Andar com uma BMC é sempre um prazer. Se for uma elétrica que tanto anda (depressa!) na estrada como em muitos caminhos de gravel, então a experiência tem tudo para ser ainda melhor. Foi o que aconteceu durante as semanas que tivemos em contacto com esta BMC Roadmachine 01 AMP X ONE.

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Exato: esta Roadmachine é por nós conhecida como uma bicicleta de endurance, para a estrada, mas a marca “adapta-a” aqui para umas boas voltas em percursos de gravilha e para experiências gravel. Não é uma gravel assumida, para isso a BMC tem outros modelos, nomedamente a Kaius e a URS (que não são elétricas, contudo).

Mas assim surge aqui uma das mais versáteis e-road do catálogo BMC, tentando satisfazer o ciclista que prefere a estrada, que quer uma elétrica e que de vez em quando se “aventura” fora de estrada de asfalto. É uma all-arounder, no fundo, tentando fazer concorrência a outras marcas que têm modelos com estas características. Resulta? Vamos ver.

Introducing the BMC Roadmachine 01 AMP X

E como a BMC faz tudo isto? Não muda a geometria face às versões de estrada, nem tão pouco a forqueta e outros pontos de destaque na gama Roadmachine. O que faz, sim, é adicionar-lhe de origem um par de pneus Pirelli Cinturato Gravel H de 35 mm (o clearance vai aos 38 mm) e esperar que o sistema ICS MTT x Redshift faça o melhor que “sabe” na direção.

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Avanço com micro-suspensão

E é precisamente por este avanço com micro-suspensão que começamos. A BMC já tinha o sistema ICS (Integrated Cockpit System) a funcionar muito bem, é um facto, mas pediu ajuda à Redshift para ir um pouco mais além nas bicicletas destinadas à gravilha.

O resultado é o ICS MTT Suspension Stem, um avanço que integra a tecnologia ShockStop da referida empresa, que pode ser ligeiramente ajustado e que pode também ter 72 a 100 mm de extensão, dependendo do tamanho da bicicleta.

Neste caso, o tamanho de quadro 58 mostrou um avanço nessa dimensão máxima, o que ajuda a bicicleta a ter uma geometria mais “extendida” para a frente, algo menos próprio de uma endurance, mas que assenta neste conceito de versatilidade que “nem uma luva”.

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Mas o que mais interessa é que este avanço é uma espécie de micro-suspensão, pois num curso de 20 mm faz com que o guiador vá a subir e a descer ligeiramente em função das irregularidades do terreno. Na prática isto é algo que se nota perfeitamente.

Estamos habituados a andar em bicicletas de gravel sem qualquer tipo de amortecimento, por isso, apesar de tudo, não sabemos em que medida este sistema ajuda a reduzir a fadiga dos braços. Mas é melhor ter do que não ter, isso é certo.

Neste caso, o amortecimento vem do movimento de inclinação do avanço para a frente e para baixo (e respetivo movimento de retorno) e não de um movimento vertical para cima e para baixo como o que vemos no sistema Future Shock da Specialized, por exemplo.

É de salientar ainda algo muito interessante: a forma como todo este sistema consegue ainda assim acolher uma passagem interna de cablagem. Não há cabos fora do guiador, nada à vista, e é certo que todos eles passam pelo avanço na ligação à “testa” do quadro.

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No vídeo abaixo podes ver o sistema mais em pormenor e também a forma como este é acionado em andamento. Um vídeo da BMC que está muito bem conseguida e que explica perfeitamente a tecnologia.

The Missing Link - Introducing The ICS MTT X Redshift Suspension Stem

Note-se que o “ecosistema” MTT que a BMC tem nas bicicletas de gravel é mais completo, pois conta ainda com uma forma especial de ligação do tubo do selim às escoras e também com a suspensão MTT na forqueta. Esta Roadmachine inclui apenas o sistema MTT no avanço, não inclui os outros dois elementos aqui referidos.

Mas já que falamos da direção, não podemos ignorar a forma integrada como o cockpit ICS se apresenta. Fitas muito boas ao toque, confortáveis, com bom grip. Cabos completamente ocultos, também. E isto faz com que todo o guiador e direção, além do avanço de que já falámos, seja um conjunto bastante elegante e aerodinâmico.

Aliás, esta parte da frente dá continuidade a todo o look muito agradável desta BMC. O quadro em carbono está perfeitamente “esculpido”, com os pormenores que já conhecemos das Roadmachine, e aqui com especial atenção ao modo como toda a estrutura acolhe, integra e até “oculta” o sistema elétrico (leia-se motor, bateria e secção onde ligamos o cabo para recarga desta).

À frente, a forqueta em carbono dá um “tom” algo agressivo à bicicleta, feita com recurso à tecnologia Tuned Compliance Concept Endurance da marca; atrás, o espigão também em carbono tem o já conhecido formato D-Shape da BMC.

Tudo isto, garante a marca, contribui para absorver impactos e vibrações que “viajam” da estrada para o corpo do ciclista através da bicicleta. Refira-se que não nos agradou particularmente o selim instalado de origem, um Fizik Terra Argo X5 de 150 mm.

Motor TQ-HPR50

E eis que chega então a hora de falar da propulsão elétrica que transforma a BMC Roadmachine 01 AMP X, neste caso na versão ONE, numa e-road de eleição.

O motor é o HPR50 da TQ, uma unidade que já experimentámos em várias outras bicicletas, e também aqui se mostra silencioso, bem integrado no quadro, sem acrescentar peso em demasia.

Contudo, lembramos que este não é dos motores mais poderosos do segmento. Ainda assim, para o tipo de uso a que se destina a BMC Roadmachine 01 AMP X ONE, diriamos que é suficiente.

Nos nossos testes conseguimos andar sempre muito depressa quando a assistência elétrica está ativa, não andámos mais depressa apenas porque a limitação dos 25 km/hora não o permite. A transição entre a assistência elétrica e a pedalada “normal” é fluida.

A bateria, essa, com 360 Wh, virá a ser suficiente para a maior parte dos treinos e voltas do entusiasta da estrada ou dos trilhos de gravel. Demora um pouco a recarregar na totalidade, mas, se não “metermos” acumulado acima da média (e se não abusarmos do modo mais potente do motor…), dá para umas boas voltas de 100 km.

Por sua vez, o TQ Display integrado no top tube, um painel OLED de 2 polegadas, fica muito bem no quadro esteticamente e dá-nos informação do modo que está ativo e também da energia que resta.

Refira-se que é este elemento que estabelece a ligação Bluetooth e/ou ANT+ com dispositivos do género e com a app móvel BMC Companion que podemos instalar no smartphone. E também lá está a indicação de velocidade instantânea e o botão para ligar e desligar.

Antes de terminarmos, queremos falar de três outros pontos que têm nota positiva nesta endurance elétrica da BMC: as (polivalentes) rodas, a transmissão eletrónica e ainda os travões.

Rodas (também) em carbono

Com 40 mm e em carbono, eis que as CRD-400 SL Carbon da BMC são as rodas certas para esta bicicleta. Isto porque recebem da melhor forma os pneus de gravel que vêm instalados de origem (ou qualquer outro pneu de gravel ou estrada de até 38 mm) e também porque o carbono ajuda também a “amparar” algumas vibrações que vêm da estrada.

Também ajudam a tornar esta bicicleta rápida e combinam bem num sistema elétrico como o que encontramos nesta Roadmachine. Esteticamente também não comprometem, sendo que neste quadro em branco e cinza tudo “casa” muito bem a nível visual.

Depois, quando chega a hora de parar as referidas rodas, temos uns bem escolhidos discos de 180 mm tanto à frente como atrás, instalados no sistema de travagem que normalmente acompanha este conjunto de trasmissão eletrónico. São os Force eTap AXS da Sram: macios na dose certa, manetes bem desenhadas.

Por fim, o conjunto de 12x monoprato que equipa esta versão da BMC Roadmachine 01 AMP X é o Sram Force AXS XPLR. Atrás, o desviador é o eTap deste grupo; à frente, o referido prato único tem 44 dentes (a cassete é a XG-1271 10-44t).

Parece-nos a relação correta para a finalidade a que se destina a bicicleta, com um “pormenor” que muitos apreciam e que nesta gama de preço é quase obrigatório: o potenciómetro Rotor eVegast integrado no pedaleiro.

Ficha técnica da BMC Roadmachine 01 AMP X ONE:

Quadro e forqueta: Roadmachine 01 X AMP Premium Carbon with Tuned Compliance Concept Endurance // Avanço: ICS MTT x Redshift Suspension Stem | Integrated Cockpit Design // Espigão: Roadmachine 01 X AMP Premium Carbon D-Shaped Seatpost- 15mm Offset- D-Fender Compatible // Guiador: BMC RAB 02 | Ergo Top Shape | Compact Bend // Pneus: Pirelli Cinturato Gravel H | 35mm // Rodas: CRD-400 SL Carbon | Tubeless Ready | 40 mm (cubos: CRD-400 SL) // Transmissão: Sram Force AXS XPLR (cassete: Sram Force AXS XPLR XG-1271 10-44t; desviador: Sram Force XPLR eTap AXS; corrente: Sram Force; pedaleiro: Rotor eVegast / Sram X-Sync 44t; manetes: Sram Force eTap AXS HRD) // Travões: Sram Force eTap AXS (discos de 180 mm) // Selim: Fizik Terra Argo X5 (150 mm) // Motor: TQ-HPR50 // Bateria: TQ 360 Wh // Unidade de controlo: TQ Display | 2″ O-LED | Bluetooth / ANT+ // Carregador: TQ HPR-50 4A // Preço: 8.999 euros

Mais info:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto e teste: Nuno Margaça
  • Fotos e vídeo GoRide: Nuno Margaça e Rodrigo Vicente
  • Rider em ação: Nuno Margaça

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