“As bicicletas aero cada vez mais funcionais e versáteis”. Esta afirmação não é nossa, pertence sim a uma frase (e ideia) que se ouve muito pelos “bastidores” das corridas do World Tour, garantem os entendidos. E corresponde a algo que está à vista de todos, pois este bicicletas deste tipo são já utilizadas em etapas que até incluem sectores de montanha bastante exigentes.
Há algumas temporadas era impensável vermos profissionais a subirem com modelos com estas características, mas não é menos verdade que as marcas estão a fazer um esforço para dotar estas bicicletas com geometrias que permitam obter elevado desempenho na planície sem penalizar o resultado nas partes de pedal “puro e duro” a subir.
Isto significa que encontramos nas bicicletas aero de hoje um design tremendamente aerodinâmico, uma geometria altamente rativa e equipamento e acessórios que até se podem encontrar em bikes de triatlo. Ficamos com a ideia de que as marcas “fundem” vários tipos de bicicleta numa só, mas mantendo uma especial aptidão “trepadora” ao mesmo tempo que é mantido um ADN aerodinâmico.
Neste contexto, aqui estão ao pormenor (e em vídeo), dez bicicletas aero que “dão cartas” no World Tour. Eis a lista destas dez “maravilhas”, que surgem neste artigo por ordem alfabética:
1. BH Aerolight EVO
A base é um quadro aerodinâmico muito leve em que a tecnologia de modelação Hollow Core Internal Moldiing-HCIM da marca maximiza a rigidez do carbono. O quadro pesa 950 gramas e destaca-se a integração total dos cabos, incluindo no guiador e na direção.
A forqueta, por sua vez, tem uma forma curvada muito característica (a Air Bow Desing) e na qual a distância para com a roda está sobredimensionada ao máximo, sem zonas de pressão por parte da deslocação do ar. Diz a BH que, assim, as vibrações vindas do asfalto são absorvidas.
A geometria, como referido, é muito compacta, para não comprometer a aceleração, e faz sobressair o triângulo posterior minimalista com escoras de 410 mm.
A gama é composta por quatro modelos. A topo de gama é a Aerolight 7.5 (11.999 euros), que, como seria de esperar, está muito bem equipada com transmissão Sram Red eTap AXS, rodas Zipp 454 NSW, periféricos FSA e muito mais. O modelo mais acessível é a Aerolight 6.0), com transmissão Sram Rival eTap AXS, rodas Vision Trimax 35 e preço de 5.299 euros.
2. Cannondale SystemSix
A Cannondale afirma que a SystemSix “sprinta, desce e sobe mais rapidamente”, o que remete para este conceito aero de que estamos a falar. O design da bike, contudo, não deixa dúvidas: é na velocidade que está a sua razão de ser…
E é como um todo (quadro ,guiador, forqueta, espigão, rodas…) que este modelo apresenta uma das resistências ao ar mais baixas do mercado. Diz a própria marca que “pode rolar a 48 km/hora consumindo menos 50 watts que modelos concorrentes”.
Todos os cabos passam internamente, claro, e a geometria fala pro si: distância entre eixos abaixo de um metro (975 mm no tamanho 54) e escoras compactas (405 mm).
Existem dois modelos. O mais básico é em carbono BallisTec (5.599 euros), com transmissão Ultegra 11x e rodas Vision SC55 Carbon…), e o topo de gama, que é a SystemSix HI-MOD Ultegra Di2 (8.399 euros), conta com a exclusiva fibra de carbono BallisTec HI-MOD, transmissão Ultegra Di2 e rodas KNOT 64 Carbon.
Mais info: Cannondale SystemSix
3. Canyon Aeroad
A Canyon Aeroad tem um design tremendamente aero. Os quadros disponíveis baseiam-se em três tipos de construção distintas, diz a marca, assente em fibra de carbono: CFR, CF SLX e CF SL. O design é partilhado e apresenta uma elevada eficiência na resistência ao ar, fruto de muito trabalho no tunel de vento.
Este modelo pode não apresentar um look tão aprimorado como outros da concorrência, mas a verdade é que os resultados em competição não são nada maus, certo?
O quadro da Aeroad tem uma estética sem cabos à vista e uma geometria compacta com 989 mm entre eixos de escoras de 410 mm no tamanho M. Isto traz, em teoria, elevado desempenho em altas velocidades, garantem.
A Aeroad divide-se nas três construções de carbono referidas atrás, mas está disponível em dez modelos diferenes. No topo de gama está a edição especial de Van der Poel, a Aeroad CFR MvdP, que se apresenta com logotipos MvdP, transmissão Dura-Ace Di2 12x, rodas DT Swiss ARC 1100 e 7,24 kg. Tudo isto e muito mais desde 9.999 euros.
O modelo mais barato é a Aeroad CF SL 7, com transmissão Shimano 105, rodas Reynolds AR62 Carbon, 7,95 kg e preços desde 3.399 euros. Também disponível numa versão para senhora.
4. Cervélo S5
A Cervélo tem nesta S5 a sua principal “arma” aero e a concepção da bicicleta é executada como um topo, sem esquecer sequer a ação do ciclista, que é naturalmente parte importante na aerodinâmica devido à pressão exercida a todos os níveis.
A S5 apresenta talvez o design mais atrevido de todos estes dez modelos, juntamente com a Orbea Orca Aero, talvez. Um perfil muito slim que abraça as rodas e forma um conjunto muito compacto. O cockpit está totalmente integrado.
O quadro da S5 é em fibra de carbono com tubos TrueAeroTM e uma geometria muito reativa, garante a marca: distância entre eixos de 975 mm no tamanho 54, escoras de 405 mm. Um modelo disponível em cinco tamanhos.
A gama assenta no mesmo quadro de base, mas mostra-se com seis acabamentos distintos. Existem duas versões de topo, ambas com preços desde 10.999 euros, e nas quais as diferenças estão apenas na transmissão. Uma tem o grupo Shimano Dura-Ace Di2 12x, a outra o Sram Red eTAp AXS.
Entre os restantes componentes destacam-se as rodas de carbono Reserve com perfis de 50 ou 65 mm. Na entrada de gama está uma S5 que custa desde 6.399 euros e tem transmissão Shimano Ultegra 11x e rodas DT Swiss P1800…
5. Cube Litening
A nova Litening da Cube foi desenvolvida tendo em vista parâmetros de baixa resistência aerodinâmica e um elevado poder de aceleração, diz a marca. O leve quadro C:68X foi desenhado “recorrendo a uma dinâmica de fluidos computacional e a ensaios em túneis de ventos reais, sendo o resultado uma significativa redução de 30 % na resistência, isto num quadro que cumpre totalmente as normas da UCI e que integra perfeitamente a forqueta, o guiador e o espigão”.
O ICR Design tem cabos e componentes integrados. A geometria combina os conceitos aero e de “trepadora”: distãncia entre eixos de 980 mm (no tamanho 54), as escoras têm 410 mm e o peso fica-se pelos 7,4 kg.
São quatro os modelos na gama, todos eles com uma boa relação entre qualidade, componentes e preço. A Litening C:68X SLT (desde 7.299 euros) é a mais avançada, com Shimano Dura-Ace Di2 12x e rodas Newmen Advanced SL R Carbon com perfil de 50 ou 55 mm.
Na entrada de gama, a Litening C:68X Pro: preços desde 4.699 euros e equipamento que destaca a transmissão Sram Force eTap AXS e as rodas Newmen Advanced SL R 50 Carbon.
6. Merida Reacto
A montagem mais aero da Merida dá pelo nome de Reacto e foi concebida com a promessa de oferecer elevado desempenho a rolar. São vários os quadros disponíveis, dependendo da construção: a fibra de carbono CF5 IV (com partículas Nano Matrix) dá leveza ao conjunto (pesos a partir de 7,39 kg), face ao carbono CF3 IV das versões mais básicas.
Os pormenores mais aerodinâmicos estão nas pinças de travão Disc Cooler, que prometem ajudar a arrefecer o sistema de travagem, e o cockpit com guiador e caixa com cabos totalmente internos (Wire Port). Outro detalhe está no espigão S-Flex, que de certa forma consegue “filtrar” as irregularidades do terreno graças à presença de elastômero, refere a Merida.
A destacar na geometria da Reacto: a grande distância entre eixos de 990 mm (no tamanho M) para dar firmeza à bike sem comprometer a reatividade (com a ajuda de escoras de 408 mm.
A gama é vasta, com sete modelos e preços desde os 10.549 euros da Reacto Team-E (transmissão Shimano Dura-Ace Di2, rodas Vision Metron 55 Carbon) as 2.699 euros da Reacto 4000, com Shimano 105 e rodas de alumínio Merida Expert CW.
7. Orbea Orca Aero
A Orbea Orca Aero sofreu recentemente uma forte remodelação para manter-se em forma para 2022 num segmento tão disputado como este das aero. A marca recorre aqui à fibra de carbono mais avançada da sua gama, a OMX, para dar rigidez sem penalizar no peso. O design apurado no tunel de vento reduz o drag consideravelmente, diz a marca, bem como a resistência aerodinâmica (15W a 40 km/h e 28W a 50 km/h).
Como vemos pelas imagens, foi desenhado em conjunto com a bike um set de porta-bidons que não prejudica a aerodinâmica, isto sem esquecer o cockpit OC totalmente integrado e com cabos a passarem internamente.
A geometria mantém a reatividade, em teoria: eixos a 976 mm de distância (no tamanho M) e escoras de 408 mm. E ainda pontos como a possibilidade de montagem de pneus de 30 mm e as peronalizações do programa MyO.
A gama compreende seis modelos e preços variados, que vão dos 9.599 euros da Orca Aero M10i LTD (transmissão Shimano Dura-Ace Di2 12x e rodas Shimano Dura-Ace C50 Carbon) aos 3.999 euros da Orca Aero M20 LTD (transmissão Shimano Ultegra 11x e rodas Fulcrum 400DB).
8. Pinarello Dogma F Disk
Diz a marca que a Pinarello nunca fez distinções entre bicicletas aero e bicicletas trepadoras, de certa forma. Mas olhando com atenção para esta Dogma F Disk vemos que se enquadra perfeitamente no âmbito desta nossa seleção.
Isto porque o quadro da Dogma F Disk apresenta linhas de uma autêntica aero, com as secções de design FlatBack em destaque, desde a forqueta Onda até ao tubo diagonal. Segundo a Pinarello, este quadro traz até 4,8% mais aerodinâmica que a Dogma F12 Disk. A isto junta-se uma geometria muito reativa, com um pequeno triângulo posterior (escoras de 406 ou 408 mm, em função dos tamanhos) e pesos desde os 6,8 kg (no tamanho 53).
O quadro é composto pela fibra de carbono Torayca T1100 1K e pesa 865 gramas. E são 11 tamanhos à disposição.
A gama da Dogma F Disk tem como característica base em opção as transmissões Shimano Dura-Ace Di2 e Sram Red eTap AXS. Ou uma, ou outra. Depois há várias outras opções de montagem: diferentes rodas, entre as quais as DT Swiss 1400 DB, as Shimano Dura-Ace R9270 ou as Fulcrum Speed Lite 40DB. E conjuntos de cockpit distintos, que também influenciam o prçeo final, que vão de 14.620 a 15.195 euros, pelo menos.
Mais info: Pinarello Dogma F Disk
9. Specialized Tarmac SL7
Tal como todas as bicicletas neste especial, esta Specialized é algo fora de série. Tivemos oportunidade em tempos de experimentar uma versão Expert da Tarmac SL com Ultegra Di2 e confirmarmos isso mesmo.
“Muito mais do que destreza aerodinâmica”, diz a marca na descrição, daí encaixar neste tipo de bikes que temos neste artigo. E explica que foram além do trabalho na redução do arrasto, focando-se na otimização do peso. O quadro da Tarmac SL 7 pesa 920 gramas “sem sacrificar uma grama de aero, rigidez ou qualidade de comportamento”. Escoras de 410 mm.
Relembramos que a bicicleta foi desenvolvida com ciclistas das três equipas World Tour da marca: Boels-Dolmans, Deceuninck-Quick-Step e Bora-hansgrohe. E após muitos kms percorridos, dizem. O resultado é uma bike com um cockpit eficaz e com cabos integrados, entre muitos outros atributos.
No momento em que escrevemos, o site da Specialized apresenta os modelos Tarmac SL7 Comp – Rival eTap AXS a 5.400 euros e S-Works Tarmac SL7 – SRAM Red eTap AXS a 13.800 euros. Mas o destaque tem inevitavelmente de recair na S-Works Tarmac – Coleção Speed of Light, que custa 15.300 euros, e é indicada como sendo modelo de 2022 (tal como a outra S-Works referida atrás).
Sairá o modelo de 2022 em breve, certamente, mas até lá esta “maravilha” surpreende com “argumentos” como o conjunto de transmissão e travões Sram Red eTAP AXS de 12x e as rodas em carbono Roval Rapide CLX.
Mais info: Specialized Tarmac SL7
10. Trek Madone
Por fim, um dos modelos que mais nos agrada! A Trek Madone é uma bicicleta bastante particular se a comparamos com a concorrência olhando para o sistema IsoSpeed. esta é uma espécie de rótula que está entre o tubo do selim e o top tube e que serva para absorver as vibrações que surgem das irregularidades do asfalto.
O quadro desta Trek apresenta-se em duas construções diferentes: a SLR com carbono OCLV série 800, 30% mais resistente que a série 700 e muito leve (pesos a partir de 7,65 kg) e a SL com carbono OCLV série 500. Ambos contam com design de tubos Kammtail Virtual Foil de comprovada eficiência aerodinâmica e com integração absoluta do cockpit e dos cabos.
Na personalização, este modelo faz parte do programa Project One ICON, que fornece muitas opções à medida do ciclista. Por sua vez, a geometria apresenta 981 mm de espaço entre eixos (no tamanho 54) e escoras com 410 mm.
A gama é vasta e baseia-se nos dois tipos de quadro referidos acima. São sete modelos ao todo (cinco deles com quadros SLR), sendo que no topo está a Trek Madone SLR9 eTap que, por valores desde os 14.499 euros, inclui transmissão Sram Red eTap AXS e rodas Bontrager Aeolus RSL 51, entre outros elementos.
Na entrada da gama, contudo, está a Madone SL6, com transmissão Shimano Ultegra 11x e rodas Bontrager Aeolus Comp. Preço desde 4.999 euros.
Fotos: BH Bikes / Cannondale / Canyon / Cervélo / Cube / Merida / Orbea / Pinarello / Trek
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