Silêncio que se vai… subir! Exato: esta BH Ultimate Evo 9.9 é uma ode às subidas técnicas, uma maravilha a pedais para quem gosta genuinamente de BTT, de XC e de uma boa inclinação técnica, em single track, repleta de pedras soltas, lages sob a forma de degraus (ou vice versa), raízes e regos provocados pela água deste inverno… Mas há muito mais a saber sobre a versão mais bem equipada das hardtail de XC da BH. Vamos a isso…

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E depressa queremos “saltar” para a principal razão do fantástico desempenho desta BH vinda dos trilhos de competição de XC: o peso. Ou melhor, a leveza. Com pedais, um bidão e uma pequena bolsa de selim com uma mini bomba, uma ferramenta multiusos e um par de desmontas, marca na balança apenas 9,550 kgs. O que é tão bom para levar de vencida qualquer trilho de BTT…

Mas antes de passarmos para a demonstração de todas as situações em que a bike “dá cartas”, vejamos por que é assim tão leve. A começar pelo quadro. Enquanto o peso referido acima foi registado pela nossa balança, os 840 gramas do quadro são avançados pela BH. Diz a marca que “a utilização de fibras Toray T1100G é a chave” para obter este peso no tamanho MD, que foi o que testámos. Assim, nota-se bem a influência da leveza do quadro no comportamento de uma bike que a equipa BH-Cafés Templo já testou vezes sem conta nos circuitos de XC.

Em primeiro lugar, nota-se que este é um quadro “curto”, principalmente neste tamanho MD. Para os nossos 74 kgs e 1,73 metros, encaixou que nem uma luva e não foi necessário efetuar qualquer ajuste, nem na posição do selim (obviamente que o ajustámos em altura…). No entanto, robustez não falta quando chega a hora de transpor obstáculos técnicos, tanto a subir como a descer.

No entanto, robustez não falta quando chega a hora de transpor obstáculos técnicos, tanto a subir como a descer.

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Como vemos na imagem acima, com a bike de lado, percebemos que também as escoras são mais curtas face ao passado deste modelo, sendo também mais estreitas. Isto talvez ajude à sensação que temos de que a bicicleta é muito fácil de manobrar a cada momento, tal como surpreende por demonstrar bastante suavidade também na secção traseira, que obviamente numa hardtail não integra suspensão. A rolar, a subir e a descer em superfícies acidentadas, há bastante absorção sentida neste triângulo posterior, o que eleva o conforto e a eficácia. E é muito fácil “trabalhar” com a roda traseira para ultrapassar obstáculos difíceis.

Depois, há as rodas. E que rodas… A BH não precisa neste campo de recorrer à instalação de aros de outras marcas para garantir performance. As BH Evo Carbon Tubeless de 30 mm revelaram-se em excelente forma e são outras das causas da leveza total de todo o conjunto.

Leves, rígidas, resistentes, largas. Sentimos confiança nelas em todos os momentos, mesmo naqueles trilhos repletos de pedras soltas e pontiagudas em que é preciso muita técnica a subir. E nos quais, a descer, chegamos cá abaixo com um belo rasgo no pneu… Não foi o nosso caso, foi o caso de colegas de pedaladas em dois fins de semana seguidos!

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Por outro lado, tem de ser por causa também destas rodas que notamos que esta BH é uma bike muito rápida. Não só pela leveza do conjunto, mas por toda a dinâmica que se consegue gerar em cima dela. Os arranques são rápidos, a resposta é pronta quando é preciso aquele kick de potência para trepar um degrau de raízes. Os saltos transmitem segurança (quando os conseguimos aterrar em condições…).

A resposta é pronta quando é preciso aquele kick de potência para trepar um degrau de raízes.

A descer e a rolar, por outro lado, alcançamos velocidades elevadas quase sem sabermos como, um sinal de que há uma relação ajustada entre a pedalada, a correspondente ação na transmissão, a consequência na movimentação da roda de trás e a sensação de progressão que temos. Fantástico. E muito na linha do que precisamos em circuitos com características de XC. Puro BTT. Pura performance. Grandes momentos.

O terceiro ponto na “justificação” da leveza da BH Ultimate EVO é um elemento exclusivo desta versão 9.9, bem do alto dos 6.999 euros de preço final. Trata-se da transmissão eletrónica topo de gama da Sram, o conjunto X1 Eagle de 12x, sendo que a cassete é uma 10-50t e o pedaleiro uma unidade de 34 dentes.

Tudo ok aqui, com um grupo que, como sabemos, prima pelo bom desempenho e pelo prazer que dá no manuseamento e quando ouvimos aquele ligeiro zumbido eletrónico que é sinal de que mudámos de mudança. Um verdadeiro objeto de desejo no mundo das bikes, possível de encontrar apenas nas versões mais acima na hierarquia das gamas das várias marcas.

BH Ultimate EVO 9.9

Uma nota interessante em relação à forma como a transmissão “comunica” com o quadro e o “resto” da bike, passamos a expressão (mais propriamente no pedaleiro de 34 dentes): a facilidade com que alcançamos boas velocidades com esta BH leva-nos a pensar que poderíamos montar aqui sem problemas um prato de 36 dentes, para garantir um bom andamento em todas as situações.

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No caso de atletas em excelentes picos de forma, isto não é uma ilusão, de todo; dependerá depois dos percursos e trilhos a palmilhar. E da quantidade e exigências das subidas em trilho! Na forma em que estamos, os 34 dentes resultam muito melhor…

Por falar em velocidades, há sempre a necessidade, mais tarde, de travar a tempo e horas. E não haja dúvidas de que, neste capítulo, o sistema Shimano XTR puxa dos galões, com discos de 180 mm à frente e 160 mm atrás. Não é preciso mais. A bicicleta embala muito, mas não se torna difícil conseguir reduzir a velocidade ou quase imobilizá-la na medida desejada.

O sistema de travagem Shimano XTR puxa dos galões, com prato de 180 mm à frente e 160 mm atrás.

A manobrar, a geometria do quadro, mais uma vez, acerta nas contas quando o assunto são os componentes que constituem o sistema de controlo da bike. Um guiador em carbono bastante largo, com 760 mm, um avanço curto também em carbono que leva a direção um pouco para baixo e para a frente, sem exagerar.

A viragem acontece na medida certa e sentimos que a abordagem é muito direta, precisa, com a roda da frente a seguir o rumo que apontamos, com uma grande facilidade em levantar a secção frontal sempre que os terrenos assim o pedem. Sem surpresas e em linha com a tendência que várias marcas seguem neste momento no XC.

Como já percebeste com a descrição deste rol de aspetos decisivos na performance desta Ultimate EVO, esta é uma bike que praticamente não tem pontos negativos, especialmente nesta montagem topo de gama com transmissão eletrónica. Há apenas pontos que decidiríamos certamente substituir caso fossemos donos dela.

E vamos “despachá-los” já, antes de passarmos para as impressões da suspensão, um dos outros pontos fortes desta montagem. Falamos do selim, dos pneus e dos punhos; sim, tudo componentes simples e que pouco influenciam as conclusões principais.

Resumidamente, o selim Prologo Scratch M5 Nack, apesar de ser confortável q.b. e não comprometer, com perfil curto, podia dar lugar a um modelo mais acima na gama de valor; já em relação aos punhos, é a “mania” do costume: substituí-los por uns Esi, os nossos preferidos para absorver os pequenos impactos. No caso dos pneus, tal como afirmamos mais à frente na parte dos pormenores, é uma questão de gosto pessoal. Não nos desagradam de todo e providenciaram grip em todos os terrenos.

A suspensão está bastante enquadrada com o nível de equipamento escolhido.

Quanto à suspensão, enfim, o essencial é que está bastante enquadrada com o nível de equipamento escolhido para esta versão da Ultimate EVO. É a Fox 32 SC Factory com controlo/bloqueio no guiador, do lado esquerdo, e com 100 mm de curso, sendo que em momento algum sentimos que precisamos de 120 mm, pelo menos no tipo de voltas e treinos desenrolados pelos utilizadores a quem se dirige este modelo, de um modo geral.

Além desta variante Factory ser um pouco mais pequena e leve (sem se notar prejuízo no desempenho, aparentemente), sentimos que a suspensão, por vezes, dá uma boa ajuda a escapar aos pequenos deslizes que normalmente nos levam ao chão, ou quase. É por culpa dela que a roda da frente anda colada ao terreno sempre que é preciso, absorvendo tudo, facilitando-nos a vida quando temos de fazer a secção da frente da bike transpor obstáculos com afinco. Quando a roda levanta, contudo, a seguir está lá o amortecimento devido.

Alguns destaques:

Ângulos de viragem

Por um lado, para facilitar as manobras em situações mais técnicas a BH “imprime” nesta Ultimate EVO um ângulo de direção de 68º; por outro, como é hoje habitual em quase todas as marcas e em muitos modelos, o sistema BlockLock da Across limita o ângulo de viragem a 150º para que o guiador não toque no tubo diagonal e possa assim danifica o carbono, eventualmente.

Cablagens internas

Como é suposto nesta gama de preços, obviamente. É nesta zona do quadro, de um lado e de outro, que entram os cabos vindos do guiador, num sistema que não gera ruído algum durante a movimentação da bike.

Pneus e rodas

Das rodas já falamos bastante no texto principal desta review, são umas BH Evo Carbon Tubeless de 30 mm muito leves, bastante rígidas e ao mesmo tempo boas “ajudantes” na absorção da trepidação. Excelente desempenho. Já os pneus são uns Maxxis Rekon Race EXO 2.40. Somos fãs dos modelos que esta marca destina ao XC, mas há quem não goste. Juntamente com o selim, poderá ser um dos únicos pontos deste modelo que eventualmente seriam alvo de upgrade caso a bike fosse nossa.

Fox 32 SC Factory de 100 mm

Com Remote Lock no guiador, como “mandam as regras”, esta suspensão frontal não brinca em serviço, tal como já explicámos mais acima. É um componente que individualmente custa mais de 1.000 euros e percebe-se muito bem porquê…

Transmissão eletrónica

O conjunto eletrónico Sram XX1 AXS Eagle de 12x não acusou falha alguma fosse em que altura fosse durante os três meses que utilizámos esta BH. Autonomia? Contamos tudo mais abaixo na conclusão…

Tecnologia Flat Mount

Um sistema que se vê muito nas bicicletas de estrada e que tenciona “suportar e minimizar os esforços, as tensões e as vibrações produzidas durante a travagem”, refere a BH.

A nossa avaliação…

Como dizemos atrás, é quase impossível encontrar um ponto menos positivo numa bicicleta com este nível de equipamento, com esta estética tão apelativa, com esta leveza e com um desempenho simplesmente fantástico, principalmente a subir. Um portento na hora de trepar trilhos técnicos complicados por natureza, uma excelente companheira a rolar, uma perfecionista nas descidas atribuladas e cheias de “armadilhas”.

A suspensão escolhida dispensa apresentações, “perdoando” muitas das más decisões que podemos tomar na escolha dos trilhos, principalmente a descer. Eficácia e conforto. Dá gosto acionar a troca eletrónica de mudanças, num sistema Sram topo de gama que não falha e cujo prato de 34 dentes que o acompanha quase “pede” mais, principalmente no caso de um atleta que esteja bastante em forma.

Este foi um teste de longa duração, no fundo, visto que o empréstimo da bike por parte da BH durou praticamente três meses. Foram mais de 1.000 kms, seguramente, e afirmamos sem problemas que não foi necessário mexer na suspensão (tirando o afinamento inicial), nas distâncias entre componentes ou na transmissão.

Carregámos a bateria do desviador Sram XX1 AXS Eagle de 12x na véspera da primeira volta e não lhe tocámos mais…

Não notámos falhas ou problemas, mesmo quando a lama se misturava com areia, e talvez tenhamos tido a sorte de nunca cair, algo que pode muitas vezes danificar componentes. O desgaste mecânico de partes como corrente, cassete, discos, pastilhas, etc, está lá, seguramente, mas ao nível de funcionamento geral nada falhou.

Isto aconteceu com todos os pontos desta bike, de uma forma geral. Foi andar, lavar, lubrificar, ajustar pressão dos pneus e voltar a andar. E sempre com muito, muito prazer, cortesia de uma bicicleta das mais afinadas do portfólio da BH, temos a certeza. Uma das melhores hardtail que já nos passou pelas mãos, ao nível do que de melhor se faz entre as marcas mundiais de topo. Recomendada.

Pontos mais positivos:

  • Inevitavelmente, o trinómio quadro/rodas/transmissão. Do melhor que encontramos neste segmento neste momento e uma “equipa” que garante o “grosso” da leveza desta BH. O quadro e as rodas em carbono, claro, a transmissão eletrónica de topo, sem falhas.
  • A geometria equilibrada do quadro ao ser combinada com um cockpit curto, equilibrado, direto, responsivo e com bons ângulos de viragem, tal como vemos no modelo de suspensão total da marca que experimentámos há algumas semanas.
  • A suspensão Fox 32 SC Factory de 100 mm com bloqueio inteligente no guiador. Não precisa de mais curso, está adequado.
  • A qualidade geral desta BH Ultimate EVO 9.9, algo natural numa bicicleta hardtail a este preço.

Pontos a melhorar:

  • Não a assinalar tirando os três pequenos apontamentos que fazemos acima sobre os punhos, o selim e os pneus. Mas atenção que não são significativos, todos os elementos enumerados nesse sentido são perfeitamente adequados ao tipo de utilização que se dá a este bicicleta.

Todas as fotos:

Galeria de pormenores:

Especificações da BH Ultimate Evo 9.9:

  • Quadro: Ultimate Carbon 29″, 148X12, PF92 BB, BlockLock Headset
  • Suspensão frontal: Fox 32 SC Factory Remote Lock 100mm
  • Guiador: BH Evo Carbon Midflat 760 mm, 8 mm Rise, 5º Up, 7º Back
  • Rodas: BH Evo Carbon Tubeless, 30mm, 28H
  • Pneus: Maxxis Rekon Race EXO MAXX SPEED 2.40 Front/ Rear
  • Selim: Prologo Scratch M5 Nack
  • Caixa de direção: BH Evo By Accros BlockLock Integrated
  • Pedaleiro: Sram XX1 Eagle 34, 175 mm
  • Cassete: Sram XX1 Eagle 10/50t
  • Desviador: Sram XX1 AXS Eagle 12x
  • Manípulos: Sram XX1 AXS Eagle 12x
  • Corrente: Sram XX1 Eagle
  • Travões: Shimano XTR (180/160 mm)
  • Peso: 9,550 kgs (quadro 840 gramas)
  • Preço: 6.999 euros

Site oficial:

Neste teste:

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