A discussão em torno dos valores fisiológicos de grandes nomes do ciclismo ganhou novo capítulo esta semana.

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O assunto ressurgiu durante o podcast The Move, durante uma conversa sobre um estudo recente que analisa o VO2 máximo de Tadej Pogacar, possivelmente acima dos 90 mL/kg/min — um valor reservado a pouquíssimos atletas na história. Para comparação, Lance Armstrong apresentou cerca de 84 mL/kg/min e Chris Froome aproximadamente 88.

Entretanto, Johan Bruyneel, ex-diretor desportivo e figura central na era Lance Armstrong, voltou a questionar a célebre afirmação de Greg Lemond de ter o “maior VO2 máximo alguma vez medido no ciclismo” — estimado em 92,5 mL/kg/min e frequentemente citado como referência entre atletas de elite.

Lemond, tricampeão do Tour de France e bicampeão mundial, construiu ao longo das décadas a imagem de um talento fisiológico quase sem precedentes, reforçando que tal capacidade foi conquistada sem recurso a doping. No entanto, Bruyneel sugere que esses números podem não refletir a realidade.

Foi então que Bruyneel lançou a provocação: “É famoso por dizer que tem o melhor VO2 máximo alguma vez medido no ciclismo, que era o único ciclista limpo da sua época. Mas alguém já lhe pediu para provar isso?”

Segundo o belga, existe documentação que contradiz a narrativa. Durante o episódio, Bruyneel exibiu no telemóvel o que diz ser um teste de VO2 máximo de Lemond realizado em 1988, com resultado de 74,7 mL/kg/min — significativamente inferior ao valor divulgado publicamente.

O teste, afirma, teria sido feito quando Lemond procurava contrato com a equipa francesa Fagor. O norte-americano atravessava um período conturbado, ainda a recuperar do grave acidente de caça que quase lhe custou a carreira. “Estava acima do peso, fora da melhor forma, mas procurava uma equipa. Conheci o médico da Fagor e tenho o resultado desse teste”, reforça Bruyneel.

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Embora valores de VO2 máximo possam variar com o estado físico, treinos, peso corporal ou fase da época, a diferença entre 74,7 e 92,5 mL/kg/min levanta questões sobre a precisão — ou origem — do número amplamente associado a Lemond.

Bruyneel concluiu com nova crítica ao norte-americano, conhecido pela postura firme contra o doping e pelas acusações direcionadas a ciclistas da sua geração e posteriores:

“Greg Lemond foi um campeão extraordinário, isso é inegável. Mas se afirmou ter o maior VO2 máximo da história, porque nunca mostrou provas?”

Até ao momento, Lemond não respondeu publicamente à revelação. O debate, no entanto, reacende uma velha discussão no ciclismo profissional: até que ponto os números fisiológicos contam a história completa — e quando se tornam arma política dentro do pelotão.

Crédito da imagem: Greg LeMond /X -https://pbs.twimg.com/media/BnBSLd9CYAA2lYZ?format=jpg&name=4096×4096

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