O gráfico de altimetria não assusta, pois não sobe nem desce “grande coisa”. Também não tem classificações ou tempos contados. Trata-se “apenas” de uma das maiores festas do BTT nacional, plena de amizade, convívio, entreajuda, comida, bebida e superação pessoal. É o Raid Alvalade-Porto Côvo-Alvalade, que nesta 22ª edição bateu o recorde absoluto de participantes: 3.500.

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Fizemos o percurso de 70 km entre Alvalade e Porto Côvo, e até estávamos inscritos desde a era pré-pandemia. Depois de dois adiamentos, foi finalmente o regresso a esta icónica prova do panorama nacional do BTT, onde o que mais interessa é a diversão e a camaradagem.

Mas lembramos que são propostas duas distâncias: os 70 km, a distância
clássica, e 120 km, com início e fim em Alvalade. Cada um percorre o percurso escolhido ao ritmo que bem entende, com maior ou menor rapidez, o que interessa mesmo é desfrutar da “viagem”.

Nota-se uma atmosfera diferente, talvez derivada do cariz não competitivo do raid. As gentes da terra “abraçam” o evento, vivem-no, saem às ruas em elevado número, aplaudindo e prestando apoio aos atletas, e um pouco por todo o percurso.

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O mesmo vai-se desenrolando por trilhos e caminhos agrícolas e florestais. Canais de rega com água em “espelho”, que são paisagens perfeitas para as imagens aéreas captadas pelo drone (ver abaixo a reportagem da BTT-TV!), subidas “envergonhadas” apenas, porque a ideia é o nível de dificuldade ser baixo, acessível a todos.

Bastante areia, bastante pó, bastante alegria e muito prazer retirado pelos BTTistas das suas bicicletas, dos trilhos, dos abastecimentos. Por falar neles, o ponto alto é a paragem ao km 50 à beira da Barragem de Campilhas, que por outro lado se apresenta desoladora com tal escassez de água este ano…

Mas quase ninguém pensa nisso perante o “cenário” que nos é apresentado: uma “serpente” alinhada de participantes a chegar, um casal semi-nu a molhar cada um que passa com uma mangueira e, logo a seguir, o camião. O tal camião com lona lateral a assinalar uma das maiores reuniões do BTT em Portugal.

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Neste abastecimento podemos degustar uma deliciosa bifana (ou duas, ou três…!). Muita animação, apoio mecânico, dezenas (centenas!?) de voluntários. E raros são os que não param para comer, beber, reabastecer líquidos, tirar selfies com os amigos. Porque é de amizade em cima da bicicleta que se trata, no fundo.

Daí até Porto Côvo há alguma dificuldade, não muita. Subida logo a seguir, curta, depois um sector de ligeiro sobe e desce para a seguir voltarmos ao cariz rolante que marca praticamente todos os 70 km deste percurso.

Falamos de um pouco mais de relevo, com a subida à Serra do Cercal, entre outros exemplos. Depressa chega a Amazónia, um trilho com muito verde ao estilo dos melhores single tracks, também rolante. É basicamente rolar forte até Porto Côvo, com os últimos km a terem o mar como pano de fundo.

Descida à praia, molhar as rodas na água do mar (antes da maré subir!) e a mítica e curta subida asfaltada, já na vila, rodeados pela multidão a apoiar. Arrepiante, engraçado, típico (não fossem 22 anos de uma organização incrível…), alegre, confuso! Como se quer.

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Quem vai para os 120 km continua, quem fica pelos 70 km faz a festa já ali, no centro da localidade, onde as famílias esperam. Agradecemos ao amigo Luís Raposo do BTT Alvaladense, que organiza com mestria os belos momentos passados neste encontro. E a todos os que fazem parte do grupo.

E deixamos o “recado”: não é preciso abrir uma “guerra” em busca do máximo de acumulado em cada prova que se organiza, basta dar as condições certas para que as pessoas se divirtam em cima da bicicleta. Um evento que aconselhamos a que todos participem pelo menos uma vez na vida. Em 2023 estamos de volta, é certo, com o mesmo espírito de festa.

O vídeo acima mostra tudo o que se passou no Alvalade-Porto Côvo sob a nossa perspetiva POV, este mais abaixo é a reportagem da BTT-TV. E espreita também as dezenas de fotos da Mariana Raposo, valem a pena!

22º Raid Alvalade Porto Covo

Mais info e fotos:


Texto: Nuno Granadas e Jorge Lopes
Fotos: Jorge D. Lopes, Mariana Raposo, BTT Alvaladense

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