Finalmente o BTT. Demorou, mas a retoma no calendário por cá vai agora estender-se a esta vertente, com uma prova sem tradição em Portugal: XCE. E será logo com um Campeonato Nacional. Domingo é o dia do regresso dos atletas, que irão competir na pista de BTT de Tamengos, Anadia.

PUB
TrekFest 2024

Ricardo Marinheiro assume desde já que irá perseguir mais um título. Porém, O campeão nacional de XCO – camisola que conquistou pela segunda vez em elite em 2019 – não esconde a desilusão de uma temporada que terá tão poucas provas, que mudou toda a preparação e que também mexe com a motivação.

“Estou ansioso, mas ao mesmo tempo, é uma época demasiado curta, pelo menos em Portugal. São poucas provas para o tempo que estivemos parados. Poucas provas para o que resta do ano, mais a incerteza se vão ou não realizar-se. Nunca sabemos se amanhã há um surto e lá se vão os eventos”, começa por desabafar ao GoRide.pt.

Desde março, na prova a contar para a Taça de Portugal, que não há BTT e para Ricardo Marinheiro, o pior está mesmo a ser a incerteza. Por isso mesmo, admite que está mais focado na próxima época: “Eu tenho a opinião que era 2021 e seguir. Mas claro que compreendo as entidades, como a federação, de quererem fazer alguns eventos. Mas são muito poucos.”

E acrescenta: ” O ciclismo está em andamento, mas no BTT sou mais apologista de no próximo ano começar a sério e nós contarmos com uma coisa, do que estar nesta incerteza.” Porém, não se espere que Marinheiro não vá atrás de vitórias nas corridas que se realizarem ainda em 2020. É um ganhador e até se ri quando é questionado se vai à procura do triunfo no domingo. “Vou para ganhar! Isso não muda nada! Vou lá para ganhar a camisola!”

© Eduardo Campos

Os principais rivais

PUB
TrekFest 2024

Mário Costa, Roberto Ferreira, João Rocha e Miguel Salgueiro – um homem de estrada, mas que vence em qualquer vertente – são apontados pelo atleta como os seus principais adversários. Mas Marinheiro não afasta a possibilidade de aparecer mais alguém na luta.

O atleta, de 28 anos, já competiu em XCE em Taças do Mundo e referiu como é diferente do XCO, por exemplo. Contudo, refere ainda que, perante a falta de provas,  a forma física dos adversários será uma incógnita: “Não se sabe quem está bem, quem não está… Faltam corridas e há certos atletas que precisam de corridas para ganhar mais forma… Mas é o que é e temos de saber lidar com isto.”

Treinos e motivação sofrem com incerteza

O treino também sofreu com a incerteza que se vive. “Cada vez que há um Campeonato Nacional ou outra prova importante, gosto de fazer um estágio em altitude, mas este ano não o vou fazer, porque não vou gastar cerca de mil euros, entre alojamento, viagens, alimentação, sem saber o que vai acontecer. E é só uma corrida. Não é depois pensar numa Taça do Mundo que queira ir fazer, que tenha um objetivo. Só isso altera muito a preparação”, contou.

© Direitos Reservados

PUB
Orbea Genius Dealers

Ricardo Marinheiro salientou que a motivação sofre igualmente com a situação que se vive: “Se não há corridas, porque vamos puxar, ir mais além? Não temos esse tipo de motivação.” No entanto, poder no domingo competir é positivo nesse aspeto, pois todos podem sentir novamente aquele ambiente de corrida que tanto gostam. “Temos vontade de pôr o dorsal na bicicleta.”

E o número de inscritos comprova isso mesmo, ou seja, estarão presentes em Anadia cerca de 300 corredores, distribuídos por dez categorias etárias, masculinas e femininas.

Mesmo que a motivação não seja a mesma, a vontade de regressar às corridas está lá, ainda que a esperança passe por 2021 já ser um pouco mais “normal”. “Só vamos ter um Campeonato Nacional e uma qualificação, que será uma volta ao circuito. Estamos a falar de uma época de uma hora e 40 minutos. No XCE quem for à final terá uma hora e 54 minutos. É a época de 2020…”

Recordou como na República Checa e Suíça, por exemplo, já se estão a disputar corridas, com todas as medidas de segurança sanitárias e Marinheiro deseja que Portugal também entre nesse ritmo, nem que, lá está, tenha de se esperar por 2021.

Por agora, o detentor de um dos principais feitos internacionais do BTT português – foi vice-campeão mundial de juniores em XCO em 2009 – só deseja que a situação pandémica não leve a mais cancelamentos.

© Direitos Reservados

O que é o XCE?

XCE quer dizer, em inglês, Cross Country Eliminator. Em português podemos traduzir por Eliminação em BTT.

PUB
Orbea Genius Dealers

Ao contrário da eliminação em pista, não se trata de uma corrida em pelotão. O XCE arranca com um contrarrelógio individual de uma volta à pista. Quem fizer os melhores tempos em cada uma das categorias etárias e em cada um dos géneros passa à fase seguinte.

A Federação Portuguesa de Ciclismo explica que “em função das caraterísticas da cada prova, do número de inscritos e de outros fatores – as limitações covid, por exemplo – pode decidir-se o número de corredores apurados”.

No Campeonato Nacional de domingo passam os oito atletas com melhor tempo em cada faixa etária e em cada género. Esses são alinhados em duas séries de quatro corredores. Começa então a eliminação. Em cada série são eliminados os dois últimos e qualificam-se para a final os dois melhores. O resultado da final determina a classificação dos quatro primeiros.

Horários

Entre as 9 e as 12 horas disputam-se os títulos de juniores e de cadetes. Os corredores de elite e os masters competem a partir das 14 horas.

De salientar que dadas as condicionantes impostas pela covid-19, não será permitido público no circuito.

Calendário 2020

  • 30 de agosto: Campeonato Nacional de XCE
  • 12 e 13 de setembro: Qualificações Inter-Regionais para o Campeonato Nacional XCO
  • 20 de setembro: Campeonato Nacional de DHI
  • 27 de setembro: Campeonato Nacional de XCO
  • 11 de outubro: Campeonato Nacional de XCM
  • 25 de outubro: Campeonato Nacional de Enduro
  • 29 de outubro a 1 de Novembro: Taça do Mundo de DHI

Também vais gostar destes!