A Crow Gravital UL2 faz algo muito bem feito: alia o melhor do estilo gravel ao mundo (maravilhoso?) das e-bikes. A marca não tem grande expressão em Portugal, mas não temos dúvidas de que este modelo “luta” bastante bem para contrariar isso, com capacidades para agradar aos fãs deste tipo de bicicletas.

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Como? Com muitos “pormenores” exclusivos e “artesanais”, e com um look que não deixa ninguém indiferente, isso é certo. Para colocar tudo à prova, temos dados umas boas voltas com esta Crow, praticando um gravel um pouco mais “radical”, algo a que a bicicleta responde muito bem.

Mas também parece ser adequadas às voltas mais longas, mais aventureiras, dando tudo em cada trilho que percorremos. Vejamos então como é como se comporta a e-bike de gravel Crow Gravital UL2.

E-gravel de carbono

O conceito fica fechado com uma particularidade, que ainda para mais atesta que esta Crow é capaz de tudo, literalmente. Ou seja, é uma gravel, é uma e-bike, é dona de uma quadro em carbono preparado para todas as situações.

Mais? É assumidamente leve tendo em conta o segmento em que se insere; assim, e porque podemos desmontar a bateria, a Gravital permite-nos a prática do gravel convencional. Sim, a bicicleta foi pensada para um uso sem a bateria estar instalada, também.

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Assim agrada a “gregos e troianos”: a quem gosta do ciclismo de trilhos convencional, e ao mesmo tempo a quem é fã da assistência elétrica à pedalada que é trazida pelas e-bikes.

Voltando ao assunto, note-se que o peso com bateria instalada (e com pedais) é de 14,5 kg na nossa balança eletrónica; sem a bateria, no entanto, o ecrã da balança assinala 11,6 kg. Isto mostra que a leveza é uma das características da bicicleta, ainda para mais sabendo que se trata de uma e-bike. Comportamente típico de uma e-bike, com elevados índices de controlo.

O motor presente neste modelo é o compacto Fazua Ride Trail 50, cujos 50 Nm debitados, em conjunto a referida leveza, fazem com que a Crow Gravital UL2 consiga… voar!

Motor Fazua Ride 50 Trail.

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Design funcional

A Crow Gravital UL2 assenta num quadro ajustado para a performance. Não apresenta uma design de linhas espetaculares nem com cores apelativas por aí além (podiam estar disponíveis uns tons mais alegres, em nossa opinião…), mas sim um design que se revela muito funcional.

Isto quer dizer, entre outros elementos, que o que não falta ao longo do quadro e até na forqueta são pontos para instalação de bolsas de carga, grades de bidon e alforges. Além disso, se decidirmos deixar a bateria em casa, o Fazua Ride 50 Downtube Cover (vendido em separado por 84 euros) é o elemento que viaja na bicicleta no sítio onde normalmente está a bateria. Útil e esteticamente pertinente.

Fazua Ride 50 Downtube Cover.

Seguindo com a funcionalidades, falemos da geometria: no tamanho M que testámos (estão disponíveis três tamanhaos), a distãncia entre eixos é de 1.025 mm apenas. Relembramos: sim, é uma elétrica!

Isto, juntamente com ângulo de direção a 71,25 graus, confere á Gravital um bom equilíbrio entre reatividade e controlo, algo que foi possível comprovar numas boas descidas técnicas feita com alguma velocidade.

Por outro lado, o tubo de direção de 150 mm e o reach de 377 mm, curto, colocam-nos numa posição muito apropriada para todo o tipo de voltas, algo que se ajusta ás tendências mais recentes do gravel.

Uma posição em cima da bicicleta que mais parece “roubada” à de modelos de estrada mais aero… Há uma sensação de controlo constante.

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Muito rápida e com um guiador que reduz algumas daquelas reações mais ‘nervosas’ que notamos em muitos modelos de gravel. Comportamente adequado em qualquer situação…

Para essa sensação de controlo constante muito contribuiu o guiador Ritchey WCS Comp Beacon que é a escolha da Crow para este modelo. Com 44 cm de largura, há um bom reforço de controlo.

As extremidades do guiador estão bem abertas, a 36 graus, e isto ajuda em alguns modelos críticos. Diga-se que é um guiador que primeiro se estranha e depois se entranha. É preciso experimentar para perceber que resulta…

Equipamento equilibrado

No caso desta versão UL2, o nível de equipamento está no ponto certo entre funcionalidade, preço e qualidade. Não precisamos de mais para metermos esta Crow a rolar forte! A transmissão Shimano GRX 810, por exemplo, é uma maravilha do bom funcionamento.

A disposição das manetes de controlo das mudanças (e travões) benefecia com a largura e características do guiador Ritchey Beacon, muito aberto. Controlo facilitado do sistema. Este conjunto GRX devia dar graças ao guiador Ritchey Beacon!

Conseguimos travar sem problema algum sem termos de tirar as mãos das manetes das mudanças, sendo que isto torna as descidas em particular momentos de mais fluidez, sempre na velocidade que desejamos levar e sem “descomando”.

Travões poderosos, fáceis de ‘dosear’ e sem emitirem ruídos estranhos, mesmo quando ‘abusamos deles’.

As rodas, por sua vez, também são da coleção Shimano GRX. Funcionam inpecavelmente e não acusam a pressão mesmo quando “mergulhamos” com elas em caminhos mais exigentes, repletos de pedras soltas (das grandes!) e muitas raizes. Haja “unhas”!

A acompanhar, o pneus Schwalbe G-One Bite 700x40c mostram-se ao nível que já vimos antes noutras gravel: boa tração mesmo com piso húmido. Contudo, notámos uma ligeira tendência para furar… Solução? Simples: instalar um sistema de “combate” aos furos. Fitas, mousses ou meter as rodas tubeless (também pode ajudar).

Nota para um ponto muito em particular, relacionado com o selim. É um Essax Eon e agrada-nos muito. Está a meio da escala do conforto, ou seja, não é o mais confortável de todos, mas também não é desagradável ao ponto de querermos substituí-lo logo à segunda volta.

E no terreno?

Antecipando um pouco as nossas conclusões, diga-se que a Crow Gravital UL2 se porta memos bem. Agrada-nos o conceito de e-bike aplicado à bicicleta de gravel, confessamos, algo que pode ser especialmente útil em voltas das maiores e nas viagens de bicicleta (desde que possamos recarregar a bateria enquanto pernoitamos algures…).

O desempenho da bicicleta surpreendeu-nos pela positiva, já que a forma como a podemos manusear é tal e qual o que conhecemos de uma gravel convencional, sem motor. Rápida e com o referido guiador a contrariar muitas das reações “nervosas” que as gravel normais demostram.

Quando à assistência à pedalada, o conselho é que a uses mais no modo económico, que no caso dos produtos Fazua é chamado de Breeze e distribuiu potência de um modo muito subtil e progressivo. Um modo limitado a 100w e do qual damos conta num pedalar suave e a rolar.

Modo Breeze (o mais económico).

Quando aplicamos força nos pedais e nos cranques, contudo, eis que esta assistência se deixa de notar. É quase como a bicicleta nos dissesse: “se vais tu a pedalar, a energia que te dou é só esta, é suficiente”. Parece um paradoxo, mas funciona e é agradável enquando o terreno não inclina… Reconfortante.

Se as pernas começarem a acusar o esforço até então, o modo River, com 210w, e o modo Rocket (a fundo!) vão conseguir sempre livrar-nos de momento de apuros. O reverso da medalha é o facto de a bateria se esgotar num ápice caso andemos apenas nestes dois modos (tem 252Wh de capacidade…). A app móvel da Fazua pode ser instalada no smartphone para ajudar nesta gestão.

Notamos que os botões de controlo do sistema e dos modos são um pouco complicados de manusear à primeira e durante o movimento. Algo a que nos habituamos, contudo.

Quanto à agilidade da bicicleta, é espetacular. Momentos de “esperteza” próximos aos de uma bicicleta de BTT/XC, sob controlo quando a velocidade aumenta. Até em descidas com mais terra e pedra solta acabamos por nos sentir bem aos comandos da bicicleta, e um pouco por “culpa” das características do guiador da Ritchey. Passamos com sucesso por partes do trilho onde podíamos jurar que não passaríamos…

A subir, o mesmo: ágil em trilhos com pedras soltas e outros “contratempos”. O motor liberta potência na dose certa para que as rodas e os pneus tenham a tração necessária. O guiador dá uma ajuda no controlo das “operações”. E progredimos a bom ritmo, desde que haja pernas que acompanhem a bicicleta.

Um pouco menos positivo? A quase inexistente capacidade do quadro de absorver os impactos que nos chegam do solo. É um quadro rígido, pensado para aceleração, o que faz com que as vibrações sejam transmitidas com fidelidade para o corpo. Se o ritmo é alto e o trilho exigente, então será o corpo a pagar a “fatura” no final. Tal como nas gravel convencionais, apesar de aqui o motor acentuar um pouco mais a sensação de que falamos.

Solução para isto pode ser ajustar a pressão dos pneus em função do tipo de terrenos acidentado em que vamos andar. Ou talvez optar por pneus com um pouco mais de “balão”. A ficha técnica desta Crow refere que o quadro “aceita” até 45 mm de largura e o acrescento de “lastro” trazido por pneus desse género não é problema numa elétrica.

A nossa avaliação

Esta é uma bicicleta de gravel “viciante”. E não é só por ser elétrica; é mais porque nos permite fazer bem tudo o que queremos. Podemos andar “com a faca nos dentes”agora, com o motor “a fundo”, e daqui a pouco andar mais devagar, com a devida assistência caso as pernas falhem.

Fácil de manusear, rápida, boa a acelerar (mesmo sem ajuda do motor). Se se queremos ir de viagem, há pontos de fixação em abundância e até podemos remover a bateria para a levarmos para carregar dentro de casa. A remoção da bateria é um pouco complicada de executar, contudo.

Fazua Ride 50 Downtube Cover.

É verdade que um pouco mais de conforto seria apreciado, mas, na verdade, qual é a gravel que é 100% confortável?! Já sabemos ao que vamos nesta vertente do ciclismo que tanto está na moda…

O preço? Parece-nos em linha com o da concorrência neste patamar de equipamento. Mesmo afirmando, sempre, que as bicicletas estão hoje demasiado caras. Mas a relação entre qualidade, material, preço e desempenho parece-nos bem apurada nesta Crow Gravital UL 2.

O que mais nos agrada…

  • A “exclusividade” e a versatilidade: é uma gravel, uma e-bike, quadro em carbono, uma marca pouco vista por aí…
  • O motor Fazua 50 Ride Trail: o modo de libertar a potência entusiasma. Não nos transporta, apoia-nos à medida que nos deslocamos a dar aos pedais. A bicicleta deixa que grande parte do esforço seja feito por nós, o que é bom!
  • A posição que assumimos na bicicleta: seja pela geometria, seja pelo guiador, o controlo desta Crow Gravital é “diferente” do habitual e elevado.
  • O peso: 14,5 kg é bom para uma e-bike, não?

A melhorar…

  • A rigidez: apesar de nos dar elevados índices de reatividade e aceleração, a transmissão das vibrações para o corpo está lá toda. Podemos andar rápido em terrenos atribulados, mas a rigidez do quadro irá castigar um pouco o ciclista.
  • A autonomia: confessamos que não temos um número concreto para avançar em termos de autonomia. Mas conclui-se que a energia desaparece rápido caso andemos nos dois modos que não o económico (que dá pelo nome de Breeze nestes sistemas Fazua).

Especificações da Crow Gravital UL2 2022:

  • Quadro: Crow fibra de carbono UL
  • Motor: Fazua Ride 50 Trail
  • Bateria: 252 Wh
  • Transmissão: Shimano GRX 810 (plato 38t / cassette 11-42t)
  • Travões: Shimano GRX Hyd (discos de 160 / 160 mm)
  • Manetes de travão: Shimd
  • Rodas: Shimano GRX 570
  • Pneus: Schwalbe G-One Bite 700x40C
  • Selim: Essax Eon
  • Guiador: Ritchey Comp Beacon
  • Pesos verificados (com pedais): 14,5 kgs (com bateria) e 11,9 kgs (sem bateria e com a tampa do downtube)
  • Preço: 5.799 euros

Site oficial:

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Neste teste:

  • Texto: José Escotto
  • Vídeos e fotos: Samuel Iglesias e Antonio Iglesias
  • Rider nas imagens: José Escotto

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