Ágil, leve e responsiva: são estas as três primeiras ideias que nos surgem na cabeça quando fazemos a primeira descida aos comandos desta BH Lynx Race Evo Carbon 8.5. E só depois começamos a interiorizar melhor o que esta bike que a BH aponta ao XC faz e nos permite fazer.

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Estamos a falar do sistema Split Pivot de suspensão total que equipa toda esta gama, incluindo a versão campeã do mundo, e de outros “pormenores” que tornam esta versão da bike muito interessante. Vejamos porquê.

BH Lynx Race Evo Carbon: Split Pivot com provas dadas

A história da marca no desenvolvimento de quadros de suspensão total está toda aqui. E é por aí que começamos, pelo Split Pivot. Este sistema de suspensão traseiro assenta no competente amortecedor Fox DPS Evol Kashima associado a este sistema de pivot único e articulado, dando aqui origem a uma fórmula de sucesso, assumidamente.

BH Lynx Evo Race Carbon

São três pontos de oscilação – ao fundo das escoras, junto ao eixo da roda traseira; ao fundo do tubo que vem do selim, junto ao pedaleiro; e no tubo superior do quadro, com dois pontos de apoio – para, diz a BH, “atuar em separado nas três forças que se produzem sobre uma bicicleta: pedalada, travagem e suspensão”.

A ideia passa por ter as escoras inferiores e superiores a funcionarem de forma independente, ao mesmo tempo que a articulação concêntrica trabalha sobre o amortecedor. Em teoria, esta combinação de estruturas permite que a travagem não interfira com o que o amortecedor está a fazer, tal como este também não “sofre” demasiado durante a pedalada, aproveitando mais a força que fazemos. A escora inferior direita também está mais abaixo que a esquerda, com o objetivo de não “incomodar” a ação normal da corrente e do pedaleiro.

BH Lynx Race Evo Carbon 8.5 2021 | GoRide
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Numa palavra: resulta. Este não é um sistema que “descobre a pólvora”, pois várias são as marcas com sistemas equivalentes e que funcionam. Mas é certo que faz com que esta Lynx Race Evo Carbon seja uma bike de XC confortável, rápida, fluida e muito ágil na transposição de obstáculos, seja a subir, seja a descer.

É um pouco menos roladora, se assim podemos dizê-lo; é mais uma “cabra do monte”, talhada para os percursos de XC e com uma herança fantástica dos modelos que competem ao mais alto nível todos os anos.

O Split Pivot coloca a nossa força no pedal, no crank, na roda, no chão. E isto faz a bicicleta avançar rapidamente em qualquer situação. Imaginemos uma escadaria de degraus baixos e longos: descê-la é fácil e divertido; subi-la, aqui, desde que tecnicamente se consiga ir levantando a roda a frente à medida que transpomos alguns dos degraus, é uma bela forma de comprovar o modo com este sistema da BH consegue ser competente. Algumas coisas que pensávamos não sermos capazes de fazer afinal até são possíveis…

À frente, também ao nível da suspensão, a Fox 32 SC Performance de 100 mm faz aquilo que já conhecemos doutros modelos, sem surpresas. O bloqueio no guiador é duplo, age sobre ambos os amortecedores.

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Por falar em guiador, aqui está um dos pontos de discórdia nesta BH. Todo o cockpit está pensado para o XC e para percursos “atribulados”. É garantida uma posição de condução confortável e ajustada, mas a secção da direção é curta e larga. Ou seja, apesar de o avanço ser mais longo do que em gerações anteriores, pode ainda ser um pouco curto demais para aguns.

Tal como o guiador Evo Carbon de 760 mm é bastante largo, quase a “fugir” para o que encontramos em bikes de trail e enduro. Nós gostamos, há quem não goste; e há sempre a possibilidade de ajustarmos a situação mudando o avanço, o guiador, puxando o selim um pouco mais para trás. É um modelo compacto da Prologo, o Dimension, adequado ao tipo de bike.

Se fazes mais estradões do que trilhos de sobe e desce, provavelmente vais querer alongar um pouco a bike. É normal e não há problema. Até porque o quadro apresenta uma geometria muito flexível e leve, a complementar este cariz ágil da bicicleta.

Aliás, o quadro em carbono no tamanho M fica-se pelos 1.850 gramas (sem contar com o amortecedor) e a leveza faz-se notar em praticamente todos os momentos, especialmente a saltar. E com cablagem a passar por dentro (quase) na totalidade. Aqui, e também nos momentos mais “rijos”, há outro ponto que joga a nosso favor e que ajuda a perdoar vários erros que nos poderiam levar ao chão: as rodas da BH montadas, largas, com 25 mm.

Não são as mais leves, até são mesmo um dos pontos que os mais exigentes podem querer vir a trocar, mas cumprem essa referida missão de dar mais rigidez e estabilidade à condução, juntamente com o grip dos pneus Maxxis Ardent à frente e Ikon atrás. E com o standard Boost 148 e eixo passante de 12 mm.

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Este é outro ponto de discussão, já que estes modelos 2.20 não são do agrado de todos. Garantimos que dão um grip brutal nos trilhos, mas para rolar é preferível trocar por uns tacos mais curtos e por uma medida 2.10. Nós preferimos assim, pelo estilo de condução e pelos sítios em que treinamos.

Sistema Shimano XT, pedaleiro 34t…

Entretanto, também para garantir que há velocidade e rendimento suficiente quando é preciso rolar um pouco mais, no kit de transmissão encontramos nesta BH um pedaleiro 34t de 175 mm, parte de um conjunto Shimano XT 8100 que também abrange as alavancas de mudanças, o desviador e a cassete 10/51t. Estes componentes são dos que fazem com que existam várias versões (mais caras e mais baratas) da bike, umas com transmissões mais evoluídas e até eletrónicas.

Pelos 4.999 euros que custa a Lynx Race Evo Carbon 8.5, é este sistema XT que levamos para casa. Eficaz e fiável, longe do topo de gama. Os travões são também XT, com discos de 180 mm à frente e 160 mm atrás. Eficazes, sem surpresas.

No fundo, todo um nível de componentes que acompanha o patamar de valor, apesar de acharmos que fica em falta um ou outro elemento mais acima na gama para justificar totalmente o preço.

No entanto, para termos um quadro composto por fibras de carbono Toray T1100 e T800 (vindo da competição de ciclismo de estrada da marca) que nos dá este nível de leveza, esta geometria de competição XC e um sistema Split Pivot que está mais evoluído que nunca (e torna esta BH assim tão ágil), é preciso pagar.

Só não pagamos mais no caso desta 8.5 porque os conjuntos de componentes estão na média gama, de certa forma. Mas não há dúvida de que a bicicleta convence. Pelo menos aqueles que adoram os sinuosos percursos de XC, que adoram subir e descer, momentos que são também “apreciados” por este modelo.

Há, contudo, uma “curva de habituação”, chamemos-lhe assim, nesta Lynx. Talvez por estarmos habituados a treinar com bikes com uma secção de direção mais longa e estreita, é preciso “estranhar” um pouco este modelo para depois o deixarmos “entranhar”. É que é certo que assim que nos habituamos a esta geometria acabamos por notar algumas diferenças, não desfazendo de muitas outras bikes de suspensão total que vamos experimentando neste patamar de preços, todas elas muito competentes neste segmento.

A nossa avaliação…

Direta, responsiva, ágil, leve, mas um pouco difícil de “domar” nas primeiras voltas. É assim esta BH Lynx Race Evo Carbon 8.5, que, mesmo não estando no topo de gama quanto a componentes instalados, cumpre muito bem a missão a que se propõe: surpreender (pela positiva) em terrenos de XC.

A roda da frente vai exatamente para onde queremos a descer trilhos técnicos, toda a geometria favorece bastante as subidas técnicas e o sistema Split Pivot tem uma palavra a dizer: nota-se que “gere” bem o momento da travagem, a força metida na pedalada, a forma como a suspensão pode ir ao limite atrás e à frente, absorvendo o que há para absorver. Há otimização do esforço.

Assim, tudo isto ajuda a que nos cansemos um pouco menos a todos os níveis. A que consigamos fazer mais tecnicamente, com ligeiras ajudas quando não conduzimos na perfeição. E a que haja mais diversão, tal como conseguimos ter quando a bike é uma suspensão total de qualidade, independentemente da marca. Vejamos agora em que medida os novos modelos BH de 2021 conseguem melhorar esta gama.

Pontos mais positivos:

  • A tecnologia Split Pivot, que está num patamar de desenvolvimento muito interessante. E que funciona ao nível da otimização da pedalada, da forma como a bike reage ao terreno e do esforço.
  • A eficácia das suspensões da Fox, como habitualmente, mas sem surpresas.
  • A cor deste modelo, mesmo sabendo que está abrangido pelo programa BH Unique.
  • A opção pelo pedaleiro 34t, que pode, contudo, ser substituído definitiva ou pontualmente por um 32t em função da utilização.

Pontos a melhorar:

  • Os mais exigentes irão querer trocar as rodas por algo mais leve e acima na gama.
  • Da mesma forma, ter um guiador de 760 mm pode não ser do agrado de todos. Mas não é um ponto negativo.

Todas as fotos:

Galeria de pormenores:

Especificações da BH Lynx Race Evo Carbon 8.5:

  • Quadro: Lynx Race Carbon 29″ 100 mm, 148 x 12, PF92 BB, Internal CR
  • Espigão: BH EVO Carbon 31,6 mm, 420 mm
  • Guiador: BH Evo Carbon Midflat 760 mm, 8 mm rise, 5º up, 7º back
  • Rodas: BH Evo Alloy Tubeless, 25 mm, 28H
  • Pneus: Maxxis Icon e Ardent 2.20
  • Selim: Prologo Dimension
  • Transmissão: Shimano XT 8100
  • Pedaleiro: Shimano XT 8100 34t
  • Cassete: Shimano XT 8100 10/51t
  • Desviador: Shimano XT 8100 12v
  • Suspensão traseira: Fox DPS Evol Kashima Remote Lock
  • Suspensão frontal: Fox 32 SC Performance Remote Lock 100mm
  • Travões: Shimano XT 160 e 180 mm
  • Preço: 4.999 euros

Site oficial:

Neste teste:

Nota importante: fizemos uma alteração ao texto original (corrigimos o peso do quadro no tamanho M de 2.150 para 1.850 gramas, a pedido da BH Bikes) e adicionámos o vídeo com algumas imagens captadas durante a sessão fotográfica da bike).

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