“O Alvalade-Porto Côvo é só estradões, não tem graça”. Falso. É verdade que grande parte do percurso é composta por estradas agrícolas e caminhos rurais largos e planos, mas a edição deste ano supreendeu-nos bastante com a adição de mais um ou outro single track na parte final do percurso antes de Porto Côvo, da mesma forma que o regresso a alvalade também conta com sectores com estas características.

PUB
Titan Almeria 2025

“O Alvalade-Porto Côvo é só pó, não tem graça!”. Verdadeiro. É verdade não a parte de não ter graça, pois aí vai do gosto de cada um, mas é um facto que, não chovendo, há muito pó no ar ao longo de todo o caminho, libertado à passagem das bicicletas, claro.

A cobrir a pele, no final, temos a inevitável camada seca e composta por restos de pó, terra, suor e protetor solar. Mas não faz isto parte da essência deste “passeio” por estas bandas alentejanas?

Achamos que sim. Nesta 23ª edição do Alvalade-Porto Côvo, que aconteceu nestas localidades mais a sul do país no domingo passado, a equipa GoRide.pt dividiu-se: uma malta a fazer apenas o percurso de ida, que deu qualquer coisa como 72 km e 860 D+ de acumulado, e outra malta a fazer ida e volta até chegar de novo a Alvalade do Sado, tendo até como companhia o nosso caro amigo Marco Chagas, que desta vez participou com uma bicicleta de gravel.

PUB
Nova Trek Top Fuel

E, novamente, a organização deste mítico evento não desiludiu ninguém, a cargo do BTT Alvaladense, temos a certeza. Foram mais de 2.600 os participantes alinhados à partida, pelas 9 horas, com uma imagem aérea que causa sempre algum impacto junto de quem não conhecia ainda este acontecimento anual.

Do nosso lado, podemos assegurar que a organização da prova continua “em boa forma”, apesar de serem já mais de duas décadas a “montar” esta verdadeira festa do BTT. Refira-se que há em opção percorrer os 70 km entre Alvalade e Porto Côvo, ou 120 km para quem deseja depois regressar ao ponto de partida (foram 800 os participantes que assim o fizeram).

Muito convívio à partida e ao longo do caminho, isso é certo, e pelo que vivemos e testemunhámos. O terreno, sempre muito seco e empoeirado, esteve este ano na mesma linha que noutros anos, e permitindo que cada um possa impor o seu ritmo e aproveitar ao máximo a volta.

PUB
Beeq E-Bikes

Também como noutras edições, é de louvar o apoio mútuo e espírito de entreajuda que se nota entre participantes nos trilhos, que são muito rápidos até ao abastecimento principal do evento. Muitas avarias e furos, como sempre, e é aí que notamos este ambiente de amizade em torno do desporto.

Ponto mais alto do Alvalade-Porto Côvo? Diríamos a chegada a Porto Côvo (já lá vamos…), mas igualmente fantástico é aquilo que se pode viver ao km 42 do percurso: o famoso abastecimento do camião, o abastecimento da barragem de Campilhas, que cada vez mais acusa a falta de água que aflige Portugal.

Um “serpentear” de atletas tanto a chegar como a sair, familiares e amigos que ali aguardam pelos participantes, muitos voluntários a ajudar na alimentação e hidratação, o já referido camião com a lona do evento. Inconfundível e inesquecível para todos, participem apenas um vez por acaso ou regularmente, todos os anos.

Ah, e não esquecer o “arco” de entrada no abastecimento, em que duas “personagens” já habituais, com pouca roupa vestida e bem “mascarados”, “teimam” em molhar à mangueirada quem vai passando… Em suma, neste ponto do evento, são centenas de pessoas “em festa”, uma mancha colorida que se vê muito bem ao longe!

PUB
Nova Trek Top Fuel

A partir daqui e até perto de Porto Côvo podemos dizer que vão chegando os trilhos mais técnicos e mais exigentes do percurso, isto sem nunca chegar a haver grande dificuldade técnica, refira-se. Há mais “sobe e desce”, há a passagem pela Serra do Cercal, que acumula um pouco de altimetria, há uma boa mão-cheia de singletracks de boa envolvência e bastante divertidos.

Depois, já muito perto da praia, os caminhos voltam a “abrir” mais um pouco a serem mais rápidos, com mais areia também, e entramos na aproximação à chegada, isto para quem fica em Porto Côvo. No último km, começamos por molhar os pneus na curta língua de água salgada no porto de abrigo local e temos depois a honra de ter de subir a inclinada rampa de acesso à vila, com muita gente de um lado e do outro a “puxar”. Uma boa sensação!

Os metros finais são depois já nas ruas sem trânsito de Porto Côvo, com a festa lá à frente. Para quem continua de regresso ao ponto de partida, contudo, a “festa” é outra: são mais 50 km em que a dificuldade técnica sobre ligeiramente, até porque o acumulado final supera os 1.100 D+.

Nesta edição tivemos mesmo uma “surpresa” que não é normal nesta altura do ano: uns bons pingos de chuva. Ajudaram a reduzir o pó que é levantado nos trilhos, é verdade, mas também “chatearam” um pouco, visto que em certa altura, muito curta, contudo, choveu com alguma intensidade.

E o regresso a Alvalado do Sado lá aconteceu, concluindo mais uma participação bastante divertida e ritmada no Alvalade Porto Côvo. Uma prova (apesar de não haver classificação e/ou cronometragem de tempos, chamamos-lhe prova) que é quase “obrigatória” para quem gosta do convívio no BTT.

Infelizmente, este ano ocorreu um trágico momento durante o Alvalade-Porto Côvo, com o falecimento de um dos participantes. O GoRide.pt endereça sentidas condolências à respetiva família e amigos…

Reportagem em vídeo do BTT TV:

23 Raid Alvalade-Porto Covo

Mais info:

Lê também:

Alvalade-Porto Côvo-Alvalade 2022: festa do BTT com recorde de participantes [com vídeos]

Imagens: GoRide.pt / Facebook  BTT Alvaladense

Também vais gostar destes!