O esloveno Tadej Pogacar voltou a fazer o impossível parecer rotina. O ciclista da UAE Emirates conquistou hoje, pela quinta vez consecutiva, a Volta à Lombardia, solidificando o seu estatuto de lenda viva do ciclismo mundial. Em apenas duas semanas, Pogacar acrescentou este Monumento ao título mundial e ao europeu, numa sequência de feitos que poucos ousariam sonhar.

PUB
Titan Almeria 2025

“Ganhar cinco vezes seguidas. Cada vez que começo acredito que a corrida me assenta bem, mas também tenho uma boa equipa à minha volta. Obrigado aos meus colegas de equipa. Todos trabalharam bem e protegeram-me. Foi um trabalho de classe mundial da equipa”, afirmou, com um sorriso cansado, mas carregado de emoção, após cruzar a meta em Bérgamo.

Depois de brilhar no Mundial em Kigali e no Europeu, na francesa Ardèche, e ainda de vencer a Tre Valli Varesine na terça-feira, “Pogi” inscreve mais um marco no seu já colossal palmarés. Torna-se o primeiro ciclista da história a vencer o mesmo Monumento em cinco temporadas consecutivas — um feito digno dos livros dourados do desporto.

Nesta temporada que parece não ter fim em glória, Pogacar iguala ainda o mítico Eddy Merckx, como o único ciclista a vencer três Monumentos no mesmo ano, depois dos triunfos na Volta a Flandres e na Liège-Bastogne-Liège. O belga, no entanto, conseguiu tal proeza em quatro ocasiões — o que dá ainda mais brilho ao feito do esloveno.

Na Lombardia, Pogacar alcançou também o recordista Fausto Coppi, somando cinco vitórias, mas com um detalhe extraordinário: todas consecutivas. Com isso, chega ao 10.º Monumento da carreira e torna-se o terceiro ciclista com mais triunfos nas cinco clássicas mais prestigiadas do mundo, atrás apenas de Merckx (19) e de Roger de Vlaeminck (11).

O domínio é tal que, além das três vitórias em Monumentos este ano, Pogacar subiu ao pódio nos outros dois — um feito inédito. Foi terceiro na Milão–Sanremo, a corrida “mais entalada na sua garganta”, e segundo no Paris–Roubaix, ambas vencidas pelo neerlandês Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceunick).

“Há sete anos que digo que esta é a minha melhor temporada. Este ano posso dizer o mesmo”, confessou Pogacar, entre risos, já com a medalha de mais uma conquista pendurada ao peito. O triunfo na Lombardia é o seu 20.º de 2025, ainda assim menos cinco que no ano anterior.

PUB
Fox Service

Se em 2024 Pogacar se isolou a 44 quilómetros da meta, este ano “apenas” pedalou sozinho nos últimos 34, dominando os 241 quilómetros entre Como e Bérgamo com o tempo de 5h45m53s. E, tal como no Mundial, no Europeu e na Lombardia do ano passado, Remco Evenepoel voltou a ser o segundo, a 1m48s. O australiano Michael Storer (Tudor) completou o pódio, a 3m14s.

A 119.ª edição da “Clássica das Folhas Mortas” teve o seu toque épico habitual. O norte-americano Quinn Simmons (Lidl–Trek) foi o último resistente da fuga inicial e acabou num meritório quarto lugar, a 3m38s. Já o francês Paul Seixas (Decathlon AG2R La Mondiale), apenas com 19 anos e 17 dias, terminou em sétimo e tornou-se o mais jovem ciclista desde 1980 a figurar no top 10 de um Monumento — superando o português António Morgado, que tinha sido quinto na Flandres de 2024.

Entre os portugueses, Rui Costa (EF Education–EasyPost) foi 66.º, a 18m12s, e Afonso Eulálio (Bahrain–Victorious) 96.º, a 26m16s.

Esta edição da Volta à Lombardia foi também marcada por despedidas emocionantes, entre elas as do polaco Rafal Majka (UAE Emirates) — a quem Pogacar chegou a chamar o seu “mentor” — e do sul-africano Louis Meintjes (Intermarché–Wanty). Dois veteranos que deixam o pelotão no mesmo dia em que Pogacar continua a escrever, pedalada a pedalada, uma história que parece não ter fim.

Classificações 

PUB
Beeq E-Bikes

Créditos da imagem: Il Lombardia/X

Também vais gostar destes!