveu sobre a largura dos pneus, ainda para mais quando podemos hoje encontrar em bikes de estrada pneus que víamos apenas há uns anos atrás. Medidas que vão dos 23 mm até aos 30 mm, por exemplo…

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Specialized Levo

A tendência para instalar pneus largos persegue algumas vantagens claras: mais comodidade, uma “filtragem” mais eficaz das irregularidades da estrada e capacidades de travagem reforçadas, pelo menos em teoria.

Contudo, se nos centrarmos no tema da resistência ao andamento/avanço, os fabricantes falam também de um desempenho diferente face aos pneus mais finos. Estes sofrem uma deformação maior, por serem mais estreitos e terem de suportar de forma mais localizada o peso tanto do ciclista como da bike.

Enquanto isso, os pneus mais largos deformam-se menos e distribuem essa força por uma superfície maior, o que resulta numa “pegada” menos (menos resistência…), mas dando mais estabilidade em curva e na hora de travar.

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Orbea Genius Dealers

A Bicycle Rolling Resistance é uma entidade que realiza uma extensa variedade de testes de resistência ao “rolamento” com diferentes pneus (também como diferentes pressões, como veremos mais à frente) e conclui que, com mais largura, menor a resistência.

Um caso prático de pneus com menos resistência nesses testes: o modelo Vittoria Corsa Speed 2.0 G+ de 25 mm apresentou um registo de 7 watts (com 120 psi de pressão) face ao resultado de 7,7 watts obtido pelo mesmo penu com 23 mm de largura.

2. Pressão de enchimento dos pneus

Atendendo a números, as pressões mais elevadas influenciam positivamente o desempenho: a resistência ao andamento/avanço é menor. Mais uma vez, a Bicycle Rolling Resistance tem feito inúmeros testes ao longo dos anos, com pressões diferentes, e as conclusões indicam sempre isso: que quando maior a pressão, menor a resistência.

Falam de reduções de 0,4 a 0,6 watts com pressões entre 100 e 120 psi… Olhando para o caso prático referido acima, o pneu Vittoria Corsa Speed 2.0 G+ de 25 mm apresentou resistência de 7 watts com 120 psi de pressão, enquanto que com 100 psi a resistência ao andamento subiu para 7,5 watts.

As rodas…

3. Largura das rodas

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Riese & Müller Multitinker

Estão sempre relacionadas com os pneus (e vice-versa), naturalmente, pois não é possível montar um pneu largo numa roda estreita. A vantagem de uma roda mais larga está no facto de o pneu ficar melhor “instalado”, dando origem a menos imprevistos: perda de confiança em curva, mais resistência, menos velocidade…

Mais: a aerodinâmica tende a melhorar se conseguirmos ter um conjunto roda-pneu mais compacto.

4. Altura da roda

Este aspeto pode influenciar a resistência por dois motivos: primeiro, a altura do aro em circunstâncias de vento cruzado tem uma forte palavra a dizer…

Dependendo de cada marca ou modelo, e em determinado ângulo de viragem (entre 15 e 20 graus, diz-se…), quando mais alto o perfil (e mais elevada a velocidade), maior o efeito de “vela”.

E isto faz com que a bicicleta seja “catapultada” em direções opostas e indesejadas quando a velocidade aumenta. A partir dos 15 km/hora, a resistência à aerodinâmica passa a estar acima da resistência ao andamento.

Em segundo lugar, instalar aros mais altos permite reduzir o comprimento dos raios da roda, sendo que estes influenciam negativamente a resistência rotacional. E esta pode ser definida como a fricção adicional que é produzida entre a roda que cruza o ar e os componentes giratórios.

Em suma…

O que se constante é que, ao contrário do que muitas vezes se pensa, as situações de resistência ao avanço na estrada podem ser mais favoráveis ao ciclista com conjuntos de pneus + rodas mais volumosos (pneus mais largos e rodas de perfil mais alto).

Em contrapartida, e porque tudo na vida tem um senão, o peso extra que é adicionado por este tipo de conjuntos pode causar um poder de aceleração menor, e isto por causa do peso total e também do peso rotacional que está associado ao movimento.

Ou seja, nas vertantes Granfondo e Aero, por exemplo, a utilização de componentes com estas características pode ficar facilmente justificada. Tudo depende do que amojamos: velocidade ou aceleração?

Por outro lado, se pretendes instalar um conjunto mais largo na tua bicicleta tens primeiro de verificar se tal é possível, já que nem todos os quadros estão preparados.

O mesmo acontece com os tipos de sistemas de travagem presentes em cada modelo, entre outras características variáveis de bicicleta para bicicleta.

Fotos: Bycicle Rolling Resistance // BH Bikes // Cannondale // Orbea

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