Sepp Kuss avisara, no segundo e último dia de descanso na prova, que não queria que Jonas Vingegaard e Primoz Roglic lhe cedessem como oferta a camisola vermelha.

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O norte-americano disse-o, literalmente, nem sequer se referia ao facto de o seu 29.º aniversário, ontem, coincidir com o dia da etapa do Angliru. Mas apesar do seu pedido, Kuss recebeu de Vingegaard, mas acima de tudo de Roglic, uma prenda envenenada: deixaram-no para trás na parte final da  subida quando os três lideravam a corrida. Deslealdade a quem foi fiel  companheiro daqueles nas respetivas vitórias, nas voltas a França e a Itália esta temporada.

Mais, no Angliru, em 2020, Kuss abdicou das pretensões à vitória na etapa para cumprir, uma vez mais a preceito a função de gregário de luxo, e rebocou Roglic quando esteve estava a passar menos bem na subidam, numa ação que foi determinante para o esloveno conquistar a segunda Vuelta.

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Depois de Jonas Vingegaard ter atacado duas vezes para a vitória, no Tourmalet e na etapa anterior à do Angliru, mas a coberto de uma defesa da sua posição e da equipa, Roglic não tinha motivos para, após acelerar e descartar Mikel Landa, o último dos adversários da Jumbo que resistiam com o trio à frente, continuar a fazê-lo ao ponto de fazer ceder igualmente o seu companheiro de equipa e líder da classificação geral.

Bastava ao esloveno – porque Vingegaard limitou-se a segui-lo – aliviar um pouco o ritmo para permitir a Kuss manter-se. Bastava SÓ isso. Mas isso era pedir-lhe demasiado!

Todavia, Kuss ainda beneficiou da roda de Landa e conteve o atraso na meta a 19 segundos, o que o coloca a apenas oito segundos de Vingegaard, que a conclui a etapa – obviamente… – na roda de Roglic.

«Trabalhámos muito bem juntos, eles [Vingagaard e Roglic] são dois grandes campeões. Queria a minha oportunidade, mas também estou disposto a trabalhar para eles», disse Sepp Kuss, sem mostrar o mínimo sinal de ressentimento.

A Primoz Roglic, por seu lado, nem o habitual pragmatismo no discurso justifica a atitude… «Limitei-me a impor o meu ritmo. É estranho [deixar Kuss para trás], mas numa subida tão inclinada cada um vai o mais rápido possível e depois vê-se», declarou o esloveno, que reduziu para 1.08 minutos a desvantagem para Kuss e para 1.00 m para Vingegaard.

O dinamarquês defendeu-se bem, na estrada, na conduta e na abordagem ao sucedido. «Sinceramente, estou satisfeito por Sepp [Kuss] ainda estar de vermelho, gostaria mesmo que ele ficasse com a camisola e vencesse esta Volta a Espanha», disse quem nunca esteve tão perto de vencer Tour e Vuelta.

Quanto a João Almeida, ascendeu ao terrível Alto do Angliru ao seu estilo, de trás para a frente, culminando a boa exibição com a sexta posição na etapa, a 58 segundos do vencedor Primoz Roglic (Jumbo-Visma) e a subida ao nono lugar da classificação geral, a 9.26 m do camisola vermelha Sepp Kuss (Jumbo-Visma).

O português da UAE Emirates iniciou as rampas íngremes daquela contagem de 1.ª categoria para o prémio da montanha recuado no grupo dos favoritos, mas não demorou a encetar mais uma das já habituais recuperações.

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Às tantas na sua cavalgada, João Almeida alcançou o companheiro de equipa Juan Ayuso, quarto na geral, a debater-se para superar as elevadas inclinações da estrada, mas após uns instantes em que deu auxílio ao jovem espanhol, partiu, deixando-o entregue às suas forças. Também uma decisão controversa… Ayuso perdeu tempo e tem o quarto lugar preso por escassos segundos. As coisas vão de mal a pior na UAE Emirates!

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Fotos La Vuelta Twitter

 

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