Esta é a 3ª parte da nossa série de artigos especiais sobre alguns aspetos ténicos relacionados com a direção das bicicletas. Os tubos utilizados, a tipologia de caixas, rolamentos… Vimos antes, por exemplo, que tipo de tubos constituem normalmente a direção de uma bicicleta de BTT, agora vamos fazer o mesmo em relação ao que vemos em bicicletas de estrada.

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A verdade é que não são muitas as diferenças. Mas elas existem. E o facto de as forquetas serem, nestes casos, desenhadas pelos mesmos fabricantes dos quadros faz com que estes tenham mais liberdade na hora de inserir medidas ou desenhos específicos, já que não dependem de terceiros na hora de selecionar os tubos de direção nos seus quadros.

Com este artigo queremos mostrar-te algumas dessas medidas e/ou designs. Como existem quase tantas opções quanto fabricantes, pedimos a tua compreensão caso tenhamos deixados alguns de lado….

Muitas direções diferentes

Cada fabricante quer sempre marcar distância para com os seus concorrentes. E as bicicletas de estrada, nesse aspeto, mostram um pouco mais de “personalidade” que as bicicletas de BTT, por assim dizer. Nas BTT, por vezes, há demasiadas semelhanças… O facto de existirem apenas duas marcas de suspensões, praticamente (e duas de transmissões, também…), faz com que as diferenças se centrem mais nos quadros.

Já nas bicicletas de estrada (e de gravel), as forquetas e direções têm algo mais que se lhes diga. E não só para se diferenciarem entre si: existem mesmo diferentes formas e estruturas de forquetas e, consequentemene, de direções. O que cada fabricante procura é conseguir uma relação perfeita entre peso, rigidez e aerodinâmica, entre outros aspetos menos importantes.

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Diferentes tubos na forqueta e no quadro

Aqui há várias standars em comum com as BTT, ainda que existam outras soluções:

  • Standard (1-1/8″): o tubo da forqueta é recto, com um diâmetro de 1-1/8 polegadas (28,6 mm). Ainda é utilizado em gamas médias tanto de estrada como de gravel…
  • Oversized (1-1/4″): aumento do diâmetro até os 31,8 mm. A certa altura foi a evolução lógica da medida standard. Muitas marcas (como a Canyon, por exemplo) destacam-se pelo uso desta medida, que oferece uma grande rigidez com um aumento mínimo de peso…

  • Super Oversize (1-1/2″): medida também conhecida como 1,5 polegadas (38,1 mm), muito popular nas bicicletas da Cannondale desde há algum tempo…
  • Cónica ou tapered (1-1/8″ – 1-1/2″): a forma cónica do tubo da forqueta, com um diâmetro maior na parte inferior (38,1 mm) do que na superior (28,6 mm), implica um aumento maior da rigidez com pouco aumento do peso. Uma solução mais vista em bicicletas de estrada com vocação performance e também a tapered mais utilizada.
  • Cónica ou tapered (1-1/8″ – 1-1/4″): é o regresso das direções em que há um aumento da rigidez, ao contrário da anterior padronização das cónicas. Foi a evolução dos tubos rectos sobredimensionados (31,8 mm) face às direções cónicas. Cannondale ou Giant (Overdrive) são algumas das marcas que continuam a apostar nestas direções…
  • Cónicas ou tapered Overdrive 2 (1-1/4″ – 1-1/2″): evolução da Overdrive da Giant, a Overdrive2 (o diâmetro da parte superior do tubo sobe até os 31,8 mm) procura uma rigidez maior, estimando-se um aumento, em respeito a uma tapered convencional, de 30%.

Que tipo escolher?

Depois destes três artigos especiais sobre elementos nas direções, também podemos deixar algumas impressões sobre o que fazer na hora de escolher uma bicicleta com um dos tipos mencionados. Ou para quando é preciso fazer substituições de peças, por exemplo, e não sabemos bem o que comprar para esse arranjo.

Nestes casos poder dar jeito conhecermos alguns conceitos, pois pode ser preciso escolher um novo tipo de direção (com materiais melhores ou mais lezes). O que raramente é possível fazer é mudar o design ou as dimensões da direção, dos tubos (e outros elementos) que a compõe…

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Aconselhamos a que qualquer intervenção técnica na direção seja sempre executada numa loja/oficina especializada, por técnicos entendidos no assunto. Nestas intervenções, eis o que normalmente deve ser tido em conta:

  • Seleção da medida correta: é o mais importante. É preciso ter em conta duas medidas: a interior dos rolamentos (ou medida do tubo de direção) e a exterior, que coincide com o diâmetro caixa de direção, por assim dizer. É muito importante medir bem o diâmetro de ambos os rolamentos (em cima e em baixo), já que, ainda que tenhamos um tubo de forqueta recto, existem rolamentos com adaptadores que permitem instalar forquetas com tubos rectos em caixas de direção cónicos ou tapered.

  • Que direção existe na bicicleta? Temos de conseguir diferenciar se temos uma direção externa, semi-integrada ou integrada. Ou se é cónica ou não.
  • Rolamentos: esta é uma boa oportunidade para mudar os rolamentos nas respetivas gaiolas. Ou mudar deste sistema (ou de um de semi-cartucho) para um sistema de rolamentos selados, que à partida tem um funcionamento mais preciso e menor necessidade de manutenção. Há opções baseadas em rolamentos cerâmicos ou em titânio, com desempenho mais eficaz, mas com preços mais altos, naturalmente.

Também vais querer ler…

Especial direção, parte I: os diferentes tubos de direção em bicicletas de BTT

Especial direção, parte II: os diferentes sistemas de rolamentos


Fotos: Arquivo GoRide // BH // Cannondale // Canyon // Giant // Lapierre // Specialized

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