Bem disposto, sorridente e com vontade de vencer mais. É assim que Tomas Contte termina a temporada. Porém, o estado de espírito do argentino não foi este durante uma boa parte de um ano que só deseja que não volte a repetir-se.

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Contte, 24 anos, fechou 2022 com três triunfos no Grande Prémio Jornal de Notícias. Excelente! Porém, a importância destas vitórias é muito maior do que apenas realização pessoal e fechar em grande a temporada.

Foto: Volta ao Algarve

A Aviludo-Louletano-Loulé Concelho teve uma época muito complicada e chegou à última prova sem triunfos. De repente, foram quatro consecutivos, com Nahuel D’Aquila também a vencer no JN.

“Foi tão importante conseguir as três vitórias. Mas principalmente aquela primeira. Foi a mais importante de todas porque era a que devia à equipa e aos companheiros”, salientou Tomas Contte ao GoRide.pt.

Para mim, desde a Volta a Portugal até agora, começou uma época nova. Agora atingi o pico!

Em Águeda, os emotivos festejos transpareceram também alguma raiva. Naquele momento, Contte libertou-se da frustração de um ano a léguas de se desenrolar como imaginara. Precisava muito daquela vitória.

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“Foi isso mesmo. Foi um ano complicado para toda a equipa. Por causa disso precisava de uma vitória para oferecer à equipa. Depois de conseguir aquela vitória fiquei tranquilo”, recordou.

E de que maneira. Aliás, não nega que aquele triunfo como que “desbloqueou” todos os seus companheiros: “Começámos a trabalhar muito bem e conseguimos quatro vitórias consecutivas.”

Para a equipa algarvia foi um respirar de alívio para não terminar a temporada a zero. Para Contte foi uma fonte de motivação já a pensar em 2023.

Ri-se ao admitir que agora atingiu o pico de forma: “Para mim, desde a Volta a Portugal até agora, começou uma época nova. Agora atingi o pico! Mas o que importa é que agora estamos bem de saúde e a pensar na época seguinte.”

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Os problemas de saúde

Saúde. É uma palavra-chave nesta entrevista. Contte revelou que a covid-19 deixou muitas sequelas. Se já não bastava recuperar desses problemas, apanhou mononucleose. Mais uma fase difícil. Contou que chegou a estar mês e meio parado e como que teve de recomeçar uma pré-temporada para surgir bem na Volta a Portugal.

Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events

Saúde foi algo que faltou igualmente a outros atletas da Aviludo-Louletano-Loulé Concelho. “Foi um ano de muitos problemas de saúde. Não fui só eu. Se não era um, era outro… Foi um ano muito difícil por causa das doenças. Agora estamos todos bem. Merecíamos aquela vitória no JN”, frisou.

Não surpreende que o seu maior desejo para 2023 seja um ano que comece de forma bem diferente: “Com saúde!”

Futebol ou ciclismo…

Quase parece inevitável Tomas Contte dizer que começou no futebol. Estamos a falar da Argentina. Durante algum tempo treinava ambos os desportos, mas quando chegou a júnior percebeu que estava na altura de fazer uma escolha.

“O dia não chegava para tudo”, destacou. “Metade da semana treinava na bicicleta e a outra metade futebol”, recordou, acabando por optar pelo ciclismo, uma modalidade sem particular expressão naquele país.

Foto: Volta ao Algarve

“Não é tradição. É um desporto que não tem muito apoio. O futebol é o desporto tradicional. Há uma diferença enorme para Portugal. Na Europa a tradição do ciclismo é diferente. Quando se chega aqui é tudo novo… É muito bonito”, disse.

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A adaptação à realidade europeia começou quando passou pela Centro Mundial de Ciclismo, na Suíça, em 2017. Chegou a fazer pista, mas em 2018 decidiu que era a estrada que gostava mais.

Em Espanha era amador. Passar a profissional foi algo que desejava muito e trabalhei muito para isso

Foi correndo em equipas argentinas, mas conseguiu ir para Espanha. Quando Jorge Piedade o contactou para assinar pela Aviludo-Louletano-Loulé Concelho, Contte começou a ver todo o seu trabalho recompensado.

As primeiras conversas decorreram em 2020, mas começou a pandemia e Contte só viria para a formação algarvia no ano seguinte: “Em Espanha era amador. Passar a profissional foi algo que desejava muito e trabalhei muito para isso.”

Não demorou muito a mostrar ao diretor desportivo que era uma aposta certa. Conquistou o Grande Prémio Abimota e venceu uma etapa no Grande Prémio Douro Internacional e Grande Prémio Jornal de Notícias. Na Volta a Portugal foi terceiro numa das tiradas, na chegada à Nossa Senhora da Assunção, em Santo Tirso (foto em baixo).

Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events

Perante um início auspicioso na Aviludo-Louletano-Loulé Concelho, era normal esperar um 2022 bem melhor do que acabou por ter, pelo menos até à reta final da época.

Do lado pessoal, confessa que não é fácil estar tanto tempo longe de casa, mas está decidido em continuar a tentar realizar os seus sonhos. Para já negoceia a possível continuidade na Aviludo-Louletano-Loulé Concelho, afirmando que gostaria de ficar.

Olhando mais à frente, vencer uma etapa na Volta a Portugal é um objetivo, mas “o sonho de todos os ciclistas é chegar ao World Tour”, realçou, dizendo não ser diferente.

Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events

Trabalha para que possa lá chegar. Porém… “A vontade tenho, o sonho tenho, mas não chega. Pode acontecer muita coisa, como neste ano. Estava a trabalhar perfeitamente e de um dia para o outro começa tudo a correr mal… Não se está preparado para isso.”

Agora quer mostrar-se no sprint, mas descreve-se como um ciclista que também passa bem a média montanha, o que o ajuda a estar na discussão de etapas mais complicadas.

Um dia quem sabe… O Giro ou Tour estejam no seu calendário. As duas corridas que mais sonha um dia competir.

Fotografia principal: Aviludo-Louletano-Loulé Concelho

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