A convite da Scott Portugal, tivemos o privilégio de estar presentes – em exclusivo nacional! – na apresentação oficial da Scott Lumen eRIDE 2023, a novíssima elétrica de BTT da marca norte-americana. E, naturalmente, tivemos oportunidade de ver ao vivo e a cores a bicicleta.

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A apresentação teve lugar em Itália no passado mês de Novembro, na lindíssima zona da Toscana, mais concretamente em Massa Vecchia, que é uma verdadeira estância de “férias” dedicadas às bicicletas. Paisagens de cortar a respiração, boa comida, pessoas simpáticas, aluguer e reparação de bicicletas em todo o lado, trilhos e percusos para todos os gostos: estrada, gravel, trail, XC. Tudo!

A juntar a isto, e à envolvência mágica das vinhas, dos oliveias e dos cedros tão característicos daquela zona de Itália, eis que as equipas internacionais da Scott receberam todos os jornalista de forma irrepreensível… Mas… e que tal a bicicleta?

Nova Scott Lumen a fazer lembrar… a Spark!

Quando se pensa em construir um novo modelo, existem mil e uma possibilidades que se podem adotar. Todas estas possibilidades exigem escolhas, muitas delas arrojadas e difíceis, mas que definem o caminho que se quer seguir e o objetivo que se pretende atingir.

Isto para dizer que a Scott aplicou a esta nova elétrica de montanha o famoso slogan que Nino Schurter tantas vezes usa: no shortcuts! Aos engenheiros da marca foram colocados vários desafios – peso reduzido, integração funcional e estética, parecença máxima com uma bicicleta “convencional”. E o resultado está à vista, como já apresentámos por aqui no dia do lançamento mundial.

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E comecemos pelo que mais impressona, isto além da estética aprimorada da Scott Lumen: o motor. O elemento mais diferenciador na bicicleta acaba por ser mesmo a unidade escolhida para dar alma a esta Scott, o HPR50 da TQ.

Super compacto, com apenas 8 cm de diâmetro, 1,85 kg, e a debitar 50 Nm e 300 watts. A integração quase natural no quadro faz com que este modelo quase pareça com exatidão a bicicleta que lhe serve de base, que é a Scott Spark 900.

Neste capítulo, o ruído – aquele “bzzz” tão característico nas bicicletas de pedalada assistida por via da eletricidade, simplesmente não existe. Já tivemos oportunidade de constatar isso também noutras bicicletas que recorrem a esta unidade motriz.

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E o arrastamento do motor é mínimo. Sente-se a entrada e saída da ajuda eléctrica, é certo, mas isto é algo muito, muito suave. Em ordem de marcha é difícil sentir a interrupção da ajuda quando se alcançam os 25 km/hora, a velocidade a partir da qual o motor desliga.

Bateria de 360 Wh

Este suave motor é alimentado por uma bateria integrada no tubo diagonal do quadro, uma unidade de 360 Wh, e existe a possibilidade de usar um extensor de bateria que é instalado numa das grades de bidão. Encaixe rápido, mais 160 Wh e a particularidade de poder ser usado em full power durante toda a sua carga.

Ou seja, primeiro gasta-se o Extender, que até ao fim tem sempre a mesma disponibilidade. Não há aquela situação em que, entre o final da carga do elemento extra e o início da bateria principal, só uma parte da potência está disponível até esgotar (só entrando novamente a potência total com a mudança para a bateria principal).

A passagem da bateria para o extender tem uma pausa de um segundo e é quase impercetível…

A autonomia, contudo, é sempre algo relativo, dependendo muito do atleta, do percurso e dos modos que vamos selecionando durante a volta. Mas a Scott anuncia até 60 km, pelo menos. Verificámos efetivamente que facilmente se consegue percorrer essas distâncias com a bateria principal apenas. 

A grande questão relativa à eficiência desta bicicleta está relacionada com o rácio que se consegue obter entre peso, motor e bateria. Nesse sentido, apesar do motor ser menos potente que o de muitas e-bikes presentes neste mercado, o peso da Scott Lumen é muito favorável a este cálculo.

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Consegue-se um valor de 37 watts por kg, face a algo como 35 watts por kg em muitas e-bikes “tradicionais” que conhecemos. Experimentámos a versão topo de gama, a inevitável Scott Lumen eRIDE 900 SL, que se fica pelos 15,5 kg.

Em relação aos restantes componentes eletrónicos associados ao sistema elétrico, também podemos contar com um display muito bem conseguido, inserido no tubo horizontal à frente, que com a ajuda de um comando minimalista no guiador permite alternar entre níveis de potência.

O display também mostra estamina, km percorridos, potência, etc, e é altamente personalizável através da app disponibilizada gratuitamente pela TQ. Tudo isto com uma prática ligação Bluetooth compatível com o smartphone.

A estrutura principal

Falamos do quadro, claro. A Scott Lumen eRIDE 2023 tem por base o quadro da Spark 900, que está agora ligeiramente reforçado ao nível das escoras traseiras, que também cresceram ligeiramente, aumentando assim o aprumo e a estabilidade. De origem encontramos uma proteção contra golpes de corrente e notamos que o clearance traseiro alberga pneus de até 2,6”.

A coluna de direcção também se apresenta robusta, contribuindo assim para uma imagem muito fluida e equilibrada, aproveitando a inovação criada na Spark 900. É possível  mudar o ângulo de direção em + ou – 0,6º com uma simples rotação da caixa de direcção.

Os tubos sobredimensionados da escora inferior, da caixa de pedaleiro com amortecedor no interior e do tubo diagonal compõem uma estrutura de elevada rigidez do tipo backbone, garantindo um comportamento muito positivo e confiante em todos os terrenos.

Mesmo em saltos e apoios mais agressivos, parece que vamos num “comboio a andar em carris”, sempre certinho.

Apesar de incorporar um motor e uma bateria, este quadro apresenta um aumento de volume de apenas 17% em relação à Spark convencional, o que é impressionante. Em todos os tamanhos podemos instalar dois bidãos no quadro, há espaço para isso.

O acesso ao amortecedor faz-se com facilidade através de uma tampa colocada por baixo do centro pedaleiro, sendo que este que está colocado numa posição um pouco mais baixa do que na Spark, com o objetivo de baixar o centro de gravidade (até porque há mais peso nesta secção da bicicleta).

Com a ajuda de um extensor de válvula é fácil afinar as pressões do amortecedor traseiro, que neste caso é um Fox Nude 5T EVOL que conta com o apoio do sistema bloqueio TwinLoc da Scott (tal como a suspensão frontal 34 Float Factory).

Curso de 130 mm em ambos os eixos.

Os cabos são completamente “invisíveis”, percebendo-se o enorme cuidado na passagem dos mesmos, que são de fácil acesso e manutenção, ainda assim, parece-nos. Na frente, o avanço e o guiador são um só elemento, com a possibilidade de instalar o ciclocomputador. É o Syncros Fraser iC SL DC Carbon que marca presença em todas as versões.

Bem equipada…

Por fim, nesta versão topo de gama 900 SL fica difícil não falarmos dos vários componentes também de topo que estão montados. Resumidamente, e além das suspensões de que já falámos, destaque para o espigão telescópico Fox Transfer Factory Dropper Post Kashima e para as rodas Syncros Silverton SL2-30 CL full carbono (com cubos DT Swiss 240).

E também para os eficazes travões Shimano XTR, para a transmissão Sram Eagle XX1 AXS 12x (10-52t) e dos vários periféricos Syncros, entre os quais já falámos do conjunto guiador/avanço.

Já o selim e os punhos foram os elementos de que menos gostámos: punhos com sistema lockon com boa aderência, mas desconfortáveis; e selim Syncros Tofino que também se revela desconfortável e pouco ergonómico… Dois pormenores num mundo de luxo e numa bicicleta perfeitamente fantástica e que nos deixa nas “nuvens”.

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Imagens: Scott / Michal Cerveny

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