Nova passagem de testemunho na Glassdrive-Q8-Anicolor. Mas não se pense que Frederico Figueiredo se assume desde já como candidato. Nem pensar. Tem um problema que se chama contrarrelógio e sete segundos de vantagem sobre o companheiro de equipa, Mauricio Moreira – bastante melhor no esforço individual, faz com que o português mantenha o discurso que o líder é o uruguaio.

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A matemática e as qualidades de contrarrelogista estão a favor do uruguaio. Porém, não foi uma boa indicação física aquela que deixou na subida ao Observatório de Vila Nova, em Miranda do Corvo.

Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events

Foi a primeira vez que se fez na Volta a Portugal esta ascensão, de 9,9 quilómetros, com 8,3% de pendente média. Muito interessante, mas com uma etapa plana até lá.

Ou seja, tivemos uma tirada em que com muito dificuldade se formou uma fuga, que nunca teve qualquer hipótese de triunfar. A Glassdrive-Q8-Anicolor queria garantir que não só continuaria a controlar a classificação geral, como teria a oportunidade de vencer novamente uma etapa.

E já são três: prólogo com Rafael Reis (vestiu a amarela), terceira etapa na Torre com Mauricio Moreira (que ficou com a amarela) e agora, na quinta, após o dia de descanso, na subida ao Observatório de Vila Nova com Frederico Figueiredo… que tomou conta da amarela.

A camisola da liderança lá vai passando entre os homens da Glassdrive-Q8-Anicolor, que na segunda etapa de montanha voltou a controlar todas as operações.

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O agradecimento de Mauricio Moreira à preciosa ajuda de António Carvalho (Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events).

Não só deixou os oito homens que a muito esforço conseguiram uma ligeira vantagem – nem aos dois minutos chegou – como já na subida eliminou qualquer esboço de ataque.

Frederico Figueiredo acelerou a cerca de sete quilómetros da meta e nunca mais ninguém o viu. O que se viu foi Mauricio Moreira a ficar para trás, prontamente ajudado por um valioso António Carvalho, que levaria o uruguaio recolar nos poucos que tentaram perseguir Figueiredo.

Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events

Entre eles Henrique Casimiro (Efapel Cycling), bem melhor do que na Torre e que assim ficou à porta do top dez na geral (está em segundo). Outro foi Luís Fernandes. O ciclista da Rádio Popular-Paredes-Boavista não desarma e continua a ser aquele que pisa os calcanhares aos homens da Glassdrive-Q8-Anicolor.

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Exibição para recordar

Tem sido um 2022 brilhante para Frederico Figueiredo. Fez o tri no Troféu Joaquim Agostinho, venceu a Clássica Aldeias do Xisto, a Volta a Albergaria e esta quarta-feira foi demolidor numa subida muito complicada, mas que conquistou sem dar hipótese a ninguém de sequer ambicionar aproximar-se dele.

Aos 31 anos afirma-se como um dos melhores do pelotão nacional. Mas será que pode sonhar com a Volta a Portugal? Fez pódio em 2020, então ao serviço da formação do Tavira. Então ficou desde logo a querer muito mais.

Foto: João Fonseca Photographer

Porém, o contrarrelógio é um ponto fraco. Por isso, compreende-se que, com apenas sete segundos de vantagem sobre Mauricio Moreira, não queira assumir publicamente que também ele é uma possibilidade para vencer a Volta.

“Mudámos de camisola amarela, mas continuamos com o mesmo objetivo. O nosso líder é o Mauricio, tenho a certeza que vai sair daqui com vitória”, disse no final, lamentando não ter colocado o seu nome como vencedor na Torre, mas feliz por ser o primeiro a ganhar no Observatório de Vila Nova.

Figueiredo ficou com 38 segundos sobre Luís Fernandes. Depois… o quarto classificado é outro homem da Glassdrive-Q8-Anicolor, António Carvalho (a 2:21 minutos), pois Alejandro Marque (Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel) teve de trocar de bicicleta durante a subida e fê-la na de Emanuel Duarte.

A subida era difícil, mais se tornou ao ter de pedalar numa bicicleta que não era a sua. O espanhol – que termina carreira no final da temporada – é agora sexto, a 3:33.

André Cardoso (ABTF Betão-Feirense) é quinto, a 2:39, mas não desarma no objetivo de ganhar uma etapa.

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Esperar por domingo

A etapa da Senhora da Graça poderá ser importante para perceber se Frederico Figueiredo poderá concretizar o sonho de vencer a Volta a Portugal. As indicações de Moreira não foram boas, mas há ciclistas que reagem mal depois de um dia de descanso, pelo que não significa que não esteja em forma no domingo.

Foi o uruguaio o vencedor na mítica Senhora da Graça em 2021. Até lá, a Glassdrive-Q8-Anicolor irá ter de controlar as etapas – como tem feito até agora -, para evitar surpresas. Como por exemplo, na sexta-feira, com a passagem pelo Sameiro, uma segunda categoria, antes da chegada a Braga.

Top dez e restantes camisolas

Foto: Agnelo Quelhas/Podium Events

Assim ficou a classificação após a sexta etapa:

  1. Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor), 21:57:26 horas
  2. Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), a 7 segundos
  3. Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), a 38 segundos
  4. António Carvalho (Glassdrive-Q8-Anicolor), a 2:21 minutos
  5. André Cardoso (ABTF Betão-Feirense), a 2:39
  6. Alejandro Marque (Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel), a 3:33
  7. Delio Fernandez (Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel), a 4:17
  8. Jesus del Pino (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), 5:44
  9. Jokin Murguialday (Caja Rural-Seguros RGA), 5:55
  10. Angel Sanchez (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados), a 7:05

A classificação dos pontos, camisola verde, continua a ser liderada por João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos matinados) – vencedor de duas etapas -, com mais dois pontos que Scott McGill (Wildlife Generation), que ganhou em Elvas.

A da montanha, camisola das bolinhas, tem Mauricio Moreira em primeiro lugar, também com dois pontos de vantagem sobre Frederico Figueiredo.

Na juventude, camisola branca, Murguialday mantém-se na frente, com 2:09 para gerir sobre Hélder Gonçalves (Kelly-Simoldes-UDO).

Foto: João Fonseca Photographer

Coletivamente, sem surpresa, a Glassdrive-Q8-Anicolor tem uma confortável vantagem sobre a Atum General-Tavira-AP Maria Nova Hotel de 13:33 minutos.

Próxima etapa

Senhores sprinters, cheguem-se à frente. Novo dia para os homens mais rápidos. Ou será que é desta que uma fuga singra?

A sexta etapa parte de Águeda (13h20) até à Maia, com um circuito final a fechar o dia. Ou seja, o vencedor será conhecido na segunda passagem pela meta na Avenida Luís de Camões.

Haverá três metas volantes: Oliveira de Azeméis (59,1 quilómetros), Santa Maria da Feira (76,9) e Gondomar (122,5). Os prémios de montanha serão de quarta categoria em Santa Maria da Feira (81,3) e de terceira na Serra de Santa Justa (129,1).

Classificações completas:


Fotografia principal: Agnelo Quelhas/Podium Events

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