Ao longo deste teste vamos todos concordar que este não será um GPS perfeito, especialmente na relação entre qualidade e preço, mas é um facto que o ciclocomputador Sigma ROX 12.1 EVO, o mais recente no catálogo da marca alemã, está muito bem “recheado” de funcionalidades. Muitas e boas.

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Há uma ou outra coisa que falta, é certo, e nem sinal de funções mais “à frente” como a (re)alimentação da bateria via energia solar, por exemplo, mas temos de admitir que a evolução é grande face ao modelo anterior em termos de coisas que é possível fazer com o ROX 12.1 EVO.

Fazendo um resumo rápido, podemos contar com a boa ajuda da Sigma Ride app para muitas ações (e análises dos treinos), o ecrã tátil é bem auxilidado por cinco botões físicos, a navegação curva a curva está em excelente plano. A questão é que fazer tanta coisa parece “castigar” um pouco a autonomia… Vejamos tudo mais em pormenor.

Um GPS que está perfeitamente pronto para qualquer tipo de utilização na bicicleta.

Além de contar com novas funcionalidades mais pensadas para as urbanas (a pesquisa por moradas e/ou pontos de interesse, por exemplo), serve muito bem as voltas em estrada, em BTT, em gravel… Nos nossos testes utilizámos este ciclocomputador Sigma nestes três últimos “ambientes”.

Neste artigo:
1 O que vem na caixa?
2 Mapas e navegação
3 Construção e design
4 Ecrã e manuseamento
5 Dados e app para smartphone
6 Bateria e autonomia
7 Funcionalidades adicionais
8 A nossa avaliação
9 Lista de características e preços
10 Todas as fotos

Uma nota prévia e importante: colocámos aqui apenas um ou dois, mas vale a pena visitar o canal de YouTube da Sigma, pois por lá estão dezenas de vídeos que explicam tudo sobre o funcionamento deste GPS. E logo no início deste artigo estão algumas imagens em vídeo que fizemos durante a utilização do ROX 12.1 EVO, também.

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O que vem na caixa?

Temos mesmo pena de não estar incluído no pack de base o Over-Clamp Butler (à parte custa cerca de 21 euros), que é um suporte para guiador capaz de colocar o GPS por cima do topo da caixa de direção ou por cima do avanço, isto no caso do BTT em especial.

INT | ROX 12.1 EVO | Product Video | SIGMA SPORT

De resto, está incluído o dispositivo propriamente dito, o manual, o suporte standard (o mais longo), o suporte de fixação diretamente no guiador (com abraçadeiras incluídas) e o cabo USB-C para recarregar a bateria, que nos parece demasiado curto e já obrigou a que utilizemos um outro que temos por aqui…

Mapas e navegação

Vamos começar por este tópico porque é o que mais nos está a convencer neste novo modelo da Sigma: o bom comportamento e resposta dos mapas pré-instalados e do sistema de navegação, que traz novidades face ao passado da marca no segmento dos ciclocomputadores.

EN | ROX 12.1 EVO | Basic Operations | SIGMA SPORT
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Aliás, pelo que conhecemos podemos mesmo dizer que é o melhor da Sigma neste campo. Não é o GPS mais rápido a ligar que conhecemos, mas não demora muito a “apanhar” sinal de satélite, com base nos standards GPS, Glonass e Galileo.

E a partir daí há muito para explorar. Se já tivermos o track presente no dispositivo (o upload é feito através de ligação ao computador ou da app para smartphone Sigma Ride, de que falaremos já a seguir), é fácil metê-lo no ecrã e começar a navegação.

Aconselhamos algo que é muito útil e prático: guardar os tracks que mais usamos nos ‘Favoritos’, pois ali ficam perfeitamente “à mão” e carregá-los é muito simples e rápido.

Por outro lado, se a nossa ideia é encontrar o caminho até determinado sítio, podemos introduzir as coordenadas, a morada ou até um ponto de interesse, como fazemos no GPS de um automóvel, por exemplo.

O sistema sugere-nos sempre três caminhos possíveis (o mais rápido, o mais curto e aquele que é sugerido pelo mapa, todos eles válidos) e surgem as tradicionais informações de distância até ao destino e hora de chegada prevista, entre outras.

Uma novidade é a função Draw my Route, que nos permite desenhar com o dedo no ecrã tátil, no mapa, o caminho que queremos seguir. O sistema depois ajusta em função dos caminhos existentes na zona e acaba por dar origem a uma volta que podemos efetivamente fazer.

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Contudo, esta é uma funcionalidade que não se reveste de interesse por aí além, acabamos até por esquecer que ela existe (pelo menos sob o nosso ponto de vista…). E o funcionamento do ecrã tátil, por vezes “preguiçoso”, nem sempre colabora com este “desenho”.

Por outro lado, o que funciona muito bem é a navegação turn by turn. Tem sido mesmo uma surpresa muito positiva.

Passamos a descrever como tudo funciona (bem): uma vez carregado o track, por exemplo, “somos” a seta vermelha que surge no mapa.

Vamos andando e sempre que se aproxima uma mudança de direção ou algo equivalente, o ecrã faz zoom no mapa automaticamente e aparece um sinal tipo pop up que dá seguimento à seta e aponta para onde devemos ir. Sempre no timing certo e, até ver, sem enganos. E isto é fantástico especialmente nos trilhos ou estradas que não conhecemos, onde normalmente não andamos.

Há ainda uma função de regresso ao ponto de origem que funciona razoavelmente, o recálculo em tempo real quando nos desviamos do caminho predefinido (sem termos de voltar ao último ponto conhecido) e vários outros recursos do “costume”.

Sentimos falta de indicações em tempo real de quando se aproximam subidas, algo que estamos habituados a usar noutros ciclocomputadores, e notamos algo que acaba por ser normal em praticamente todos os que já testámos: uma ligeira confusão quandos os caminhos são demasiado próximos no mapas.

Construção e design

A Sigma orgulha-se de dizer que este é o primeiro modelo que produz inteiramente na Alemanha, mas não será por isso que a aparência e construção do ROX 12.1 EVO nos parecem boas e confiáveis. O GPS não é pesado, mede 95 x 57 x 21 mm, assenta bem na mão e não ocupa demasiado espaço no cockpit da bicicleta.

Encaixa sem problemas no suporte fornecido com o quarto de volta habitual, num sistema compatível com dispositivos Garmin e outros. Conhecemos suportes mais robustos e estáveis, mas o que é fornecido serve e até ver não deu origem a qualquer problema.

O ecrã cresceu face ao passado (tem 3 polegadas), agora é tátil, e ocupa toda a parte frontal do dispositivo, o que coloca nas lateriais cinco botões físicos que são muito fáceis de acionar e complementam bem as ações que fazemos com os dedos no ecrã. A porta USB-C está bem protegida com tampa de borracha, não traz inconveniente.

Ecrã e manuseamento

Falando do ecrã em particular, o sistema touch funciona, mas não é o melhor que já vimos. Normalmente deixa-nos fazer bem o que queremos fazer, e funciona bem com luvas, além de não sofrer demasiado com os reflexos de luz “normais” no uso nos trilhos ou na estrada.

Os pingos da chuva ativaram-nos o ecrã várias vezes (é melhor levar o ecrã bloqueado…) e é normal termos de limpar o ecrã com as luvas para o manusearmos normalmente. Repetimos: o sistema de toque não é perfeito, nem sempre nos deixa fazer o que queremos à primeira, mas “dá para o gasto”.

Quanto à interface, está em português e facilmente nos habituamos a ela, apesar de sentirmos que há alguns menus e opções a mais, pois nem sempre é fácil encontrarmos o que queremos. Será mesmo uma questão de hábito.

Por outro lado, é grande a quantidade de dados e secções que podemos colocar em simultâneo no ecrã e há muito por onde personalizar o que nos é mostrado. Podemos dividir o ecrã em muitas “caixinhas”, configurar tudo para estar ao nosso jeito, colocar dados em cima ou abaixo do mapa. Este é outros ponto positivo neste ROX 12.1 EVO.

E podemos fazer isto para cada perfil de utilizador que existe (são seis predefinidos) ou para cada um dos que criamos de novo, num total de até 22, o que é fantástico. E isto inclui não apenas o que vemos no ecrã, mas também todas as opções relacionadas com o treino, a visualização, a análise de dados, etc.

Dados e app para smartphone

Já falámos dos perfis que podemos criar, e agora reforçamos o jeito que dão. Podemos criar tantos, cada um para cada bicicleta, tipo de treino, momento. Exemplos: criámos um para a bicicleta de estrada, outro para a de gravel e outro para a de BTT.

Configurámos tudo, inclusive os avisos que os GPS nos pode dar para comermos e bebermos nas alturas certas. Mas, por exemplo, também podíamos ter criado perfis diferentes para o rolo de treino indoor, para a bicicleta elétrica e até para uma situação em que usemos o GPS numa caminhada com a família, algo mais “fora da caixa” neste tipo de dispositivo.

E fazemos isto tudo com a ajuda de um recurso essencial para qualquer ciclocomputador dos dias que correm: uma app gratuita para smartphone. Neste caso é a app Sigma Ride, que está muito bem recheada de opções e funcionalidades.

Primeiro, lembramos que é ela que nos ajuda a emparelhar o GPS por Bluetooth com o telemovel (para recebermos notificações enquanto estamos a andar) e que permite que passemos os nossos treinos para o Strava, por exemplo (incluindo upload de Live Segments).

Podemos também importar e/ou exportar tracks Komoot ou TrainingPeaks, sendo que o formato GPX é standard. Isto a juntar a tudo o que a ligação Wi-Fi, também presente, nos permite fazer. Mas até a atualização do firmware do GPS poderá ser via app. Também há ligação ANT+ a pensar em rolos “inteligentes” e sensores de todos os tipos.

É também a app que faz as vezes de “treinador” virtual, pois apresenta-nos tudo e mais alguma coisa sobre o treino, sobre a nossa condição física que as voltas vão “construindo”. Indicações de velocidade, stamina, cadência, distâncias, tudo.

Há um ou outro indicador que ficou de fora (a determinação do VO2 Max, por exemplo), mas não há muito a apontar a este sistema, isto apesar de quase toda a gente gostar mais de fazer grande parte destas ações com o Strava hoje em dia.

Destaque para coisas com o Sigma Performance Index (SPI), que é um medidor de performance (é interessante ir medindo o desempenho, em que 100 ou menos é fraco e acima de 600 é bom) ou o Training Stress Score, para quem treina com sensores.

Bateria e autonomia

Um ponto muito importante em qualquer ciclocomputador. A Sigma fala de 14 horas de autonomia, mas nunca conseguimos alcançar esta “fasquia”. Sem ligar absolutamente nada (sensores, bandas cardíacas de peito, medidores de potência, o smartphone…), conseguimos no máximo entre 11 a 12 horas, o que já dá para um bom dia completo de bicicleta.

Ou seja, tudo depende do que temos ligado e ativo, a “puxar” pela bateria deste ciclocomputador Sigma. Com o smartphone emparelhado, bem como com sensores a funcionar (de cadência no pedaleiro e de velocidade no eixo da roda da frente), em média conseguimos ter autonoma para seis a sete horas.

De notar que ainda não experimentámos este GPS em condições de tempo mais frio, pois o inverno só agora parece estar a chegar. Mas também temos a sensação de que precisamos de gastar mais algum tempo na configuração exata de todas as opções, pois sentimos que ainda vai ser possível colocar a bateria deste Sigma a render mais…

Funcionalidades adicionais

Em complemento, e antes de avançarmos para a nossa avaliação final resumida, há alguns pontos e/ou funcionalidades que gostaríamos de destacar neste ciclocomputador Sigma, sendo que alguns deles não tivemos oportunidade de experimentar.

Pelo que diz a marca, este ROX 12.1 EVO pode ser muito útil a treinar com o rolo indoor, com várias funcionalidades que podem complementar o manancial de informação e opções que a plataforma Zwift nos disponibiliza, por exemplo.

Por outro lado, também podemos ligar o GPS a um radar traseiro (mesmo de outra marca) e usá-lo como “espelho retrovisor” para ver em tempo real os carros que se aproximam à retaguarda, entre outras funcionalidades.

Outro aspeto que não tivemos oportunidade de experimentar é a compatibilidade com sistemas de transmissão eletrónicos Shimano Di2. É dito que os botões D-Fly nas manetes das bicicletas com estes grupos permitem controlar os ecrãs do GPS sem termos de tirar as mãos do guiador.

Por outro lado, duas coisas: o facto de este ciclocomputador poder mostrar dados que vêm de medidores de potência emparelhados por ANT+ ou Bluetooth; e também a relação com os sistemas da maior parte das e-bikes do momento, pois no ecrã do GPS podemos nesses casos ver uma boa quantidade de informação, incluindo o modo de assistência elétrica que está ativo.

Por fim, a funcionalidade Crash Detection, que felizmente não experenciámos ate hoje no uso deste Sigma ROX 12.1 EVO. Trata-se de um sistema de deteção de quedas que uma vez ativo nos dá apenas 30 segundos para “dizer” ao GPS que está tudo bem (antes que o sistema envie uma notificação para o nosso contacto de emergência).

A nossa avaliação

Embora não seja perfeito, temos de admitir que este novo ciclocomputador Sigma está melhor que o que marca alemã tem feito até aqui, talvez seja mesmo o melhor que já tiveram no seu catálogo.

E especialmente por causa do sistema de navegação, que surpreende bastante pela positiva. Reconhecemos que há concorrência que está melhor neste campo, sim, mas a verdade é que tanto os mapas como as funcionalidades a navegar com este ROX 12.1 EVO não falham.

Apreciamos a presença de ecrã tátil, apesar de este por vez nos pregar algumas “partidas” por ser algo “preguiçoso”, diga-se assim, mas está cá e é o que interessa. No próximo modelo estará certamente melhor e, para já, os grandes e eficazes botões físicos resolvem a situação.

A bateria é razoável, o design em branco é uma “lufada de ar fresco” no segmento e a relação com plataformas de registo, com apps e com o smartphone funciona como é suposto.

A app Sigma Ride está em excelente plano, com muitos recursos que nos facilitam a vida.

Contudo, o preço está ligeiramente mais elevado do que devia (desde 379 euros), em nosso entender. Este é um patamar de valor em que algumas marcas concorrentes conseguem “entregar” um pouco mais.

Assim, se orçamento não é problema, então não temos problema algum em recomendar esta Sigma ROX 12.1 EVO; por outro lado, se a ideia é encontrar a melhor relação entre funcionalidades, autonomia e preço, então vale a pena considerar outros modelos.

Menos 100 euros e seria uma proposta irrecusável… Ainda assim, aqui está um belo companheiro para as voltas e treinos de fim de semana que tanto prezamos. Boa surpresa.

Especificações do Sigma ROX 12.1 EVO:

  • Dimensões: 57 x 95 x 21 mm
  • Peso (anunciado pela marca): 110 gramas, aproximadamente
  • Resistência à água: IP67
  • Bateria: 2.400 mAh
  • Ecrã: 3 polegadas, tátil, a cores, resolução de 240 x 400
  • Autonomia anunciada: até 14 horas
  • Antonomia verificada: até 12 horas (ver texto)
  • Ligações: Bluetooth, ANT+, Wi-Fi
  • Navegação turn-by-turn
  • Até 100 tracks em memória
  • Funcionalidade Draw My Route
  • Sensores/satélites: GPS, Glonass, Galileo
  • Perfis predefinidos: 6
  • Perfis personalizáveis: até 20
  • Plataformas: Strava, Komoot, TrainingPeaks
  • Crash Alert
  • Sigma Ride App
  • Preço do ciclocomputador Sigma ROX 12.1 EVO standalone: 379 euros
  • Preço do conjunto do ciclocomputador + sensores: 479 euros

Mais info:

Todas as fotos:


Artigo e testes redigidos e conduzidos por Jorge D. Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.

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