A KTM Scarp Master de 2022 já por aqui passou em teste, como sabes. Essa versão é uma bicicleta de conceção mais clássica e com o XC mais puro na sua vocação, por assim dizer.

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Agora, chegou a vez da Scarp MT, uma versão da suspensão total da KTM que é mais virada para o XC técnico, para o chamado downcountry, e especialmente por se apresentar com mais curso nas suspensões, em concreto 120 mm à frente e 115 mm atrás.

Mas há mais diferenças e pontos a ressalvar, vamos vê-los todos já a seguir, até porque é importante entendermos onde se “posiciona” esta KTM Scarp MT 2022, neste caso com a gama de material Exonic. “Apertámos” com ela durante várias semanas e estas são as nossas conclusões “rápidas”.

Amortecimento para XC mais técnico

As tendências do momento mostram que as novas bicicletas de BTT na vertente XC estão a crescer em termos de curso de suspensão, isto de uma forma geral. Para que fiquem mais bem preparadas para os trilhos mais técnicos, para descer, mas sem deixarem de se mostrar dinâmicas a subir. Já experimentámos muitos e bons modelos com estas características.

Ora, nesta Scarp MT encontramos um quadro em carbono muito bem concebido, como já conhecemos da Scarp normal. Qualidade bem à vista. No entanto, notamos depois que a geometria pode ter sido ligeiramente “suavizada” pelo fabricante para “casar” com o aumento do curso das suspensões.

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No tamanho M que experimentámos, o ângulo de direção está a 67º, está um pouco mais “aberto”; a distância entre eixos é de 1.152 mm, as escoras medem 435 mm, são relativamente curtas. Já o reach anda pelos 431 mm e o stack pelos 603 mm… Será esta uma geometria destinada a um XC mais técnico?

Na verdade, não sabemos ao certo. Por isso já chega de tentar catalogar a bicicleta, pois é a performance que interessa. E aí constatamos que a bicicleta está muito bem preparada para encarar qualquer tipo de trilho técnico, seja a subir, seja a descer, e independentemente da quantidade de socalcos, pedras, ramos, raízes e outros “contratempos” que nos apareçam no caminho.

Se estivermos com treino e aplicarmos nos cranques boas doses de força, esta Scarp MT “dispara”. Trocar de mudança com a ajuda do suave sistema de transmissão Sram XX1 AXS é uma maravilha, como sempre.

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As suspensões (a menos que as configuremos de uma forma muito própria), essas, apresentam-se algo rígidas, privilegiando o andamento rápido e forte sobre o amortecimento a descer, por exemplo. Reatividade para “dar e vender”.

Regressando ao quadro, referimos o mesmo que referimos quando testámos a KTM Scarp Master: bem concebido, passagem interna de todos os cabos, pormenores interessantes. Cuidado na limpeza/lavagem, pois será fácil riscar o verniz da pintura!

Também para maratona?

É a KTM quem o diz, refira-se. Indicam mesmo que o modelo MT acaba por ser “mais confortável e mais fácil de utilizar”. A posição mais alta do guiador, um equilíbrio maior na distância entre eixos (mais longa em relação à Scarp), o curso maior nas suspensões, que lhe conferem mais absorção, são argumentos que visam proporcionar um comportamento menos “raivoso” ou brusco do que no modelo que não tem MT no  nome.

A Scarp MT Exonic também revela confortável a rolar, com uma suspensão traseira um pouco menos “seca” que a Scarp normal, o que faz perder menos tração em terrenos acidentados…

Velocidade q.b.

Onde mais gostámos de testar esta KTM foi em single tracks, como seria de esperar. A reatividade nota-se e a leveza também, algo que é permitido pelas rodas instalada, também leves, com 30 mm (pneu da frente de 2,35”, com rasto mais agressivo que o da Scarp Master).

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Levantar a roda dianteira, a traseira, as duas ao mesmo tempo, não importa, pois tudo parece fácil. A direção imprime segurança, com um guiador suficientemente largo, com 740 mm.

O funcionamento das suspensões é satisfatório, com a suspensão frontal Fox SC 34 Factory a mostrar-se rígida e leve, boas leituras do terreno. Já o amortecedor Fox DPS Factory passa mais despercebido, embora tenhamos notado uma mudança de comportamento em relação à Scarp Master.

Neste modelo sentimos a roda mais “colada” ao solo, embora o amortecedor seja o  mesmo) . Possivelmente a alteração da configuração para aumentar os 10 mm seja a “culpada”… Não ter espigão de selim telescópico de origem é uma das constatações responsáveis pelo peso não superar a marca dos 10 kg.

A sua leveza é bem-vinda em qualquer circunstância, mas são os travões que mais nos impressionam. 

Os Shimano XTR M9100 travam maravilhosamente, têm muita potência e um tacto irrepreensível. Os discos com tecnologia Ice Freeza devem funcionar muito bem porque não notámos nenhum tipo de fadiga, ruído estranho, aquecimento ou outro sinal menos positivo.

Equipamento de topo

A este preço, é normal que assim seja. A transmissão Sram XX1 AXS revela um requinte absoluto, os cranques são em carbono e estão protegidos de forma inteligente com uma película (e capas de borracha nas extremidades). Devemos dizer que, quanto à amplitude das mudanças, a leveza e a reatividade deste modelo exigia um prato 34t em vez do 32t que vem de série.

A juntar a isto, os periféricos instalados são muito bons, todos em fibra de carbono. As rodas DT Swiss XCR1200 de 30 mm revelam um comportamento apurado e, no que concerne aos pneus (Schwalbe Racing Ray Evo 2.35” na frente e Racing Ralph Evo 2.25” atrás), temos também um bom comportamento, especialmente o dianteiro. Será importante passar os pneus para tubeless, pois nas nas duas primeiras voltas furámos logo duas vezes.

Guiador, avanço e espigão de selim em carbono, todos com o cunho KTM. E o selim, o Selle Italia SLR Boost Carbon, também contribui para fazer baixar o peso desta Scarp MT. E é confortável.

A nossa avaliação

Esta bicicleta é entusiasmante, apesar de custar mais de 9.000 euros, um valor que achamos ligeiramente elevado face à “máquina” que levamos para casa. Não haja dúvidas de que a sua abordagem é mais dirigida ao XC do que ao trail, pois está sempre a pedir para andarmos depressa.

E há um pouco mais de conforto do que na Scarp normal. Conclui-se que é uma bicicleta mais completa, e acreditamos que, caso seja levada para competição, não haja grandes perdas de performance. Dentro do catálogo de BTT da marca, não deverá ser possível encontrar melhor. Dentro do segmento em que se enquadra, lado a lado com modelos equivalentes de outros fabricantes, está muito bem, mesmo não sendo a melhor.

O que mais nos agrada…

  • O peso abaixo dos 10 kg é uma vantagem inegável.
  • Notamos na bicicleta uma velocidade à altura das melhores BTTs de XC, mas com pontos extra na versatilidade devido ao curso das suspensões e à geometria mais “aberta”.
  • Os acabamentos do quadro, que combina bem com o nível de componentes selecionados para esta versão Exonic.

A melhorar…

  • Não tem espigão telescópico de origem. É verdade que esta ausência ajuda a manter o peso abaixo dos 10 kg, mas a bicicleta pede-o. Por nós não faz grande diferença, pois não somos fás assumidos deste periférico, mas sabemos que muitos utilizadores não o dispensam
  • O preço é elevado (embora o nível de equipamento o justifique). Falamos  de um valor acima de 9.000 euros, que, apesar de ser uma questão transversal no universo das BTT topo de gama.

Ficha técnica KTM Scarp MT Exonic 2022:

Quadro: Fibra de carbono KTM Premium // Suspensão frontal: Fox SC 34 Factory 120 mm // Amortecedor: Fox DPS Factory 115 mm // Transmissão: Sram XX1 AXs (prato 32t / cassete 10-52t) // Travões: Shimano XTR M9100 // Rodas: DT Swiss XCR1200 30 mm // Pneus: Schwalbe Racing Ray 29×2.35” (à frente) Schwalbe Racing Ralph 29×2.25” (atrás) // Guiador: KTM Prime Carbon 740 mm // Selim: Selle Italia Boost Carbon // Peso: 9,90 kg (verificado pelo GoRide sem pedais) // Preço: 9.199 euros

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: José Escotto e Samuel Escotto
  • Fotos: Antonio Iglesias
  • Vídeo: José Escotto
  • Rider em ação: José Escotto

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