Em conversa na nossa rubrica Conversas de Ciclismo GoRide, no YouTube, Rúben Pereira, diretor desportivo da Anicolor/Tien 21 Cycling Team, apresentou-nos a sua visão de tudo o que se passa no ciclismo nacional, sempre em torno da sua bem-sucedida equipa.

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Aos 33 anos, o responsável pela Anicolor/Tien 21 é já um dos diretores mais jovens e bem-sucedidos do pelotão nacional. Na entrevista fala da evolução do projeto, dos bastidores da equipa, da realidade do ciclismo português no momento e dos desafios que continuam por ultrapassar.

Relembramos que a Anicolor/Tien 21 é uma formação que, só em 2025, somou 21 vitórias em competições nacionais. Entre esses triunfos destacam-se o Grande Prémio Jornal de Notícias, o GP Beiras e Serra da Estrela, o GP Douro Internacional, o GP Torres Vedras – Joaquim Agostinho, a Volta a Portugal e o GP Anicolor, entre outros.

Aqui ficam os principais tópicos nesta bela conversa sobre ciclismo.

Das tarefas logísticas ao comando da equipa

A ligação de Rúben Pereira ao ciclismo começou em 2012, inicialmente na gestão interna da estrutura:

Tratava da parte logística e do staff. Assumi o cargo de diretor desportivo a meio de 2019 e mantenho-me até hoje.

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Ao longo de três décadas, o projeto passou por várias denominações: Barbot, Gondomar, Efapel, Glassdrive e Sicasal, até chegar à atual Anicolor. Mas a identidade competitiva sempre permaneceu.

Foi sempre uma equipa muito aguerrida. Este projeto nasceu em 1994 e cresceu muito. Nos últimos anos houve um ‘boom’ enorme até chegar à dimensão que tem hoje.

O que distingue a Anicolor/Tien 21?

Para o diretor desportivo, cada estrutura tem o seu papel no ciclismo nacional, mas a Anicolor destaca-se por uma filosofia muito própria.

O nosso ADN passa pela ambição. Entramos em todas as corridas para disputar. A forma como corremos diferencia-nos.

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A aposta no mercado internacional

Uma das chaves do sucesso recente foi a estratégia de contratar ciclistas estrangeiros com potencial por recuperar:

Enquanto outras equipas contratam principalmente quem já dá resultados no pelotão nacional, nós apostamos muito em corredores estrangeiros que procuram relançar a carreira.

Casos como Mauricio Moreira, Frederico Figueiredo, Luís Mendonça, Artur Garcia ou Garin reforçam o impacto que estes atletas trouxeram ao projeto e ao ciclismo português.

Apesar das críticas que por vezes surgem, Rúben considera esta abordagem benéfica:

Os estrangeiros trazem valor, competitividade e interesse internacional ao nosso ciclismo. Ao mesmo tempo tentamos sempre incluir portugueses com qualidade.

A importância das referências nacionais

Apesar da forte presença internacional, a Anicolor mantém nomes portugueses de grande relevância. O mais emblemático é Rafael Reis, que Rúben considera essencial para o pelotão português:

É, provavelmente, a maior referência atual do ciclismo nacional. Ganha todos os anos há sete temporadas consecutivas.

Além de Rafael, jovens como Pedro Silva, Afonso Silva ou Afonso Eulálio têm sido motores de entusiasmo entre os adeptos.

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A vitória mais marcante: Volta a Portugal

Quando questionado sobre o momento mais especial da carreira, Rúben não hesita:

A vitória na Volta a Portugal do ano passado foi a mais importante. Pelo espetáculo, pela reviravolta nos últimos dias e pelo impacto que teve nas audiências.

O grande problema do ciclismo português: a formação sub-23

Segundo Rúben, o setor mais frágil do ciclismo nacional é o escalão sub-23. Poucas equipas, projetos com poucos recursos, miúdos que abandonam por falta de oportunidades e elevada fuga de talentos para o estrangeiro.

Os sub-23 precisam de um calendário próprio. Correr com profissionais ajuda na evolução, mas tira-lhes protagonismo e motivação.

Destacou ainda o excelente trabalho da Óbidos Cycling Team, hoje referência no escalão.

A missão do Clube Desportivo FullRacing

A Anicolor é apenas a face mais visível de uma estrutura muito mais abrangente. Formação de jovens, escolinhas de ciclismo, projetos sociais, organização de provas.

A FullRacing é responsável por eventos que já fazem parte do calendário UCI, como: Figueira Champions Classic, GP Beiras, Clássica de Aveiro (transmitida na Eurosport), GP Anicolor.

O ciclismo nacional precisa da FullRacing. Fazemos muito mais do que ter uma equipa profissional.

O futuro, as ambições e a resiliência

Após momentos difíceis, incluindo patrocinadores que fecharam portas inesperadamente, a palavra que melhor define a Anicolor, segundo Rúben, é resiliência.

Já nos aconteceu tanta coisa má que algo grande está para acontecer. Tenho essa certeza.

Apesar da juventude, Rúben vê no futuro muitas oportunidades:

Sou novo, ainda tenho muito para aprender. Gosto de estudar o ciclismo, conhecer todos os corredores. Ambiciono crescer.

Mais informações:
https://fullracing.pt
Crédito das imagens:
Anicolor/Tien21

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