Pedro Andrade chegou a uma equipa que faz tantos jovens sonhar com o World Tour, incluindo portugueses. Porém, apesar de satisfeito pela evolução que estava ter na Hagens Berman Axeon, os Campeonatos Nacionais de 2021 abriram um novo caminho inesperado, mas que está muito feliz por o ter tomado. José Azevedo ajudou-o a conquistar o título de sub-23 e mais tarde fez o convite. O jovem corredor admite não ter sido fácil tomar a decisão, mas aceitou e não tem dúvidas que foi a melhor escolha.

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Entrar no novo projeto do ciclismo nacional, a Efapel Cycling, liderado por alguém com uma enorme experiência internacional como atleta e como diretor, entusiasmou Pedro Andrade que tem sido um dos corredores mais em destaque da estrutura, escolhido para quase todas as provas e em quem se deposita muitas esperanças de se tornar numa das figuras do pelotão. E, claro, com olhos postos numa carreira internacional ao mais alto nível.

“Foi difícil. Podia lá ter ficado. Levei bastante tempo a decidir, mas depois tive aquele clique e foi pela intuição. Foi a escolha certa”, salientou Pedro Andrade ao GoRide.pt. Uma intuição influenciada por ter tido Azevedo como treinador durante os Nacionais, numa altura em que estava longe de imaginar que iria surgir uma nova equipa em Portugal.

A prova disso é que em todas as corridas nota-se que as outras equipas estão sempre focadas em ver o que estamos a fazer.

“Foi a boa experiência que tive com o José Azevedo que me acompanhou no Campeonato Nacional, que acabei por vencer. Na altura ainda nem sabia que ele ia fazer uma equipa. Mais tarde, um ou dois meses, ele falou comigo. Fiquei convencido. Acabei por fazer esta troca, apesar de ter gostado bastante na Hagens Berman Axeon”, contou.

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Para Pedro Andrade “é muito bom” trabalhar com Azevedo, que transmite toda a experiência que tem aos ciclistas, comunicando com estes e motivando-os a dar o máximo, não só para obterem bons resultados, mas também, no caso deste jovem corredor, para evoluir e alcançar todo o seu potencial.

Após os primeiros meses na estrada na Efapel Cycling, Pedro Andrade referiu como se está perante um projeto que tem “uma visão diferente”: “a prova disso é que em todas as corridas nota-se que as outras equipas estão sempre focadas em ver o que estamos a fazer. Mas temos de lidar com isso. Mas sim, sinto que pode mudar [o ciclismo nacional]”.

Os objetivos

Quando em 2020 deu o salto do Feirense para a Hagens Berman Axeon, Pedro Andrade dizia que era um ciclista ainda a descobrir as suas melhores características. Agora já sabe onde pode mostrar-se mais, mas aos 21 anos, considera que ainda tem margem para evoluir: “Continuo a conhecer-me um bocado. Acho que passo bem as subidas, chegando em grupos pequenos acho que tenho alguma vantagem a sprintar. Acho que sou um bocado completo. Gosto de corridas que sejam duras, seletivas, sejam provas de etapas ou de um dia”.

Tal como diz o nosso slogan: juntos somos um. Um dia é um o líder porque a corrida se adapta melhor a ele, outro dia é outro. Somos todos por igual, os dez.

Quando se fala de objetivos para 2022, uma vitória é um desejo, contudo, “evoluir o máximo como ciclista” está no topo do que quer fazer. As oportunidades não estão a faltar e, recentemente, Pedro Andrade subiu ao pódio como o melhor jovem na Clássica Aldeias do Xisto.

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Subida ao pódio na Clássica Aldeias do Xisto como o melhor jovem da corrida.

Tanto José Azevedo como Hélder Miranda, diretor desportivo da Efapel Cycling, têm depositado muita confiança em Pedro Andrade. Este sente-se importante dentro da equipa, mas realçou de imediato que não é mais importante que outro companheiro. “Somos todos por igual. Tal como diz o nosso slogan: Juntos somos um. Um dia é um o líder porque a corrida se adapta melhor a ele, outro dia é outro. Somos todos por igual, os dez”, afirmou.

Já relativamente a objetivos a mais médio/longo prazo, Pedro Andrade considera que tem o que é preciso para chegar ao World Tour e deixou a garantia que está a trabalhar para que essa oportunidade possa surgir: “Acho que tenho capacidade para conseguir”.

Para tal, quer concentrar-se no presente, mostrar resultados individuais, mas ser igualmente útil para o coletivo, ou seja, assegurar que a equipa alcança os planos delineados.

O título nacional e a passagem pela Hagens Berman Axeon

A lista de ciclistas que saíram da Hagens Berman Axeon para o mais alto nível da modalidade é extensa e inclui os portugueses Rúben Guerreiro, os gémeos Oliveira, André Carvalho e João Almeida. Atualmente conta com Diogo Barbosa no plantel.

Pedro Andrade mudou-se para a formação americana de Axel Merckx em 2020, um ano que esteve longe de ser o que ambicionava devido à pandemia. Recordou que 2021 foi mais normal e considerou a passagem pela Hagens Berman Axeon um passo importante na carreira.

“Mudei muito. Evoluí muito como ciclista e como pessoa. Foi pena no primeiro ano ter apanhado a pandemia, senão teria feito mais corridas, teria evoluído mais. Mas no ano passado já houve alguma normalidade e acho que evoluí muito. Era uma equipa muito jovem, todos da mesma idade e tínhamos todos o mesmo objetivo”, frisou.

Foi como ciclista desta equipa que chegou aos Campeonatos Nacionais, em Castelo Branco, sonhando juntar o título de sub-23 ao já conquistado em juniores. E assim foi: “Foi talvez a vitória que mais gostei das que tive até hoje. Foi a seguir ao Giro sub-23, que até tinha corrido bem, mas foi uma corrida bastante dura. Estava lá com o José Azevedo, estava o João Correia – o meu empresário – e todo o grupo da Corso. O João Almeida, o Diogo Barbosa, o André Carvalho, o Rui Oliveira… Senti que gostava de ganhar. E consegui mesmo, foi uma festa muito grande que jamais esquecerei”.

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O apelido

Na então Vito-Feirense-PNB, em 2019, este jovem ciclista era constantemente referido como Pedro Andrade, filho de Joaquim Andrade e neto de… Joaquim Andrade, este um vencedor da Volta a Portugal, em 1969. Em 2022, Pedro Andrade já conseguiu conquistar a sua individualidade, por assim dizer, mas é o primeiro a admitir a boa influência que tem fazer parte de uma família de sucesso da modalidade.

Pedro Andrade dá sempre o máximo nas corridas, como lhe é pedido pelos diretores.

“A parte que eu tiro do meu pai e do meu avô terem sido dois grandes ciclistas é uma parte boa, de poder aprender ao máximo, mas nunca me sentindo pressionado a fazer igual ao que fizeram. Faço o que posso, mas nunca sentindo essa pressão”, afirmou.

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Imagem principal: João Fonseca Photographer. Restantes imagens: Elisabete Silva.

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