Ter um sistema que amortece os impactos que a roda de trás vai recebendo não é algo de absolutamente novo nas bicicletas de gravel. Contudo, feito da forma como encontramos na Specialized Diverge STR confessamos que nunca tínhamos visto. Muito menos experimentado…

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Mas a situação mudou. Experimentámos e experimentámos bem. E isto quer dizer que andámos com esta gravel pelos percursos e trilhos onde normalmente andamos com as bicicletas de BTT que nos vão passando pelas mãos.

Estas voltas incluiram vários momentos em que tivemos de pegar na Diverge STR “ao colo” (nos trilhos muito técnicos a subir e também em alguns a descer, igualmente “complicados”…), mas, regra geral, a performance desta novidade é muito boa quando os tracks endurecem. Ainda assim, a sua verdadeira vocação são os grandes estradões de terra batida. E quanto mais longos, melhor!

Uma visão a 360 graus da Specialized Diverge STR Expert 2023:

Specialized Diverge STR Expert 2023 | 360º

Ou seja, ao contrário da sua “irmã” Crux, a gravel da Specialized apontada à competição, esta Diverge STR (tal como a Diverge “normal”) está talhada para as grandes viagens de bicicleta, para um dia inteiro em cima da bicicleta, para instalar uma boa quantidade de bolsas para transportar bagagem.

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É um facto que não a testámos assim carregada, mas pelo menos cinco das nossas voltas de testes tiveram seguramente mais de cinco horas a pedalar, nuns momentos mais a acelerar, noutros com mais calma, a aproveitar a viagem.

E começamos por aí, para já de seguida irmos ao que existe de diferente nesta Diverge. Ora, o quadro feito com o melhor carbono da Specialized é um portento. Leve, perfeitamente bem acabado.

O quadro pesa 1.100 gramas e, no total e com pedais, esta versão Expert 2023 fica nos 9,6 kg).

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Tem furações atrás e à frente para montar guarda-lamas, e na forqueta, por sua vez, há três furações de cada lado. Há espaço mais do que suficiente no interior do quadro para levarmos dois bidões grandes e ainda há forma de montar uma terceira grade por cima do tubo superior, local que pode servir também para colocar uma bolsa de carga.

Vídeos com os pormenores da bicicleta:

Specialized Diverge STR Expert 2023 | Details

Por baixo da grade de bidão do tubo diagonal, encontramos o já habitual compartimento SWAT, que nos permite transportar os itens mais básicos e necessários numa volta pequena ou grande.

Uma câmara de ar, “desmontas”, ferramenta multiusos e ainda um outro objeto pequeno, se for preciso. Uma forma engenhosa de guardar uma caixa de ferramentas dentro do quadro, algo que várias outras marcas também têm.

Num tamanho M, diga-se que, sem bike fit, a nossa reduzida estatura de 1,73 metros “encaixou” perfeitamente neste quadro, sem ajustes além do da altura do selim.

O espigão S-Works em carbono dá continuidade ao equilíbrio do quadro e o selim Body Geometry Power Expert é confortável, curto. Ambos os periféricos não pesam muito na balança.

Future Shock traseiro!

O espigão, aliás, tem outro sentido (podemos montar espigões telescópicos), pois faz parte do ecossistema Future Shock traseiro recentemente inventado pela Specialized e aplicado pela primeira vez nesta Diverge STR. Basicamente, depois de anos de desenvolvimento, a marca entendeu que estava na altura de dar uma ajuda ao Future Shock da frente (já lá vamos).

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O objetivo é auxiliar na árdua tarefa de proteger o ciclistas das imperfeições e vibrações vindas do terreno. O sistema consegue fazer isso de forma distinta, como passamos a explicar, e consegue também equilibrar o balanceamento da bicicleta, transmitindo uma sensação mais orgânica e em que todos os componentes trabalham em sintonia.

Mais conforto, aliado a velocidade e reatividade.

Basicamente, este mecanismo permite ao selim mover-se 30 mm para a frente ou para trás, isto relativamente ao eixo do tubo do selim. Ao passar por cima de um obstáculo, a roda move-se para cima, entrando em cena este Future Shock: o tubo trabalha como que se de uma mola se tratasse, movendo-se para trás e para baixo.

Alguns minutos de imagens POV:

Specialized Diverge STR Expert 2023

A base é uma espécie de “tendão” em metal que está integrado no tubo superior e “agarrado” a uma peça em carbono que vem do tubo do selim. Esta peça existe também numa versão compatível com outra medida.

É assim que este amortecedor controla o movimento do tubo do quadro para a frente e para trás. A posição em cima da bicicleta não sai afetada. O curso é de 30 mm, enquanto no Future Shock 2.0, à frente, é de apenas 20 mm.

Refira-se que, sendo uma tecnologia relativamente nova, este Future Shock ainda tem ‘segredos’.

Não sabemos bem como se irá comportar e desgastar ao longo do tempo, por exemplo. E manutenção? Haverá, certamente. E a peça de borracha do amortecedor é um consumível, pelo que terá que ser vista de vez em quando e/ou até substituída, eventualmente. Nada de grave.

Na parte de cima deste sistema, encontramos um seletor com ajuste rotativo a 180 graus. Ou seja, podemos rodá-lo todo para um lado para termos um Futrue Shock traseiro mais rijo, ou rodá-lo todo para o outro lado para termos o máximo do amortecimento possível. As posições intermédias estão no “meio termo”.

Andámos quase sempre com o ajuste mais “amortecido”, pois claro. Mas a “magia” da coisa é que podemos fazer este ajuste em andamento e muito facilmente, praticamente sem olhar. Nota-se diferença entre as duas posições mais extremas, efetivamente. Para usar e abusar, isso é certo.

E também à frente…

Mais à frente, o outro Future Shock, o 2.0, instalado no topo da caixa de direção, integrado no avanço. Um mini amortecedor escondido aí dentro e que nos dá até 20 mm de curso, tudo ajustável através da rodinha que bem se vê nas imagens e nos vídeos.

O objetivo é o mesmo, mas agora no eixo da frente: filtrar vibrações que chegam do solo e que podem causar fadiga nos braços, pulsos e ombros. A regulação pode também acontecer em tempo real durante a marcha e é certo que se nota este amortecimento à medida que os trilhos de gravel ficam mais “densos”.

Descidas em single track com pedras e lama, pequenos drops, regos, raizes… É preciso ter “mãos” na mesma, mas esta é uma boa ajuda a poupar um pouco o corpo. E ao fim de várias horas de viagem pode efetivamente fazer a diferença.

Uma nota rápida neste ponto: o que menos gostamos nesta Expert é que o guiador não seja tão integrado e apelativo à vista quanto outros que já vimos noutras gravel, inclusive em modelos mais baratos. Apesar de todo o cockpit prezar a estética da bicicleta e dar controlo em bons níveis, fica-nos essa sensação…

Mas compreendemos que tal acontece porque tem de estar presente um avanço que possa acolher o sistema Future Shock 2.0 tanto no interior como na parte exterior em cima, com a instalação da roda de ajuste do amortecimento. Está na hora da Specialized inventar uma nova versão do Future Shock com uma integração mais fluida no cockpit!

Rodas em carbono

E já que estamos a falar de amortecimento ligeto face ao que o terreno nos reserva, porque não falar das rodas? Dados os preços da Specialized Diverge STR, seria normal encontramos rodas em carbono e é precisamente isso que acontece, neste caso da versão Expert com umas belas Roval Terra. A Roval é uma submarca da Specialized.

Já vimos soluções melhores (e mais caras), mas estas rodas têm o condão de elevar a qualidade de todo o conjunto e a experiência do ciclista de gravel. Ajudam a que o peso total da bicicleta fique claramente abaixo dos 10 kg, mostram-se rígidas e prontas para tudo, em todas as condições. Com 25 mm de largura interior e 32 mm de perfil, rolam muito bem e descem razoavelmente.

Quanto ao pneus, são também da “casa”, uns Tracer Pro 2BR montados em tubeless. Aqui, o gosto pessoal de cada um é que “manda”, sendo que haverá certamente utilizadores a preferirem mudar para um pneu mais do seu agrado. Sob o nosso ponto de vista, estes cumprem a missão sem surpreender.

De referir, contudo, que o quadro tem um clearance generoso. Podemos montar pneus de até 47 mm se estivermos a utilizar rodas 700c, subindo este número para 2.1” se a dimensão da roda for 650b (ou 27,5”).

Sistema Sram eTap AXS

Por fim, a transmissão. A lógica das bicicletas de gravel neste momento é que recorram a conjuntos típicos das BTTs, o que aqui também acontece. Aqui temos um grupo eletrónico Sram eTap AXS de 12x composto por um desviador Sram GX Eagle e por uma cassete NX 11-50t. Tudo completamente wireless.

Por um lado, nota-se que há aqui “espaço” para um upgrade para um sistema mais acima nas gamas Sram, e também mais leve. Para os mais perfecionistas, contudo, pois o kit eletrónico GX funciona muito bem, em nossa opinião.

Visto que no pedaleiro está um prato único 40t, a escolha de relações está bem conseguida.

Dá muito muito jeito o range 11-50t da cassete em subidas mais ingremes e técnicas, sendo que a desmultiplicação permite também subir aquelas pendências tendencialmente mais improváveis numa bicicleta de gravel. Haja pernas!

Os comandos no guiador é que são diferentes, são como os das bicicletas de estrada. Nesta Expert temos os manípulos/manetes que pertecem ao conjunto Sram Rival eTAP AXS, com um funcionamento sem falhas e um bom “tacto”.

A nossa avaliação

O sistema de suspensão dupla poderá parecer estranho para os mais “puristas” do gravel, digamos. Estávamos um pouco céticos, adimitmos. No entanto, o sistema consegue funcionar “onde e quando deve” e não flete quando rolamos forte em terrenos mais planos. Eficiência total.

Pelas palavras da Specialized: ‘fletir e amortecer o rider e não a bicicleta’. Concordamos. Funciona, mesmo não sendo uma ‘revolução’.

A Diverge STR Expert está bem equipada e, dentro da gama, é das mais baratas. Ainda assim parece-nos ligeiramente cara demais (ainda bem que o IVA baixou…). Não é preciso mais do que este lote de material e periféricos para ter uma boa gravel, ainda para mais repleta de elementos em carbono. Rodas incluídas, pois portam-se tão bem…

Não é um modelo perfeito, especialmente ao nível da integração do guiador (já vimos fazer melhor em modelos que custam bem menos de metade…), mas há uma resposta muito boa nas voltas puras de gravel, em gravilha seca e com pouca pendência.

A surpresa é que essa resposta ainda é melhor quando encontramos caminhos encharcados e “massacrados” pela chuva, subidas técnicas, lama, pedras. Há sempre controlo, a Diverge é sempre responsiva, segura e “confiante”.

O que mais nos agrada…

  • Inevitavelmente, os sistemas Future Shock. O da frente já conhecíamos e ajuda reduzir a fadiga nos pulsos e nos braços, o de trás ajuda agora a sentir menos as vibrações e os impactos nas pernas e nos glúteos.
  • Todo o equilíbrio do quadro, leve e belo. Furações em bom número.
  • A transmissão. Por ser uma versão eletrónica sem fios e por estar bem escolhida ao nivel de amplitude de relações disponíveis.
  • As rodas em carbono, que parecem estar prontas para tudo.

A melhorar…

  • O guiador dá controlo ao ciclista, mas podia ser um pouco mais integrado, dado o preço da bicicleta.
  • Os pneus selecionados de origem podem não agradar a todos, questão facilmente resolvida com substituição pelo modelo que mais nos agradar e transmitir segurança.

Especificações da Specialized Diverge STR Expert 2023:

  • Quadro: Specialized Future Shock 2.0, FACT Carbon
  • Guiador: Specialized Adventure Gear Hover
  • Avanço: Future Stem, Comp
  • Fitas: Supacaz Super Sticky Kush
  • Selim: Body Geometry Power Expert (carris em titânio)
  • Espigão: S-Works Carbon, 20 mm offset
  • Rodas: Specialized Roval Terra C, 25 mm
  • Desviador: Sram GX Eagle AXS
  • Cassete: Sram NX Eagle PG-1230, 12x, 11-50t
  • Corrente: Sram GX Eagle 12x
  • Manípulos: Sram ED RIV eTap AXS D1 SJD Rear/RT F20
  • Pedaleiro: Sram Rival eTap AXS com prato 40t
  • Travões: Sram Rival eTAP AXS
  • Pneus: Tracer Pro 2BR, 700×42
  • Peso: 9,6 kg (peso confirmado GoRide, com pedais de BTT)
  • Preço: 6.600 euros

Site oficial:

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: Jorge D. Lopes e Nuno Granadas
  • Vídeos: Jorge D. Lopes e Nuno Margaça
  • Fotos: Jorge D. Lopes e Nuno Margaça
  • Rider: Nuno Granadas

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