A amadora austríaca Anna Kiesenhofer venceu a corrida de estrada de elite feminina, conquistando a medalha de ouro em Tóquio, este domingo, na sequência de uma fuga desde o quilómetro zero. Surpreendeu todas as favoritas e a própria holandesa Annemiek van Vleuten comemorou, por engano, a vitória, desconhecendo que Kiesenhofer estaria à sua frente.

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Kiesenhofer não pertence a qualquer equipa do WorldTour, não dispunha de outras compatriotas na corrida, não compete no ciclismo profissional desde 2017 e não tem contrato profissional para 2022.

“Eu não confio muito nas sumidades e organizo-me sozinha”, começou por afirmar a corredora austríaca no final da corrida épica de Tóquio, explicando que é totalmente autodidata e que o seu plano de preparação para a prova olímpica – treino, nutrição, equipamento e tática – foi inteiramente da sua autoria. “Não sou o tipo de ciclista que só carrega nos pedais; eu também sou a mentora por trás da minha performance”, esclareceu a austríaca. “Também estou orgulhosa disso”.

“Durante a corrida mostravam um quadro com as diferenças de tempo, mas eu nunca soube se poderia confiar nele”, disse Kiesenhofer. “Há sempre esse perigo – e eu mesma fui vítima dele – de que se é jovem, não saber muito… Então, algum treinador ou alguém diz: ‘você tem que fazer isto e aquilo. Eu mesma estive nessa situação na minha carreira e acreditei nas pessoas”, explicou.

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“Agora estou velha, tenho 30 anos e comecei a perceber que todas as pessoas que dizem que sabem, na verdade não sabem. Muitas não sabem, e especialmente aquelas que dizem que sabem, porque aquelas que sabem preferem dizer que não sabem…”

“Comecei a perceber que não existem milagres. Esse é o meu maior conselho: não acreditar cegamente no seu treinador. Ou melhor, precisamos confiar em algumas pessoas, de ter pessoas ao nosso redor, não se pode fazer tudo por conta própria, mas tem de se ter muito cuidado em quem se confia”, declarou.

“No papel, sou uma amadora, mas o ciclismo ocupa muito espaço na minha vida. Não ganho dinheiro… quer dizer, não muito, o meu rendimento vem de um emprego normal, mas na minha cabeça o ciclismo ocupa um espaço enorme. Durante o último ano e meio estive totalmente focada no dia de hoje”, revelou.

A grande questão agora é o que acontecerá a seguir, com a medalha de ouro a abrir uma profusão de novas possibilidades. Em breve, Kiesenhofer voará de volta para a Áustria para comemorar com a sua família e amigos, e depois para Lausanne para retomar as suas funções como investigadora no Instituto Federal de Tecnologia da Suíça.

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“Vamos ver. Não sei. Acho que a principal mudança pode realmente ser em mim mesma, no meu caráter. Isso vai-me dar muita autoconfiança”, disse. “Ainda não tenho certeza do que vai mudar por fora. Vou manter meu emprego, vou continuar a fazer o que fazia antes desta vitória. Claro, em termos de autoconfiança, isso tornou-me outra pessoa, creio”.

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