Entrou em fugas, lutou para entrar mais fugas, fez tudo para que as fugas triunfassem. Luís Gomes tem sido dos ciclistas mais combativos da Volta a Portugal. Em Braga teve de sofrer, mas finalmente chegou a vitória que tanto procurava, tal como a sua equipa.

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Para a Kelly-Simoldes-UDO é um momento sempre muito importante triunfar na Volta a Portugal. Desde que subiu ao escalão Continental que a formação de Manuel Correia assume este objetivo de procurar etapas. Luís Gomes tem sido um homem-chave.

É a terceira vez que conquista uma vitória de etapa, a segunda com esta formação, sendo que também soma uma camisola dos pontos.

Em 2019, pela Rádio Popular-Boavista, foi rei da montanha, além de um inesquecível triunfo numa Serra do Larouco, num dia em que o nevoeiro quase não deixava ver o corredor cortar a meta. Em 2020, foi no Alto de Santa Luzia, em Viana do Castelo, que triunfou.

Este ano já havia conquistado a Taça de Portugal pela segunda vez, mas procurava algo mais. Uma queda grave prejudicou a preparação para a Volta, como o próprio admitiu e, por isso, não escondeu a emoção por ter cortado em primeiro a meta em Braga.

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“Passei um ano atribulado. Parti o fémur numa queda. Esta vitória é a cereja no topo de bolo para mim e para a equipa. Foi um ano atribulado com a lesão. Recuperava, depois tinha de voltar a parar… A preparação para a Volta a Portugal não foi a ideal”, disse, muito emocionado.

O eterno inconformado

Ver Luís Gomes batalhar em fugas, ou espreitar vitórias em etapas de média montanha e ir à aventura nas de alta montanha – gosta de tentar a sua sorte na Serra da Estrela -, é algo normal neste ciclista.

Está sempre inconformado. Quer sempre mais e é claramente dos ciclistas mais combativos toda a temporada, não apenas na Volta. Apesar de ter conseguido mostrar-se na Rádio Popular-Boavista, foi quando regressou à que sempre apelidou de “casa” que Luís Gomes teve a confiança de assumir um papel de maior relevância no pelotão nacional.

Havia estado nesta estrutura quando a equipa era clube, ou seja, na fase de formação do ciclista, antes de se tornar profissional. Aos 28 anos vai construindo um palmarés muito interessante, esperando um dia ainda poder chegar a outro nível.

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Fuga finalmente teve liberdade

Não estava fácil para quem apostava nas fugas nesta Volta a Portugal. Ainda nenhuma tinha tido sucesso. Porém, quando 15 ciclistas ficaram na frente, ficou desde logo a sensação que poderia ser desta.

De Santo Tirso a Braga foram 150,1 quilómetros percorridos a grande velocidade. Quase todas as equipas estavam representadas na frente. A Glassdrive-Q8-Anicolor ficou toda na proteção ao seu camisola amarela, Frederico Figueiredo, e segundo classificado, Mauricio Moreira.

Ainda assim, atirou-se na perseguição quando a vantagem da fuga estava nos quatro minutos, mas lá acabou por acalmar. Os homens da frente entraram no Sameiro com pouco mais de dois minutos de vantagem, o suficiente para disputar a vitória de etapa.

Luís Gomes foi dos primeiros a mexer. Joaquim Silva (Efapel Cycling) formou a dupla que passou no topo da segunda categoria, a nove quilómetros da meta.

Joey Rosskopf (Human Powered Health) e pouco depois Calum Johnston (Caja Rural-Seguros RGA), Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi) e Gonçalo Leaça (LA Alumínios-Credibom-Marcos Car) formaram o sexteto que foi ao sprint final.

Leaça esteve tão perto de um momento para a história da sua equipa, sendo quem mais ameaçou a vitória de Luís Gomes.

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A luta pela camisola verde ao rubro

Um dos maiores interesses do dia foi a luta pela camisola verde. Scott McGill (Wildlife Generation) e João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) entraram na fuga. O americano venceu as três metas volantes, o português foi segundo. A vantagem de McGill subiu então de seis para 12 pontos.

Matias respondeu no final. Foi oitavo na meta e McGill 16º. Ou seja, nas contas finais da etapa, Matias ficou a quatro de distância de recuperar a verde. Vai ser luta até ao fim. Promessa de ambos.

Tudo igual nas classificações

Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor) mantém os sete segundos de vantagem sobre o companheiro Mauricio Moreira, que por sua vez está na liderança da montanha. Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) é o único rival a menos de dois minutos dos dois da frente: a 38 segundos.

Jokin Murguialday (Caja Rural-Seguros RGA) é o líder na juventude e a Glassdrive-Q8-Anicolor na classificação por equipas.

Dia de sobe e desce com pensamento na Senhora da Graça

Domingo é dia santo na Volta a Portugal, com a subida à Senhora da Graça. É sempre uma das etapas mais aguardadas e surgindo novamente na fase final da corrida, terá importância acrescida.

Porém, este sábado estão proibidas distrações. Entre Viana do Castelo e Fafe haverá muito sobe e desce nos 182,4 quilómetros.

Serão quatro as subidas categorizadas: Extremo (80 quilómetros, terceira), Portela do Vale (113,1 – terceira), Geraz do Minho (147,3, – quarta) e Golães (177,8 – quarta).

Metas volantes serão três: Valença (45,2), Ponte da Barca (102,3) e Póvoa do Lanhoso (151,1).

Classificações completas:


Fotografias: Agnelo Quelhas/Podium Events

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