Hugo Nunes (Credibom–LA Alumínios–MarcosCar) viveu hoje um daqueles dias que ficam para sempre: fugiu cedo, aguentou até ao fim e cruzou a meta em Bragança para conquistar a sua primeira vitória na Volta a Portugal — e, de quebra, realizar um sonho de criança. Tudo com uma mistura rara de frieza e resistência.

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Quando parecia que o pelotão ia caçar os fugitivos “em cima da linha”, a frente da corrida encontrou forças extra. Nunes, conhecido por ser mais impulsivo, controlou-se, manteve a calma e bateu Caleb Classen (Project Echelon Racing) e Tiago Leal (Rádio Popular–Paredes–Boavista), que fecharam o pódio.

“Nem acredito. É um sonho que tenho desde miúdo. Hoje algo me iluminou. Estou orgulhoso por ter sido tão frio, porque não é nada o meu estilo. O meu diretor até me chama à atenção por ser impulsivo!”, confessou, emocionado, ainda com os olhos molhados de lágrimas de felicidade.

Logo atrás, com o mesmo tempo (04h44m17s), o pelotão foi comandado por Iúri Leitão (Caja Rural), que pagou caro a confiança excessiva ao assumir a perseguição a uma fuga que chegou a ter quase seis minutos de avanço.

A etapa — a mais longa desta 86.ª edição — foi um sobe e desce desgastante por Trás-os-Montes, com o termómetro perto dos 40 °C. A fuga formou-se cedo, ainda antes dos 10 km, e contou com caras bem conhecidas: além de Nunes e Leal, estavam Nicolás Tivani (Aviludo–Louletano–Loulé), Aleksandr Grigorev (Efapel), Diogo Gonçalves (Feirense–BeeCooler), Cesar Guavita (Gi Group–Simoldes–UDO) e outros nomes de várias equipas, incluindo três homens da Caja Rural.

Tivani, que ontem tinha perdido 16 minutos e qualquer hipótese na geral, queria salvar o dia mantendo a liderança da montanha. Mas acabou superado por Nunes, que não só vestiu a camisola das bolinhas como também assumiu a liderança da classificação por pontos.

A corrida teve várias mexidas: ataques na subida para Rebordelo, perseguições da Israel Premier Tech Academy e da Anicolor–Tien21, e um quarteto destacado na Serra da Nogueira. Nos últimos 20 km, as cartas baralharam-se outra vez, e Nunes, Leal e Adam Lewis ficaram na frente… até Classen chegar da perseguição e formar o grupo final.

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O desfecho? Uma vitória daquelas que se sonham em criança e se conquistam com garra. Nunes acreditou — e isso fez toda a diferença.

Na geral, não houve mudanças: o espanhol Pau Martí (Israel Premier Tech Academy) continua líder, com dois segundos sobre o campeão em título Artem Nych (Anicolor–Tien21) e 15 sobre Rafael Reis e Alexis Guérin, ambos da mesma equipa.

Nota menos positiva para Jesus del Pino (Aviludo–Louletano–Loulé), que caiu a seis quilómetros da meta, chegou ensanguentado e perdeu 1m10s, caindo para 33.º. Amanhã, é dia da mítica Senhora da Graça, com final em primeira categoria — e promete espetáculo.

Classificações

Crédito da imagem: FPC Rodrigo Rodrigues / Ciclismo +TV – https://www.fpciclismo.pt/noticia/hugo-nunes-resiste-ate-ao-limite-e-triunfa-em-braganca

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