Rolar, subir, descer, repetir. Há dias em que gostamos mais de rolar, outros em que nos apetece descer, outros em que queremos aceitar o desafio de subir. Com esta Orbea Occam M10, quisemos fazer tudo… Passou pelas mãos de praticamente toda a equipa GoRide, em vários tipos de trilhos e em vários tipos de volta. Foi da margem sul aos trilhos de Monsanto, nas mãos do grande Carlos Bruno Carecovzki, que ela despertou atenções. E depois houve a prova de fogo, na Lousã. O melhor mesmo é veres o vídeo acima…

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Confessamos que, ao olharmos pela primeira vez para o look do quadro desta geração da Orbea Occam (no website da marca), não achámos grande graça ao que vimos. Quando ela chegou e abrimos a caixa, contudo, mudámos de opinião.

Orbea Occam M10

E especialmente com esta combinação de cores, com os revestimentos Kashima nas suspensões a condizer, com os pormenores de engenharia e design do quadro. De perder a cabeça… A Orbea Occam M10 salta logo à vista pelas cores azul e laranja, bem como por vários componentes instaladas e a sua qualidade.

Exemplo? Aquela espécie de haste ali a meio do junto ao suporte para o bidão dá imenso jeito para pegar na bike, serve de proteção lateral do lado direito, acrescenta originalidade ao look… Mas será que dinamicamente é assim tão boa? Quisemos tirar as dúvidas todas.

A ‘limpar’ os trilhos!

E conseguimos. Desde cedo ficámos boquiabertos com a facilidade com que esta bicicleta de trail “limpa” os trilhos de enduro lado a lado com a “irmã” mais velha, a Orbea Rallon, que andava nas mãos de dois ou três companheiros no grupode riders com quem fomos passar o fim-de-semana à Lousã.

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Mesmo com um curso “reduzido”, aqui está uma plataforma que faz milagres quando a geometria joga a nosso favor. Nada de demasiado “abrutalhado”, mas perfeitamente capaz. Não é isto que temos de adorar em bikes deste segmento?

Geralmente, quando vamos comprar uma bike, achamos que as suas características são limitadas face à utilização que lhe vamos dar; mais tarde, no terreno, constatamos que ao nível de dinâmica elas são capazes de fazer muito mais, indo além da nossa imaginação, e por vezes fazem coisas que julgaríamos impensável.

A sensação e “feeling” que sentimos ao pedalar nesta Occam é como se fossemos no momento um ninja a pedal.

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Precisão, rapidez, suavidade, tudo fruto da geometria deste magnífico quadro assimétrico, bem rígido dinamicamente, algo provocado pelo modo de conceção das telas de carbono e do processo inovador de moldagem.

Talvez seja este mesmo “pormenor” que contribui para que este quadro seja provavelmente dos mais leves do seu segmento, o que torna esta bike uma boa opção no binómio peso/rigidez.

A Orbea Occam M10 sobe muito bem, não só pelo peso, como já referimos, mas também pelo ângulo de 77 graus do tubo de selim que nos coloca mais na vertical; quando aplicamos força nos crancks, a perda é quase nula.

Shimano XT

Enquanto isso, a transmissão Shimano XT na totalidade assenta bem nesse patamar de boa relação desempenho/preço, com a respetiva relação também a “bater certo” nestas contas: pedaleiro de 32 dentes e cassete 10-51 de 12 velocidades. Isto significa velocidade em reta para qualquer incursão numa prova de XCM, por exemplo, ou num passeio mais rolante.

Em termos de comportamento, notamos que nas descidas mais pronunciadas é fácil ficarmos convencidos com o “disparo” da bike a sair das curvas, provavelmente pelo peso reduzido.

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A leveza geral da bike, como sabemos, pode facilitar imenso no terreno mais acidentado. Precisámos apenas de aliviar ou distribuir melhor o peso corporal para conseguirmos “flutuar” por secções de raízes como se nada fosse.

Em complemento, como um quadro com uma performance tal exige sempre suspensões à altura, os amortecedores Fox selecionados dão perfeita conta do recado: atrás, um DPX2 com curso de 140 mm e uma sensibilidade fenomenal; à frente, a já comprovada suspensão 34 Float Factory Kashima.

A posição de condução é muito agradável, até porque somos fãs de bikes em que possamos dominar totalmente a direção com o peso mais na frente. 

A rolar e a descer pelos trilhos da Lousã, temíamos pela integridade geral das rodas, pois apesar de as termos convertido em tubeless (não têm de agradecer, senhoras da Orbea!), faltavam as mousses para proteger os aros perante as esperadas pancadas das 1.001 pedras e raízes.

Foi uma surpresa sentir algumas cacetadas “no osso” que não causaram qualquer dano, nem no quadro nem nas DT Swiss XM 1650, rodas que passaram com distinção neste duro teste. Apesar do nosso rider Carecovzki ser um bastante leve, asseguramos que elas levaram um bom “tratamento”. Zero problemas!

Quanto aos travões Shimano XT de quatro pistões, cá está o desempenh oe respetivo tacto que conhecemos da gama. A mesma gama que temos na nossa bike de XC principal de testes GoRide.pt, que leva já uns bons milhares de kms sem nunca lhe termos trocado os óleos e sem notarmos qualquer fadiga.

Alguns destaques:

Cockpit racing!

Excelente guiador, este Race Face Next R de 780 mm e com elevação de 20 mm. Boas sensações e doses reforçadas nos trilhos, especialmente a descer. Carbono, sim.

Avanço de 35 mm

Ainda sobre o controlo fornecido pela secção frontal da bike, o avanço Race Face Aeffect R de 35 mm é um dos aspetos que mais contribui para tal.

‘Engenharia’ bem pensada

O quadro é fechado de um lado com o tubo que liga ao pivô do amortecedor, mas do outro está aberto (o braço só existe do lado direit0), de forma a alojar o bidão. Espaço apenas para um, como acaba por ser normal neste tipo de bikes.

Rigidez e leveza

Nada más, estas rodas DT Swiss XM-1650. Tornam a bike muito leve, tendo em conta o segmento, e dão-nos algumas segurança nos momentos em que mais precisamos delas. Nota positiva.

A nossa avaliação…

A Orbea Occam M10 revelou-se uma bike muito polivalente, com um carácter divertido, versátil e bastante leve para o segmento em que se insere. Assistir ao vídeo no início desta artigo deixa esta ideia bem clara, certo?

O quadro está bem conseguido, mostra-se rígido a todos os níveis e é dinamicamente coerente.

Ou seja, a geometria faz com que tenha muito flow no momento de descer e, quando toca a subir, conseguimos trepar quase como ali estivesse um motor escondido. Isto tendo em conta a finalidade a que a Orbea Occam M10 se destina, claro.

Há fiabilidade no sistema Shimano XT na transmissão e travagem, mesmo não sendo material topo de gama; e os elementos Raceface na direção dispensam apresentações e são sinónimo de performance e durabilidade.

Assim, nota-se que este modelo consegue agradar aos BTTistas de um trail “abusado” e de um enduro fluido, sempre com grandes descidas no horizonte e um pouco menos de vontade de subir, passamos a expressão, apesar de a bike até se comportar bem nessas circunstâncias. Boa escolha.

Pontos mais positivos

  • De certa forma, a relação entre preço, componentes escolhidos e qualidade/performace geral. Há melhor e mais bem equipado mais acima na gama, mas, tendo em conta a quantia a pagar, está muito bem.
  • O peso. Falamos de pouco mais de 14 kgs, que é o peso de algumas bikes de XC de suspensão total de entrada de gama que conhecemos, não é? Não é preciso dizer muito mais, aqui…
  • Polivalência: enduro “linear”, trail “intenso” e até um XC ou volta de fim de semana com os amigos que gostam de rolar, quem sabe. Não se nega a nada, apesar de ter a sua especialidade bem definida.
  • O programa completo de personalização das bicicletas Orbea abrange este modelo, para que possamos comprar em função das nossas necessidades. É por isso que na lista de especificações da bike no site oficial há componentes em opção, por exemplo, na suspensão frontal, nas rodas, nos pneus, etc.

 Pontos a melhorar

  • Temos de falar de um ponto negativo que nos incomoda bastante em qualquer bicicleta (e que temos mesmo notado não só neste como em muitos outros modelos que temos experimentado, desta e de outras marcas): o ruído “parasita” provocado pelos cabos a passarem no interior do quadro. Acontece aqui. Mas, como sempre e como já conseguimos fazer várias vezes, a correção é possível (algo que a tua oficina habitual resolver sem problemas, quase de certeza).
  • O selim. Tal como na e-BTT Orbea Rise que testámos recentemente, este acessório não nos convence. Estas bikes “merecem” algo diferente, em nosso entender, apesar de certamente existir quem aprecie as sensações transmitidas pelo Fizik Taiga Kium.

Todas as fotos:

Galeria de pormenores:

Especificações da Orbea Rise M-Team:

  • Quadro: Orbea Occam OMR 2020 140mm travel 29″ C-Boost 12 x 148
  • Amortecedor: Fox DPX2 Factory, 3 posições de ajuste Evol Kashima custom tune 210 x 50 mm
  • Suspensão: Fox 34 Float Factory 140 FIT4, 3 posições de ajuste QR 15 x 110 Kashima
  • Pedaleiro: Shimano XT M8100 32t
  • Guiador: Race Face Next R 35 20mm Rise 780 mm
  • Shifters: Race Face Aeffect R 35 mm
  • Manípulos: Shimano XT M8100
  • Travões: Shimano XT M8120
  • Cassete: Shimano XT M8100 10-51t 12x
  • Desviador: Shimano XT M8100 SGS Shadow Plus
  • Corrente: Shimano M7100
  • Rodas: DT Swiss XM-1650 Spline 30c TLR Boost
  • Pneus: Maxxis Rekon 2.40″ FB 60 TPI Dual EXO TR
  • Espigão de selim: OC2 Dropper 31.6mm
  • Selim: Fizik Taiga Kium Rail
  • Peso: 14,3 kg (pesada por nós)
  • Preço: 5.299 euros

Outros modelos na gama Orba Occam:

  • Orbea Occam M-LTD – 7.999 euros
  • Orbea Occam M30 Eagle – 3.999 euros
  • Orbea Occam M30 – 3.999 euros
  • Orbea Occam H10 – 3.599 euros
  • Orbea Occam H20 – 2.999 euros
  • Orbea Occam H20 Eagle – 2.999 euros
  • Orbea Occam H30 – 2.399 euros

Site oficial:

Neste teste:

  • Texto: Carlos Bruno Carecovzki e Nuno Margaça
  • Fotografia: Jorge Lopes e Nuno Granadas
  • Riders: Jorge Lopes, Carlos Bruno Carecovzki, Nuno Margaça e Nuno Granadas
  • Rider nas fotos: Nuno Granadas
  • Rider no vídeo: Carlos Bruno Carecovzki
  • Vídeo: Carlos Bruno Carecovzki

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