As temperaturas acima dos 35 graus que se têm registado em várias regiões de Portugal podem colocar desafios sérios aos ciclistas, tanto a nível físico como técnico. Há muitas precauções a tomar, é verdade, mas deixamos por aqui meia dúzia de ideias a ter em conta quando ainda assim decidimos ir pedalar com calor extremo…

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A Federação Portuguesa de Ciclismo alerta que, nos dias mais quentes, o número de ocorrências médicas durante eventos pode aumentar até 30%, sinal claro de que o calor intenso está a agravar os riscos da prática de ciclismo.

Pedalar com calor: risco de desidratação

É possível perder até três litros de água por hora, quando o organismo só consegue absorver cerca de um litro no mesmo período. E, quando o treino é feito em ambientes quentes e húmidos, a evaporação do suor é menos eficaz, aumentando a probabilidade de exaustão.

Para minimizar estes riscos, recomenda-se uma hidratação eficiente. Começar por beber entre 400 e 600 ml de água fresca cerca de 20 minutos antes de iniciar o treino pode começar a ser uma boa prática antes do treino.

Durante o treino, a ingestão ideal situa-se entre 700 e 840 ml por hora, combinada com eletrólitos e hidratos de carbono para repor minerais e energia.

A reposição deve continuar até seis horas após o exercício, aproveitando a “janela de recuperação de glicogénio” na primeira meia hora pós-esforço.

Bicicleta diferente?

A bicicleta também sofre alterações com as altas temperaturas. Os pneus tendem a expandir, aumentando o risco de furos, enquanto os travões podem perder eficiência, especialmente em descidas longas.

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As alterações térmicas nos materiais influenciam diretamente o comportamento e a segurança da bicicleta. Recomenda-se especial cuidado com a manutenção da “máquina” nestes dias. Verificar tudo duas vezes é o ideal…

A aclimatação gradual é outro fator determinante. Treinar regularmente em condições de calor promove adaptações fisiológicas importantes como o aumento do volume plasmático e reabsorção mais eficaz de eletrólitos.

Horários ‘especiais’

Também o horário influencia: pedalar entre as 11 e as 16 horas deve ser evitado, privilegiando-se o início da manhã ou o final da tarde. O uso deroupa técnica leve e com proteção UV, bem como a verificação prévia da pressão dos pneus e do estado dos travões, completam o plano de segurança.

Eventos em adaptação

As grandes provas de ciclismo em Portugal já se adaptaram a esta realidade. A Volta a Portugal, por exemplo, enfrentou na últimas edições temperaturas que chegaram aos 45 °C.

Numa dessas etapas, descrita por Gustavo Veloso como “ciclismo numa sauna”, vários atletas abandonaram por desidratação e insolação. Para responder a estas condições, a organização mudou algumas regras de abastecimento: em vez de iniciar apenas no km 50, o fornecimento de líquidos passou a ser permitido logo nos primeiros km e estendeu-se até perto da meta.

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Bombeiros e voluntários criam zonas para atirar água sobre os ciclistas ao longo do percurso, e as equipas médicas reforçaram a presença e a prontidão para intervenções rápidas.

Por fim, um dado curioso: Junho de 2025 foi o mês mais quente de sempre na Europa Ocidental, com registos de 48 graus nalgumas zonas de Portugal…

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