A Propain Terrel CF é uma gravel com tendência para surpreender quem a subestima… Foi o que nos aconteceu com os testes que lhe temos feito! Estradões rápidos, mas também trilhos mais “fechados” e técnicos; subidas desafiantes, mas também algumas descidas que costumamos fazer com as BTT…

PUB
Orbea Genius Dealers

Não é uma “máquina” perfeita, é verdade, mas os resultados até agora constituem a tal surpresa de que falamos acima: sensações muito boas, vontade de andar mais tempo, boa “adaptação” à geometria do quadro em carbono (mesmo sem bikefit efetuado).

Depois há componentes que estão em ótimo nível, como a transmissão eletrónica que é sempre um prazer manusear, e outros que “merecem” um upgrade assim que possível, como os travões e os pneus.

Vejamos tudo em pormenor neste artigo, já a seguir, e também na vídeoreview acima. Entretanto, fiquem com os reels que fomos partilhando no Instagram do GoRide:

A nossa avaliação…

Uma bicicleta com pedigree claro do BTT e que tem um comportamento acima da média (para uma gravel) quando confrontada com trilhos mais técnicos e desafiadores.

Subidas não são rival para esta Propain! A bicicleta é bastante competente em estradões, embora seja menos responsiva em asfalto, e a sua força reside na versatilidade.

PUB
MMR (New) Kenta SL

Com um rápido upgrade aos pneus e algumas afinações no avanço vamos com ela poder alternar entre dias de “abuso” técnico, voltas de estrada e uma bela viagem de bikepacking em estradões sem fim! Uma verdadeira máquina para os “sete ofícios”!

O que mais nos agrada…
  • A versatilidade em geral desta bicicleta;
  • A possibilidade de escolhermos os componentes no configurador que a Propain disponibiliza no site;
  • É bonita, com look premium, com boa qualidade geral nos componentes principais;
  • A geometria adequada ao tipo de uso tanto com forqueta rígida como com suspensão frontal de 40 mm instalada.
O que menos nos agrada…
  • Os travões…
  • A posição de condição, que pode não ser suficientemente agressiva para alguns riders mais exigentes;
  • O clearance de pneus, indicado como dando para 700c x 50mm? E dá. À frente, tudo normal; atrás, após algumas voltas notámos que o pneu
    de 50 mm por vezes toca o quadro, tanto em cima como em baixo… Será de avaliar uma medida de pneu mais estreita ou a colocação de película protetora de quadro nestes pontos.
Especificações Propain Terrel CF
  • Quadro: Terrel CF Carbon
  • Guiador: Zipp Service Course 70 XPLR
  • Avanço: Sixpack Gravel Stem
  • Forqueta: Carbon Starrgabel
  • Transmissão: Sram Force X0 T-Type AXS
  • Travões: Sram Paceline (discos 160 mm)
  • Espigão: Sixpack Gravel Seatpost 350 mm carbono
  • Selim: Selle SLR Boost Superflow
  • Rodas: DT Swiss G1800 (1.845 gramas)
  • Pneus: Schwalbe G One Overland 700c x 50 mm
  • Preço: 3.104 euros
  • Site e informações: www.propain-bikes.com
Review completa

Antes de começarmos, duas correções face ao que temos na vídeoreview. Em primeiro lugar, mencionamos erradamente que as rodas DT Swiss G1800 têm aros em carbono. Nada disso; são em alumínio, com peso desde 1.825 gramas. Já falaremos delas mais à frente.

O outro ponto a corrigir é o preço, que baixou desde que recebemos a bicicleta para teste. Com o desconto que está a ser aplicado no configurador para esta versão neste momento (podemos até selecionar componente a componente, mesmo que não se escolha a variante Competition), o valor final ronda os 3.100 euros.

Agora sim vamos à review completa. Mais uma marca, mais um modelo, mais uma bicicleta de gravel. Mais uma? Ou estamos perante uma gravel diferente? Mais ou menos…

A primeira impressão que tivemos ao olharmos para esta Propain Terrel CF foi a seguinte: “Parece uma BTT hardtail com um guiador curvo!”. E a bicicleta também é isso, efetivamente, pelas sensações que transmite. E isso é bom.

Por outro lado, a Terrel CF é mais do que isso, pois consegue ser muito rápida nos estradões e bastante confiante nos trilhos, por assim dizer. Mas vamos por partes.

Boas sensações

Logo nas primeiras voltas, o nosso instinto levou-nos a presentear esta Propain com terrenos bem desafiadores: caminhos florestais repletos de raízes, muita pedra, subidas e descidas técnicas. Isto além das “normais” estradas de asfalto e terra batida, claro.

A bicicleta respondeu sempre de forma ótima, transmitindo muita segurança a quem a conduz. Aquela sensação de estarmos sempre no controlo da situação, contribuindo para isso a geometria equilibrada do quadro, numa simbiose boa entre conforto e posição de condução e competição e agressividade. Uma ‘máquina’ para os ‘sete ofícios’? Talvez.

Destacamos os 435 mm que medem as escoras (assimétricas, algo que sempre adoramos) e que contribuem para uma condução mais controlada e estável, mesmo perante os cenários mais desafiadores e próprios de BTT.

Descidas? Sem problemas! Talvez o ângulo de 70,5 graus no tubo superior esteja a dar uma ajuda a alcançar mais estabilidade. Subidas? A distância stack-to-reach (distância vertical entre o centro do eixo pedaleiro e o topo do tubo de direção) coloca-nos numa posição algo agressiva, apesar de não comprometer o conforto. Quando as voltas são maiores, dá jeito.

Cockpit e componentes

Outra caraterística que nos saltou à vista foi a quantidade de tempo com que andámos com as mãos nas drop bars, e isto mesmo nos trilhos mais complicados.

Um guiador de 440 mm pode ser demasiado “recatado” para alguns, mas gostámos do conforto e segurança extra de um conjunto um pouco mais largo do que habitual.

Quanto aos componentes montados nesta configuração, a marca aposta forte no configurador “à la carte”, como já referimos, com preços a partir dos 2.599 euros de base. E os valores depressa começam a subir…

O quadro? Carbono reforçado nos pontos chave, 1.090 gramas no tamanho M, muitos pontos para fixação de alforges e outras bolsas de viagem, geometria otimizada para montar uma suspensão frontal de 40 mm, embora esta versão tenha forqueta rígida.

Há furação para instalar guarda-lamas, compatibilidade para espigão telescópico, compartimento de arrumação no tubo diagonal e compatibilidade com suporte de desviador universal (UDH). E não esqueçamos o clearance para pneus até 700c x 50 mm… Bem, mais ou menos. Já lá vamos.

A Propain Terrel CF ensaiada trouxe um grupo de transmissão Sram Force / X0 T-Type AXS de 12x com 520% de range e isso foi mais que suficiente para todas as solicitações. As subidas mais íngremes não são assim algo complicado para esta bicicleta, se estivermos em forma, claro!

Uma boa relação: monoprato 40t à frente, desviador Sram AXS X0 de 12x atrás, junto da cassete Sram XG-1271 10-44t. Como sabemos, é sempre um prazer manusear estes sistemas eletrónicos da Sram. Sem falhas.

Por outro lado, não sentimos a falta da tal suspensão frontal Rockshox Judy de 40 para a qual o quadro tem a geometria otimizada. O carbono do quadro e do espigão vai amortecendo qualquer coisinha e nem notamos grande cansaço ao fim da volta.

Talvez nos tenha faltado até agora fazer uma tirada mais longa, daquelas acima de 100 km e que dure o dia todo… Mas não a poupámos a nada e a segurança foi sempre uma sensação presente, especialmente em alguns trilhos técnicos em zonas que habitualmente fazemos com a BTT.

O peso total da bicicleta anda pelos 9,5 kg. Diz a marca e confirmamos: a bicicleta demonstra bom equilíbrio entre rigidez, leveza e alguma absorção de vibrações através do carbono que dá forma ao quadro.

Rodas ‘todo o terreno’

Repetimos que no vídeo mencionamos por lapso que as rodas são em carbono. Não, são em alumínio, mas quase nem se nota! São bastante boas, com 25 mm e um peso que pode rondar os 1.850 gramas, um par que se diz pensado para o gravel de bikepacking. Confirmamos.

Eficazes a subir, responsivas, a descer não comprometem. Combinadas com os Schwalbe G One Overland 700c x 50 mm montados tornam a experiência confortável e segura em gravilha e em terrenos técnicos. 

Se tivermos mais uns euros extra, no configurador podemos selecionar as DT Swiss GRC 1400, estas sim em carbono, com raios aero, 30 mm, e o peso das rodas desde aos 1.420 gramas.

Regressando aos pneus, notam-se um pouco menos responsivos no asfalto, o que não será de estranhar. Aliás, foi neste piso que notámos a bicicleta menos reativa, situação que poderá ser diferente caso se montem uns pneus de perfil mais estreito, eventualmente.

Quanto à travagem, não ficámos convencidos com os travões Sram Paceline com discos de 160 mm. A travagem pareceu-nos sempre pouco modular, algo esponjosa ao início, demasiado brusca na ponta final…

Nos periféricos, esta montagem tem no selim Selle SLR Boost Superflow, com 145 mm e 198 gramas, uma “peça” confortável, em linha com a qualidade do “pacote” oferecido. Está montado no espigão Sixpack Gravel Seatpost, em carbono, sendo possível opter por um modelo telescópico da RockShox, contudo.

O guiador e o avanço são da Zipp, em alumínio, mas a marca oferece no configurador uma opção em carbono e integrada, com valores diferentes, tal como acontece com praticamente todos os sectores da bicicleta. Poder escolher componente a componente é sempre uma vantagem!

Propain Frame Storage

Por fim, aquilo a que chamam de Wilderness Essential Equipment Depository Box. O tal compartimento que aproveita o interior do tubo diagonal, para guardar e transportar uma câmara de ar, pelos menos dois cartuchos de CO2 e uma ferramenta multiusos, no mínimo.

Tem duas bolsas no interior, a tampa pode ser aberta/fechada mesmo com a grade de bidon instalada e parece haver total estanquicidade. Algo que vemos em quase todas as gravel da atualidade, mas que dá sempre jeito.


Reportagem fotográfica:
»

 

Equipa GoRide responsável pelo teste:
»
  • Rider nas imagens: Nuno Granadas
  • Fotografia e vídeo: Jorge D. Lopes
  • Teste: Nuno Granadas e Jorge D. Lopes

Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através do email geral[arroba]goride.pt.

Também vais gostar destes!