W52-FC Porto a favorita, Efapel a mais forte adversária, Rádio Popular-Boavista sempre à caça de vitórias, Aviludo-Louletano e Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel à procura de um pódio… A história da Volta a Portugal tem sido idêntica nos últimos anos. A diferença tem sido a aproximação principalmente da Efapel à equipa do Sobrado, que, contudo, domina há sete anos. Porém, a pandemia e o confinamento trocou a volta a todos. Preparação para uma diferente fase do ano, incerteza de quando (e se) haveria corrida, que terá menos dias (nove) e não haverá descanso. Tudo junto poderão ser factores de tornem a apelidada de Edição Especial diferente, para melhor.

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Pede-se espectáculo e emoção. Com a enorme vontade de todos em competirem – algo normal quando se fala da Volta a Portugal, mas acrescida por um ano tão complicado, tão atípico -, a expectativa é que se tenha as duas coisas em dose elevada. É verdade que no ano passado estes dois pormenores estiveram mais presentes do que em edições anteriores, sempre muito controladas por uma fortíssima W52-FC Porto.

As forças poderão em 2020 equilibrar mais, até porque a Efapel foi buscar um dos homens que vinha a ser um elemento muito importante na rival: António Carvalho. No entanto, será Joni Brandão o líder, ele que está cansado de segundos lugares e já são três.

Na W52-FC Porto, não haverá dúvidas quanto à liderança, desta feita. Será João Rodrigues, o vencedor de 2019. É uma equipa sempre com cartas para jogar e Amaro Antunes é um ciclista que os adversários sabem que têm de o ter debaixo de olho.

Mas uma palavra para Rui Vinhas, também ele um vencedor da Volta a Portugal. A corrida terminará em Lisboa, a 5 de Outubro, e da última vez que tal aconteceu, Vinhas consumou uma enorme surpresa ao bater o seu colega de equipa Gustavo Veloso. Foi um 2016 para não esquecer.

Colectivamente, estas duas equipas continuam a ser as mais fortes. Porém, será interessante ver como se irá apresentar a Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel. Sem o Sporting como patrocinador, a equipa começou a competir de forma diferente. Mais agressiva e viva nas corridas. O próprio líder, Frederico Figueiredo assumiu a mudança de postura para 2020, numa entrevista dada ao Volta ao Ciclismo em Fevereiro, numa altura em que a pandemia parecia estar bem longe.

Figueiredo conquistou finalmente a sua primeira vitória como profissional e logo no Troféu Joaquim Agostinho, há uma semana. Aparece como outsider, mas contem com ele para procurar um pódio e ganhar etapas. Top dez não lhe faltam, mas aos 29 anos, saboreou a vitória e vai querer mais.

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A outra equipa algarvia irá novamente tentar levar o espanhol Vicente García de Mateos ao topo. Pódio já sabe o que é, mas a Aviludo-Louletano sempre sonhou alto, mesmo que não tenha um conjunto que meça forças ao mesmo nível da W52-FC Porto ou a Efapel. Porém, já demonstrou que De Mateos pode intrometer-se na luta.

A Rádio Popular-Boavista tem “jogado por fora”. No entanto, está lá sempre com homens no top dez e a ganhar etapas. Também sabe vencer por equipas, que tem sido um dos objectivos, já que a geral é mais difícil. João Benta e David Rodrigues costumam animar etapas e este ano há ainda Luís Fernandes. O espanhol Alberto Gallego, vencedor na Prova de Abertura Região de Aveiro, não vai passar despercebido.

O Feirense irá à procura de etapas… e a amarela. Rafael Reis irá a fundo no prólogo deste domingo para repetir o que conseguiu em 2018, pela Caja Rural, quando vestiu a amarela durante os três primeiros dias.

A LA Alumínios-LA Sport vai com ambições altas. Em 2019 venceu a classificação da juventude e a equipa tem crescido nesta nova era do projecto, com Hernâni Brôco ao leme. Emanuel Duarte será o destaque e, quem sabe, a olhar para um top dez.

O Miranda-Mortágua tem Joaquim Silva como grande aposta para finalmente dar uma vitória de etapa à equipa e também é ciclista que, em forma, pode alcançar uma boa classificação. Já foi fundamental na W52-FC Porto, passou sem sucesso na Caja Rural. Agora tem uma oportunidade para mostar o seu valor como líder na Volta.

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Para o fim fica a Kelly-Simoldes-UDO (novo nome). A equipa de Manuel Correia merece destaque porque chega a Volta como a que mais ganhou em 2020: quatro vitórias, entre elas três títulos nacionais e o triunfo na Clássica da Primavera. Henrique Casimiro é mais um ciclista que procurou libertar-se do papel de gregário, ou de segunda aposta, com a equipa a ter ainda Luís Gomes e um campeão de sub-23 Fábio Costa sempre à espreita de um bom sprint.

As equipas estrangeiras

É sempre uma incógnita saber com que intenção vêm as equipas estrangeiras à Volta. Ganhar etapas, ganhar forma, lutar pela geral… Ao olhar-se para a lista, Ricardo Vilela e José Neves, da Burgos-BH, são dois ciclistas que vamos ver, afinal estão a correr em casa.

Destaque ainda para Delio Fernandez, espanhol que aos 34 anos representa a Nippo Delko One Provence, que tem José Azevedo como director desportivo. O experiente ciclista conhece bem o pelotão português, pois representou o Boavista e a actual W52-FCPorto (então OFM-Quinta da Lixa), entre 2011 e 2015. Já conta com vitórias em três etapas na Volta a Portugal, além da geral no Troféu Joaquim Agostinho, em 2014, tendo sido terceiro na Volta nesse mesmo ano. Diego Rubio (ex-Efapel) será outro regresso, mas pela Burgos-BH.

As cinco equipas estrangeiras são todas do segundo escalão, ProTeam: duas espanholas, duas francesas e uma dos EUA. Na Arkéa Samsic é impossível não destacar Anthony Delaplace, um ciclista com sete presenças na Volta a França. Estará ainda presente a Caja Rural e a americana Rally Cycling, uma equipa jovem e que gosta de animar corridas.

A má notícia

Infelizmente o pelotão irá ser mais curto do que o previsto, isto já tendo em conta que foi cortado em 20%, como medida de precaução devido à pandemia. João Salgado testou positivo à covid-19 e foi excluído, como levou os responsáveis a decidir tirar toda a Equipa Portugal da prova. Uma enorme desilusão para os jovens sub-23 escolhidos, que tão pouco tem competido este ano e que iriam ter uma grande oportunidade para se mostrar na Volta a Portugal.

Prólogo: Fafe – Fafe, 7 quilómetros (CRI)

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O pelotão partirá assim com 98 ciclistas para os sete quilómetros de prólogo em Fafe e que, mesmo sendo uma distância curta, já deixará algumas diferenças entre candidatos, mas não se espera que sejam significativas.
David Rodrigues (Rádio Popular-Boavista) será o primeiro a partir às 15:43, mas aqui ficam alguns dos ciclistas a ter em atenção (arrancam com um minuto de diferença). Em baixo pode ver o quadro com a lista de inscritos.

  • 16:13: Emanuel Duarte (LA Alumínios-LA Sport)
  • 16:52: Amaro Antunes (W52-FC Porto)
  • 17:00: Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel)
  • 17:03: Mauro Finetto (Nippo Delko One Provence)
  • 17:06: Gustavo César Veloso (W52-FC Porto)
  • 17:07: João Benta (Rádio Popular-Boavista)
  • 17:08: Joaquim Silva (Miranda-Mortágua)
  • 17:10: Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO)
  • 17:11: Rafael Reis (Feirense)
  • 17:12: Joni Brandão (Efapel)
  • 17:13: Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano)
  • 17:16: Gavin Mannion (Rally Cycling)
  • 17:19: José Neves (Burgos-BH)
  • 17:20: João Rodrigues (W52-FC Porto)

Lista de inscritos (clica na imagem para ampliar):

(Texto foi originalmente publicado no blog Volta ao Ciclismo.)

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