Em Montreal, a 85.ª vitória da UAE Emirates nesta temporada foi muito mais do que um número. Foi um gesto de liderança, generosidade e espírito de equipa. Tadej Pogacar, o atual campeão mundial e um dos ciclistas mais dominantes da era moderna, podia ter inscrito o seu nome como o primeiro arco-íris da história a vencer o Grande Prémio de Montreal. Tinha pernas, iniciativa e margem. Mas preferiu um gesto nobre: ofereceu a vitória ao seu colega e amigo Brandon McNulty.

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Os dois cruzaram a meta lado a lado, após 209,1 quilómetros intensos pelas ruas de Montreal. Pogacar, ao chegar, apontou para McNulty — o gesto inequívoco de que a vitória era dele. Um gesto de respeito, de valorização do coletivo, e também uma mensagem clara da força da UAE Emirates, que com este triunfo igualou o lendário recorde de 85 vitórias numa só temporada, pertencente à já extinta Columbia-HTC, em 2009.

Com um tempo de 5h14m04s, McNulty inscreveu-se como vencedor da clássica canadiana, relegando para o segundo lugar o próprio Pogacar, bicampeão da prova (2022 e 2024), e para terceiro o norte-americano Quinn Simmons (Lidl-Trek), que cortou a meta a 1 minuto e 3 segundos.

A corrida foi marcada por um ataque decisivo de Pogacar a 35 km do fim. Nessa altura, isolou-se com McNulty, Simmons e Louis Barré (Intermarché-Wanty), enquanto muitos outros ciclistas cediam ao ritmo imposto pelo pelotão — entre eles, o português Afonso Eulálio (Bahrain Victorious), que viria a abandonar, como tantos outros.

A pouco mais de 20 quilómetros do fim, Pogacar acelerou e isolou-se, deixando para trás os seus companheiros de fuga, numa demonstração clara do seu poder. No entanto, a corrida ganharia outro rumo quando McNulty conseguiu alcançá-lo — e Pogacar, em vez de selar mais uma vitória para o seu palmarés já brilhante, decidiu ceder a glória ao companheiro, permitindo-lhe alcançar a 18.ª vitória da carreira.

Este gesto simbolizou muito mais do que uma cedência: foi um ato de liderança e união dentro de uma equipa que tem dominado a temporada de forma quase implacável. A UAE Emirates iguala agora o recorde absoluto de triunfos numa época, cimentando-se como a força dominante do ciclismo mundial em 2025.

Pogacar regressava à competição no Canadá, após uma pausa de um mês e meio desde a sua consagração como tetracampeão do Tour de France. A sua exibição em Montreal, embora sem vitória pessoal, mostrou que continua em grande forma — e sobretudo, que continua a colocar a equipa à frente do ego.

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No final, não houve pódio apenas para um. Houve vitória para todos os que acreditam que o ciclismo é feito não só de watts e números, mas também de gestos que ficam para a história.

Crédito da imagem: UAE Emirates

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