O insólito aconteceu na Vuelta a Espanha. Durante a 20.ª etapa e penúltima da prova, realizada este sábado, entre Sanxenxo e Mos. de Castro de Herville, em Pontevedra, o colombiano Miguel Ángel López, da espanhola Movistar, abandonou a corrida alegadamente por discordar de ordens de responsáveis da equipa.

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‘Superman’ Lopez, como é conhecido no ciclismo mundial, terá ficado irritado com a decisão dos estrategas da formação patrocinada por empresa de telecomunicações espanhola, que não autorizou que os seus companheiros de equipa perseguissem o grupo dos melhores classificados da geral, que incluía um dos seus líderes, o espanhol Enric Mas.

A cerca de 50 quilómetros do final da etapa, durante a subida de 1.ª categoria de Mougás, o colombiano não terá conseguido, num primeiro momento, integrar o referido grupo de elite, de que fazia parte, além do seu companheiro de equipa, Enric Mas, o detentor da camisola vermelha, Primoz Roglic, entre outros principais corredores desta Vuelta. Perante a possibilidade de perder tempo para aqueles e em consequência a terceira posição na geral da corrida espanhola, Miguel Ángel López decidiu descer da bicicleta, abandonando a prova, entrando num carro de apoio da sua equipa.

A partir desse momento, surgiram dúvidas sobre os motivos da desistência do corredor da Movistar, e o mistério adensou-se após o final da etapa, com notícias contraditórias, e sem posição oficial do ciclista e da equipa. O jornal colombiano El Tiempo avançou desde logo que López decidiu desistir por estar agastado com as referidas ordens da Movistar. Ainda durante a etapa surgiram relatos de que o diretor da Movistar, Patxi Vila, e um companheiro de equipa de López, tentaram persuadi-lo a continuar na corrida, ao mesmo tempo que passavam imagens que mostravam o colombiano a falar via rádio para a equipa, antes de entrar no carro de apoio.

No final da jornada, a última montanhosa da Vuelta, a maioria dos corredores da Movistar afirmava desconhecer o que levara Miguel Ángel López a abandonar a prova. Enric Mas, o co-líder da formação espanhola em parceria com o colombiano, segundo classificado, foi um deles. “Ele está fora da corrida? Caiu? Não se de nada, nada me disseram”, reconhecia Enric Mas alguns minutos após cortar a meta.

Este domingo, Miguel Ángel López emitiu um comunicado, em que, de certo modo, explicava o sucedido, e embora tenha pedido desculpa pelo sucedido, nunca se refere aos verdadeiros motivos que o levaram a desistir de uma grande volta ao penúltimo dia, no decorrer da etapa, quando ocupava os primeiros lugares da classificação geral.

“Como muitos de vocês viram, o momento em que o grupo [dos melhores classificados] se dividiu, foi uma situação difícil, difícil de resolver. Ficámos numa posição difícil quando alguns dos melhores da classificação geral ficaram no grupo mais adiantado. A Bahrain jogou bem a sua cartada, e é difícil fechar uma desvantagem, mesmo pequena como aquela, nesta altura da Vuelta.

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“As pernas estão tão cansadas, o nível é muito alto e, obviamente, ninguém ajudaria a fechar aquele pequeno espaço naquele momento. Demorámos muito a reagir. Havia tantos fatores envolvidos e, no final, é triste ver a Vuelta terminar para mim desta forma”.

“Quero pedir desculpas aos meus companheiros. Somos um grupo reduzido. Apenas cinco restam na Vuelta, e só três estão ao serviço dos líderes, mas empenharam a fundo por nós [a si próprio e a Enric Mas, os líderes], deram 100 por cento.

“Tem sido uma situação difícil, mas aconteceu. Decidi parar de travar uma batalha que estava praticamente perdida. Agora só quero dizer aos fãs, aos patrocinadores, aos organizadores da Vuelta – sinto muito pelo que aconteceu”, declarou o corredor colombiano.

A Movistar não fez qualquer comunicado oficial sobre o assunto.

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