Um ano depois e tudo foi tão diferente na corrida de juniores. António Morgado passou de tentar aguentar o ritmo de um pelotão que não conhecia, a discutir o título mundial. Atacou, atacou, atacou. No final teve de sprintar com um dos favoritos à vitória: Emil Herzog. A camisola arco-íris ficou para o alemão, mas a medalha de prata é mais do que merecida para Morgado e para toda a seleção nacional.

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“O António Morgado fez mais uma grande corrida. Em todos os anos que já levo como selecionador – e passaram pelas minhas mãos todos os melhores corredores portugueses dos últimos anos – nunca vi, em júnior, um ciclista capaz de fazer o que o António faz. Aquilo que hoje todos puderam ver pela televisão, ele faz sempre. São demonstrações de força impressionantes”, salientou José Poeira.

O selecionador foi para Wollongong, na Austrália, com a confiança máxima nesta equipa. Um quinteto que trabalhou durante 2022 em provas internacionais para ganhar a experiência necessária e chegar à Austrália preparado para discutir a corrida.

António Morgado (18 anos) tem estado em destaque com as muitas vitórias que leva em 2022, não só nas provas portuguesas. Mas não só pode centrar tudo no ciclista das Caldas da Rainha. A equipa esteve muito bem quando começou a acelerar e a provocar as primeiras “eliminações” nos 135,6 quilómetros de prova.

Daniel Lima, Gonçalo Tavares, José Bicho e Tiago Nunes foram chamados para serem os ciclistas que preparariam o terreno para Morgado. Na primeira das oito voltas ao circuito australiano, o plano da seleção começou a ser colocado em prática.

Na terceira volta, foi caso para dizer, abram alas! António Morgado assumiu a responsabilidade de tentar chegar à medalha… ao título mundial. A cada passagem pela maior dificuldade do percurso – a subida do monte Pleasant (1100 metros com inclinação média de 7,7% e troços acima dos dez) – o português não deixava ninguém descansar.

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Foi eliminando a concorrência. Morgado não ia esperar para ver o que os outros iam fazer, assumiu ele o comando das operações. Na penúltima passagem, o ataque foi mais forte e o grupo ficou reduzido a cerca de uma dezena de ciclistas.

Havia forças para mais e a 18 quilómetros da meta, isolou-se na frente da corrida. Os pouco mais de 20 segundos de vantagem fizeram sonhar. E muito! Contudo, Emil Herzog também continuava com força para não ficar de fora da luta pelo ouro. Apanhou o português a três quilómetros da meta.

O final foi ao sprint. “Eliminou logo [quando atacou de longe] muitos adversários e garantiu uma medalha. No sprint poderia ter arrancado um pouco mais tarde, explorando mais a roda do alemão, mas o desempenho global é excelente”, frisou José Poeira.

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Percebe-se aquele bater no guiador de Morgado após cortar a meta. O título ficou ali tão perto de ser conquistado, depois de uma exibição memorável. Porém, a prata é dele e foi uma forma brutal de se apresentar ao mundo, numa altura que se prepara para uma mudança importante na carreira.

Vai para a Hagens Berman Axeon, equipa que tantos ciclistas coloca no World Tour, no início da sua etapa como sub-23. Com ele irá Gonçalo Tavares e… Emil Herzog.

Quanto aos seus companheiros, Gonçalo Tavares terminou na 18ª posição a 2:48 minutos, Daniel Lima foi 38º a 11:50, Tiago Nunes 58º a 13:31 e José Bicho não terminou.

O pódio foi fechado pelo belga Vlad Van Mechelen, que cortou a meta 55 segundos depois de Herzog e Morgado.

Há um ano, em entrevista ao GoRide.pt, António Morgado disse sobre a corrida nos Mundiais, naquela que foi a sua primeira presença a este nível – sem esquecer os Europeus um pouco antes -, e em que muito aprendeu, num ritmo tão diferente ao que estava habituado: “Aguentar com ela ao máximo!”

Em 2022 demonstrou que agora… Têm de aguentar com ele!

Classificação completa:

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Fotografia pódio: Federação Portuguesa de Ciclismo

Restantes fotografias: UCI via Federação Portuguesa de Ciclismo

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