A Propain Terrel CF é uma gravel com tendência para surpreender quem a subestima… Foi o que nos aconteceu com os testes que lhe temos feito! Estradões rápidos, mas também trilhos mais “fechados” e técnicos; subidas desafiantes, mas também algumas descidas que costumamos fazer com as BTT…

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Não é uma “máquina” perfeita, é verdade, mas os resultados até agora constituem a tal surpresa de que falamos acima: sensações muito boas, vontade de andar mais tempo, boa “adaptação” à geometria do quadro em carbono (mesmo sem bikefit efetuado).

Depois há componentes que estão em ótimo nível, como a transmissão eletrónica que é sempre um prazer manusear, e outros que “merecem” um upgrade assim que possível, como os travões e os pneus.

Especificações principais da Propain Terrel CF
  • Quadro: Terrel CF Carbon
  • Guiador: Zipp Service Course 70 XPLR
  • Avanço: Sixpack Gravel Stem
  • Forqueta: Carbon Starrgabel
  • Transmissão: Sram Force X0 T-Type AXS
  • Travões: Sram Paceline (discos 160 mm)
  • Espigão: Sixpack Gravel Seatpost 350 mm carbono
  • Selim: Selle SLR Boost Superflow
  • Rodas: DT Swiss G1800 (1.845 gramas)
  • Pneus: Schwalbe G One Overland 700c x 50 mm
  • Preço: 3.104 euros
  • Site e informações: www.propain-bikes.com
O que mais nos agrada…
  • A versatilidade em geral desta bicicleta;
  • A possibilidade de escolhermos os componentes no configurador que a Propain disponibiliza no site;
  • É bonita, com look premium, com boa qualidade geral nos componentes principais;
  • A geometria adequada ao tipo de uso tanto com forqueta rígida como com suspensão frontal de 40 mm instalada.
O que menos nos agrada…
  • Os travões…
  • A posição de condição, que pode não ser suficientemente agressiva para alguns riders mais exigentes;
  • O clearance de pneus, indicado como dando para 700c x 50mm? E dá. À frente, tudo normal; atrás, após algumas voltas notámos que o pneu
    de 50 mm por vezes toca o quadro, tanto em cima como em baixo… Será de avaliar uma medida de pneu mais estreita ou a colocação de película protetora de quadro nestes pontos.
A nossa avaliação…

Uma bicicleta com pedigree claro do BTT e que tem um comportamento acima da média (para uma gravel) quando confrontada com trilhos mais técnicos e desafiadores.

Subidas não são rival para esta Propain! A bicicleta é bastante competente em estradões, embora seja menos responsiva em asfalto, e a sua força reside na versatilidade.

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Com um rápido upgrade aos pneus e algumas afinações no avanço vamos com ela poder alternar entre dias de “abuso” técnico, voltas de estrada e uma bela viagem de bikepacking em estradões sem fim! Uma verdadeira máquina para os “sete ofícios”.


Alguns vídeos da Propain Treel CF que fomos partilhando no Instagram do GoRide:

Review completa

Antes de começarmos, duas correções face ao que temos na vídeoreview. Em primeiro lugar, mencionamos erradamente que as rodas DT Swiss G1800 têm aros em carbono. Nada disso; são em alumínio, com peso desde 1.825 gramas. Já falaremos delas mais à frente.

O outro ponto a corrigir é o preço, que baixou desde que recebemos a bicicleta para teste. Com o desconto que está a ser aplicado no configurador para esta versão neste momento (podemos até selecionar componente a componente, mesmo que não se escolha a variante Competition), o valor final ronda os 3.100 euros.

Agora sim vamos à review completa. Mais uma marca, mais um modelo, mais uma bicicleta de gravel. Mais uma? Ou estamos perante uma gravel diferente? Mais ou menos…

A primeira impressão que tivemos ao olharmos para esta Propain Terrel CF foi a seguinte: “Parece uma BTT hardtail com um guiador curvo!”. E a bicicleta também é isso, efetivamente, pelas sensações que transmite. E isso é bom.

Por outro lado, a Terrel CF é mais do que isso, pois consegue ser muito rápida nos estradões e bastante confiante nos trilhos, por assim dizer. Mas vamos por partes.

Boas sensações

Logo nas primeiras voltas, o nosso instinto levou-nos a presentear esta Propain com terrenos bem desafiadores: caminhos florestais repletos de raízes, muita pedra, subidas e descidas técnicas. Isto além das “normais” estradas de asfalto e terra batida, claro.

A bicicleta respondeu sempre de forma ótima, transmitindo muita segurança a quem a conduz. Aquela sensação de estarmos sempre no controlo da situação, contribuindo para isso a geometria equilibrada do quadro, numa simbiose boa entre conforto e posição de condução e competição e agressividade. Uma ‘máquina’ para os ‘sete ofícios’? Talvez.

Destacamos os 435 mm que medem as escoras (assimétricas, algo que sempre adoramos) e que contribuem para uma condução mais controlada e estável, mesmo perante os cenários mais desafiadores e próprios de BTT.

Descidas? Sem problemas! Talvez o ângulo de 70,5 graus no tubo superior esteja a dar uma ajuda a alcançar mais estabilidade. Subidas? A distância stack-to-reach (distância vertical entre o centro do eixo pedaleiro e o topo do tubo de direção) coloca-nos numa posição algo agressiva, apesar de não comprometer o conforto. Quando as voltas são maiores, dá jeito.

Cockpit e componentes

Outra caraterística que nos saltou à vista foi a quantidade de tempo com que andámos com as mãos nas drop bars, e isto mesmo nos trilhos mais complicados.

Um guiador de 440 mm pode ser demasiado “recatado” para alguns, mas gostámos do conforto e segurança extra de um conjunto um pouco mais largo do que habitual.

Quanto aos componentes montados nesta configuração, a marca aposta forte no configurador “à la carte”, como já referimos, com preços a partir dos 2.599 euros de base. E os valores depressa começam a subir…

O quadro? Carbono reforçado nos pontos chave, 1.090 gramas no tamanho M, muitos pontos para fixação de alforges e outras bolsas de viagem, geometria otimizada para montar uma suspensão frontal de 40 mm, embora esta versão tenha forqueta rígida.

Há furação para instalar guarda-lamas, compatibilidade para espigão telescópico, compartimento de arrumação no tubo diagonal e compatibilidade com suporte de desviador universal (UDH). E não esqueçamos o clearance para pneus até 700c x 50 mm… Bem, mais ou menos. Já lá vamos.

A Propain Terrel CF ensaiada trouxe um grupo de transmissão Sram Force / X0 T-Type AXS de 12x com 520% de range e isso foi mais que suficiente para todas as solicitações. As subidas mais íngremes não são assim algo complicado para esta bicicleta, se estivermos em forma, claro!

Uma boa relação: monoprato 40t à frente, desviador Sram AXS X0 de 12x atrás, junto da cassete Sram XG-1271 10-44t. Como sabemos, é sempre um prazer manusear estes sistemas eletrónicos da Sram. Sem falhas.

Por outro lado, não sentimos a falta da tal suspensão frontal Rockshox Judy de 40 para a qual o quadro tem a geometria otimizada. O carbono do quadro e do espigão vai amortecendo qualquer coisinha e nem notamos grande cansaço ao fim da volta.

Talvez nos tenha faltado até agora fazer uma tirada mais longa, daquelas acima de 100 km e que dure o dia todo… Mas não a poupámos a nada e a segurança foi sempre uma sensação presente, especialmente em alguns trilhos técnicos em zonas que habitualmente fazemos com a BTT.

O peso total da bicicleta anda pelos 9,5 kg. Diz a marca e confirmamos: a bicicleta demonstra bom equilíbrio entre rigidez, leveza e alguma absorção de vibrações através do carbono que dá forma ao quadro.

Rodas ‘todo o terreno’

Repetimos que no vídeo mencionamos por lapso que as rodas são em carbono. Não, são em alumínio, mas quase nem se nota! São bastante boas, com 25 mm e um peso que pode rondar os 1.850 gramas, um par que se diz pensado para o gravel de bikepacking. Confirmamos.

Eficazes a subir, responsivas, a descer não comprometem. Combinadas com os Schwalbe G One Overland 700c x 50 mm montados tornam a experiência confortável e segura em gravilha e em terrenos técnicos. 

Se tivermos mais uns euros extra, no configurador podemos selecionar as DT Swiss GRC 1400, estas sim em carbono, com raios aero, 30 mm, e o peso das rodas desde aos 1.420 gramas.

Regressando aos pneus, notam-se um pouco menos responsivos no asfalto, o que não será de estranhar. Aliás, foi neste piso que notámos a bicicleta menos reativa, situação que poderá ser diferente caso se montem uns pneus de perfil mais estreito, eventualmente.

Quanto à travagem, não ficámos convencidos com os travões Sram Paceline com discos de 160 mm. A travagem pareceu-nos sempre pouco modular, algo esponjosa ao início, demasiado brusca na ponta final…

Nos periféricos, esta montagem tem no selim Selle SLR Boost Superflow, com 145 mm e 198 gramas, uma “peça” confortável, em linha com a qualidade do “pacote” oferecido. Está montado no espigão Sixpack Gravel Seatpost, em carbono, sendo possível opter por um modelo telescópico da RockShox, contudo.

O guiador e o avanço são da Zipp, em alumínio, mas a marca oferece no configurador uma opção em carbono e integrada, com valores diferentes, tal como acontece com praticamente todos os sectores da bicicleta. Poder escolher componente a componente é sempre uma vantagem!

Propain Frame Storage

Por fim, aquilo a que chamam de Wilderness Essential Equipment Depository Box. O tal compartimento que aproveita o interior do tubo diagonal, para guardar e transportar uma câmara de ar, pelos menos dois cartuchos de CO2 e uma ferramenta multiusos, no mínimo.

Tem duas bolsas no interior, a tampa pode ser aberta/fechada mesmo com a grade de bidon instalada e parece haver total estanquicidade. Algo que vemos em quase todas as gravel da atualidade, mas que dá sempre jeito.


Reportagem fotográfica:
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Equipa GoRide responsável pelo teste:
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  • Rider nas imagens: Nuno Granadas
  • Fotografia e vídeo: Jorge D. Lopes
  • Teste: Nuno Granadas e Jorge D. Lopes

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