Nos últimos tempos, a discussão sobre a utilização de travões de disco reside mais entre a vantagem de os ter ou não. É na estrada que grande parte dessa dúvida ainda persiste, principalmente desde que a nível de segurança as marcas trabalharam muito para a melhorar, o que permitiu terminar com alguma polémica. Porém, uma queda numa prova de ciclocrosse relançou de novo a discussão sobre o que pode acontecer em caso de quedas coletivas.

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Nesta vertente, a utilização de travões de disco nem tem sido um problema. Tem sido uma evolução relativamente normal, tal como há muito aconteceu no BTT. Porém, Shirin van Anrooij, campeã mundial de juniores, ficou envolvida numa queda na corrida em Tábor, na República Checa, e teve de ser transportada para o hospital, possivelmente devido a um travão de disco, segundo a sua equipa.

“O antebraço da Shirin van Anrooij foi ferido com uma peça dos travões disco na queda após o início da corrida. Ela foi submetida a uma cirurgia. De momento parece que nenhum músculo ou tendão foi muito afetado”, escreveu a Telenet-Baloise Lions no Twitter.

Mais tarde, o diretor desportivo da holandesa, Sven Nys, explicou ao Wielerflits: “Ela está consciente, mas nunca vi uma ferida assim. É uma ferida aberta e também uma fratura. A anca dela também não parecia bem. Ela perdeu igualmente muito sangue.”

Quando a UCI autorizou que fossem permitidos testes com travões de discos, nem todas as experiências correram bem, principalmente na vertente de estrada. Em 2016, o espanhol Francisco Ventoso ficou ferido com gravidade após uma queda com outros corredores no Paris-Roubaix. O ciclista criticou fortemente a utilização de travões de disco.

As marcas criaram, desde então, sistemas de segurança de forma a evitar que, em caso de quedas com muitos ciclistas, qualquer contato com um disco não se tornasse perigoso. Quatro anos depois, este sistema é cada vez mais a escolha número um.

Grandes vitórias sem travões de disco

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Depois de uma fase em que alguns ciclistas optavam por travões de disco e outros pelo método tradicional, atualmente a maioria das equipas ao mais alto nível (e não só), já só têm bicicletas equipadas com o mais recente sistema. Mas há quem resista. Curiosamente, em 2020, os vencedores das três grandes voltas, por exemplo, estão em equipas que ainda não se renderam aos discos.

A saber: Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) que venceu a Volta a França numa Colnago; Tao Geoghegan Hart (Ineos Grenadiers), vencedor do Giro com uma Pinarello e Primoz Roglic (Jumbo-Visma), que conquistou a sua segunda Vuelta com uma Bianchi. O esloveno venceu ainda o monumento da Liège-Bastogne-Liège, com o seu companheiro de equipa Wout van Aert a ganhar a Milano-Sanremo.

Ainda entre as principais corridas, Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep) e a sua Specialized foram campeões do mundo, Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix) e a Canyon foram superiores na Volta a Flandres e Jakob Fuglsang (Astana) ganhou a Lombardia com uma Wilier. Todas estas bicicletas tinham travões de disco.

Por cá, várias equipas já utilizam o mais recente sistema de travagem, mas a W52-FC Porto com as Swift, venceu mais uma Volta a Portugal sem discos.

Uma das grandes questões é quando é que as marcas que ainda resistem irão também adotar os travões de discos. A Bianchi poderá fazê-lo já em 2021, quando começar a fornecer as bicicletas à Mitchelton-Scott, numa altura em que vai terminar a longa relação com a Jumbo-Visma.

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Com os incidentes como o de Ventoso ou de Owain Doull (ciclista da então da Sky) em 2017, em Abu Dhabi – um travão de disco cortou o seu sapato -, a praticamente desaparecerem, ainda se fala da questão do peso (o sistema de disco é mais pesado) e da eficiência de travagem de cada um dos sistemas.

O caso da holandesa Shirin van Anrooij pode reacender um pouco a discussão. No entanto, por esta altura, já poucos duvidam que os travões de discos são cada vez mais a opção das equipas, até porque se tornou na escolha principal das marcas, sempre que lançam novos modelos.

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