Dia de muito e bom trabalho para a Equipa Portugal nos Europeus. O sexteto escolhido pelo selecionador José Poeira cumpriu à risca o que estava preparado para atacar a corrida de 177,45 quilómetros em Plouay, França. Porém, o que não estava programado era um problema com o selim na bicicleta de Rui Costa, que acabou por estragar o plano final. Rui Oliveira acabou por se envolver no sprint final, para fechar na 14ª posição.

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“Quando devíamos estar à frente, tivemos o azar de estar atrás. Já não foi possível atacar a corrida para tentar um bom resultado com o Rui Costa. Com um grupo tão numeroso, o plano passou a ser tentar levar o Rui Oliveira nas melhores condições para a discussão do sprint. Foi nesse sentido o ataque do Rui Costa, para desgastar os adversários”, explicou José Poeira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

O campeão nacional de fundo teve por duas vezes de pedir assistência para resolver o problema, numa altura em que a corrida estava muito lançada. Nos quilómetros finais, Rui Costa ainda tentou um ataque juntamente com o britânico Thomas Pidcock, mas o objetivo já passava por desgastar um pouco mais as seleções que estavam a ditar o andamento. Principalmente a italiana, que surgiu com muitos elementos para preparar o sprint.

© Ilario Biondi/BettiniPhoto©2020/UEC

Exibição perfeita até ao problema mecânico

Com seis ciclistas disponíveis – algo pouco normal para a Equipa Portugal em provas deste nível – a seleção realizou um trabalho não só de proteção a Rui Costa, mas também de controlo de corrida. Apesar de França e Itália serem as formações que mais trabalharam na frente do pelotão, os gémeos Oliveira, à vez, não se coibiram de fechar o espaço para tentativas de fuga, de forma a garantir que Rui Costa pudesse ele próprio tentar a sua sorte.

Rafael Silva e Rafael Reis foram outros homens importantes para proteger o seu líder, enquanto Ruben Guerreiro chegou a apostar numa fuga. Infelizmente, não teve os companheiros desejáveis para singrar. Apesar de nunca ter desistido, não resultou. Regressou depois ao papel de gregário, ao serviço de Rui Costa.

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Quando a corrida aumentou consideravelmente de ritmo e o pelotão começou a “partir”, o sexteto português conseguiu manter-se na frente. Coletivamente foi uma exibição de enorme nível, com Rui Oliveira a intrometer-se no sprint para fechar em 14º.

“Foi das melhores exibições que fizemos enquanto Seleção Nacional. Estivemos sempre na frente, ajudando-nos mutuamente, todos a um nível excelente. No final, como a corrida não se fez tão dura quanto seria necessário para o Rui Costa, a segunda cartada era resguardar-me para o sprint. Já cheguei um pouco fatigado, mas entrei bem posicionado. Ia, certamente, para um top 10, mas fui um pouco apertado por um ciclista da República Checa. Tive de travar e perdi posições. Melhorei o resultado do ano passado, mas queria mais”, explicou.

Os azares

Já no contrarrelógio de segunda-feira, uma questão mecânica prejudicou Rafael Reis, que poderia ter fechado top 10, mas acabou enterrado na classificação: 20º, a 3:21 minutos do vencedor, o suíço Stefan Küng. Desta feita foi Rui Costa – que havia sido 11º no esforço individual, a 2:14 – que viu o seu objetivo ficar comprometido.

O sprint

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Quanto ao novo campeão europeu, esse é Giacomo Nizzolo, que herda a camisola do seu compatriota Elia Viviani. E foi a terceira vitória consecutiva para Itália, pois há dois anos foi Matteo Trentin o vencedor. Em 2020, Trentin acabou por ser importante no trabalho de preparação para o sprint de Nizzolo.

© Ilario Biondi/BettiniPhoto©2020/UEC

O ciclista italiano está a realizar uma das melhores temporadas da sua carreira, aos 31 anos, tendo há poucos dias vencido nos Nacionais e também conta com vitórias de etapa no Paris-Nice e Tour Down Under, ambas antes do confinamento.

Nizzolo, que este ano mudou-se para a NTT, vai agora ainda mais motivado para a Volta a França, tendo batido no sprint de Plouay um sprinter em muito em forma: Arnaud Démare. O francês não escondeu a desilusão de não ter ganho no seu país. A fechar o pódio ficou o alemão Pascal Ackermann.

Vê aqui a classificação dos Europeus, via ProCyclingStats. A dos portugueses foi a seguinte:

  • 14º Rui Oliveira, m.t.
  • 29º Rui Costa, a 4 segundos
  • 41º Ruben Guerreiro, a 11 segundos
  • 60º Ivo Oliveira, a 3:27 minutos
  • 80º Rafael Silva, a 8:26 minutos
  • 87º Rafael Reis, a 8:26 minutos

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