Andámos com a Canyon Precede:ON nesta versão CF8 várias semanas e podemos assegurar sem problemas que se trata de uma das bicicletas que mais nos impressionou entre várias outras urbanas elétricas que já nos passaram pelas mãos. Razões para tal?

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Fácil: porque tínhamos as expetativas em baixo quando olhámos para ela pela primeira vez; porque a qualidade está presente, efetivamente; e porque talvez andemos sempre com as atenções viradas para as bicicletas de estrada e BTT, que são as que mais arrebatam os corações de quem anda de bicicleta como hobby e menos como meio de transporte.

E eis que chega então a Canyon Precede:ON, de “fininho”, e nos faz apaixonar por ela. A primeira coisa que chama a atenção é a estética e o design da bicicleta, que causa algum impacto e é algo pouco visto a este nível. Faz rodar cabeças quando passa.

Quadro em carbono CF

O quadro quase nos faz lembrar alguns modelos de “motobicicletas” que existiam nos anos 30. Mas só no look, pois na construção é “rei” a fibra de carbono CF da Canyon, com linhas muito polidas e limpas, e sem notarmos qualquer uma daquelas uniões de soldadura que se avistam no quadro em alumínio.

A integração vista no guiador Canyon CP02 em relação ao top tube é impressionante e surpreendente, gerando uma linha contínua pouco comum. O triângulo posterior tem umas escoras que quase parecem ter saído de uma moto, a forqueta esconde os parafusos que seguram o guarda-lamas e a bateria e o motor quase não parecem estar ali. Uma obra de arte e engenharia, este quadro.

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Mais: a ergonomia está em bom nível nas voltas mais exigentes na cidade, com um guiador relativamente estreito (640 mm) e que permite “serpentear” entre os carros nas estradas com facilidade, isto mesmo sentindo algum “nervosismo” na direção.

A ergonomia está em bom nível nas voltas mais exigentes na cidade.

O corpo assume uma postura muito natural, com as costas na posição certa para termos equilíbrio entre o controlo da frente e a estabilidade no resto da estrutura, mesmo com alguma carga na grade traseira. Não é incómoda, a posição de condução da bicicleta.

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Motor Bosch Performance CX

Um dos pontos mais positivos desta Canyon é o duo motor/bateria Bosch Performance CX. Talvez a escolha de uma unidade elétrica de assistência com estes níveis de força possa parece pouco adequado para este tipo de bicicleta, mas isto é efetivamente uma vantagem…

E porque traz mais versatilidade à bicicleta, tanto que decidimos, como já reparaste, dividir este teste em duas partes. Porque quisemos experimentar a bicicleta em ambientes mais exigentes e offroad.

Ou seja, esta Canyon elétrica não é só para a cidade. Roda muito bem no contexto citadino, preenche aí as necessidades principais, mas depois também pode muito bem cruzar sectores intermédios e de ligação com o campo, tal como consegue circular em estradões e até trilhos “lineares”, por assim dizer. Mesmo não tendo qualquer tipo de amortecimento.

Mas as incursões pelo campo ficam efetivamente para a segunda parte deste artigo, que publicamos daqui por uns dias e que depois disso fica disponível logo no final deste texto. Fica uma imagem para “abrir o apetite”…

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A bateria parece-nos mais do que suficiente para qualquer tipo de utilização, ainda para mais em ambiente urbano. Fomos alternando entre os vários modos de assistência à pedalada ao longo das nossas voltas pela cidade e chegámos sempre a casa ainda com muita energia disponível.

Inclusive os percursos diários casa-trabalho-casa de distâncias curtas e também médias, e sem esquecer partes em que até há desnível positivo que é preciso “vencer” com o apoio do motor e da assistência ao pedal…

O processo de recarregar a bateria é muito cómodo e eficaz, pois pode ser efetuado através da ligação existente no quadro, diretamente na bicicleta, com a bateria lá instalada; ou desmontando a bateria, levando-a para casa e deixando-a junto a uma tomada elétrica normal a restabelecer energias. Com fechadura Abus para evitar “surpresas” quando estacionada em locais públicos.

Por sua vez, o ecrã Kiox da Bosch que surge incorporado no guiador é uma maravilha, refira-se, com bastante informação visível e apoio constante do pequeno manípulo que permite alternar entre os modos de assistência.

Esse comando deixa-nos alternar também entre informação disponível no display, sendo que este conta com um botão para ligar e desligar o sistema e com outro para controlo das luzes LED frontais e traseiras.

E com a app para smartphone Bosch eBike Connect podemos contar com ainda mais funcionalidades, entre elas um mapa com planificação de percursos e dados como o desnível acumulado, informação do potenciómetro, etc.

O ecrã de que falamos é também amovível e atua como sistema anti-roubo: se o retiramos da bicicleta, o motor fica automaticamente desativado e é impossível colocar a Precede:ON em movimento sem que ele regresse ao seu lugar. Excelente ideia!

Componentes à altura

Por exemplo, a transmissão aqui presente é o eficiente grupo Shimano XT de 12 velocidades (cassete Deore). Comportamento ao bom nível que conhecemos, apesar de nesta utilização urbana, e por causa também do poder do motor, notarmos que por vezes as mudanças entram mais bruscamente do que seria normal.

Já os travões mostram um pormenor muito interessante: as manetes ocultam com a ajuda do guiador os depósitos do óleo, num design inventado pela Canyon. Pinças de quatro pistons à frente, dois atrás, e discos flutuantes de 203 mm. Na cidade, esta eficácia de travagem é determinante. Contudo, nem sempre é fácil dosear a travagem, o que pode fazer com que bloqueiem. Nada de mais.

Por outro lado, notámos barulho a mais vindo dos discos e das pastilhas, deixando a sensação de que algo não estava bem. Apenas um sinal de que está na hora da revisão, certamente, porque de resto tudo ok.

Os pneus escolhidos para esta montagem também são adequados: são os Schwalbe G-One Around (29×2,25”), com “balão” capaz de rolar bem em qualquer via da cidade, e isto mesmo que as estradas tenham um buraco ou outro.

Até para os estradões esta “borracha” serve, como veremos na 2ª parte deste teste, que publicamos muito em breve! A altura dos tacos faz com que o pneu contacte pouco com o chão, o que ajuda a rolar melhor.

Equipamento em bom nível

Também aqui a Precede:ON CF8 mostra argumentos. Destacamos o conjunto de luzes Supernova, em especial a luz frontal Mini 2 Pro, “dona” de muita potência e que ainda pode ver ativada a opção de reforço de luz através de um pequeno botão na manete esquerda, no guiador. Iluminação em azul.

Fizemos umas quantas deslocações noturnas em núcleo urbano e podemos afirmar sem problemas que a iluminação é mais do que suficiente , tanto para vermos bem como para sermos vistos à distância.

Outros três  itens importantes numa bicicleta urbana e que aqui estão presentes: a campainha, a grade traseira de carga (com capacidade para até 25 kg e encaixando bem no restante design) e o “descanso”, muito estável.

A andar na cidade…

Não vivemos numa cidade grande, mas sim num subúrdio próximo de uma, numa cidade com cerca de 40.000 habitantes. Neste contexto, fazemos várias vezes várias deslocações entre diferentes localidades, sendo que esta Canyon Precede:ON acabou por encaixar bem nestas necessidades de nos fazermos transportar.

Houve ainda dias em que usámos a Precede:ON para umas boas deslocações na cidade de Madrid: colocámo-la dentro da carrinha ou utilizámos um reboque para a transportarmos, algo relativamente simples e possível devido aos 21,5 kg da bicicleta.

Aqui, as movimentações entre o trânsito é o mais importante. Conseguimos arrancar em alguns semáforos antes dos carros e refira-se que os quatro modos de assistência à pedalada podem ser selecionados em função das necessidades a cada momento.

Em especial o modo MTB, por ser automático: uma condução eficiente e confortável, pois a assistência é libertada totalmente em função da força que exercemos nos pedais. Por outro lado, o modo Walk Assist, que se ativa através de um botão dedicado no manípulo à esquerda, é perfeito para ajudar a estacionar a bicicleta, para levá-la em vias para peões, para subir passeios, levá-la para a garagem do prédio…

Por sua vez, o guiador dá à bicicleta bastante facilidade de manuseio. Os punhos Ergon GA3 são confortáveis, a travagem eficaz é um ponto a favor em caso de imprevisto e o nível de equipamento satisfaz…

Defeitos? Também os há, não é uma bicicleta 100% perfeita. Um deles é a escolha do selim, que não entusiasma. O Selle Royal Essenza parece confortável nos primeiros kms, mas depois começa a tornar-nos a vida um pouco complicado, especialmente ao pensarmos que esta bicicleta será usada na maior parte das vezes com roupa normal do dia a dia e não com roupa desportiva para andar de bicicleta.

A juntar a isso, os cranques Miranda Delta de 170 mm também nos causaram alguns contratempos. Parecem ser demasiado longos (até porque o pedaleiro está a 265 mm do chão), o que faz com que, por vezes, ao inclinarmos um pouco a bicicleta quando a andar, toquemos com o pedal no solo.

Imagina uma rotundo de circulação mais rápida: ao entrarmos depressa e a pedalar, como não estamos a andar a direito e sim a curvar, temos de “cortar” um pouco na pedalada para que o pedal não toque no chão. Perdemos cadência. Malta da Canyon, toca a corrigir isto!

A nossa avaliação…

Sem ainda querermos falar de como se porta esta Canyon em estradões e outras ligações entre localidades em caminhos menos urbanos, por assim dizer, podemos afirmar que esta bicicleta é daquelas que permite que deixemos o carro em casa! E para ir a qualquer lado, desde que haja pernas e vias à altura do desafio. Para ir para o trabalho, às compras, beber um copo com amigos no centro da cidade…

Trata-se de uma bicicleta bem fabricada, esteticamente atrativa, com motorização poderosa e com um nível elevado de equipamento. A bateria também é suficiente e, olhando para o preço, nem aí achamos demasiado, isto porque o quadro é em carbono e que o motor é o Bosch Performance CX).

Adiantamos já que na 2ª parte deste teste, na qual levamos a bicicleta por caminhos mais offroad, temos a mesma opinião sobre a Canyon Precede:ON CF 8. Por isso, e por tudo o resto que destacamos nestas linhas, esta é uma das melhores opções neste segmento das urbanas elétricas.

O que mais nos agrada…

  • A estética em geral e todos os acabamentos do quadro, bastante “futurista”. E o peso, no fundo.
  • O motor bastante competente e com os quadro modos de assistências á pedalada habituais (além do Walk Assist).
  • O Display Kiox, com muita informação e com um sistema anti-roubo muito interessante. Já o conhecíamos de outras elétricas urbanas, na verdade.
  • A luz LED da frente Supernova Mini 2 Pro: muita potência e dois modos de intensidade adequados.
  • O preço, se o compararmos com o que muitas marcas concorrências apresentam neste segmento.

A melhorar…

  • O comprimento dos cranks, que facilmente atingem o solo, especialmente em transições na cidade com obstáculos e nos terrenos mais offroad.
  • O selim, que nos parece que podia ser melhor pelo preço. Não convence, mas também é algo que trocamos facilmente por um a nossa gosto.

Ficha técnica da Canyon Precede:ON CF8 2022:

Quadro: Fibra de carbono CF // Transmissão: Shimano XT 12x (prato FSA 44d; cassete Deore 10-51d // Motor/bateria: Bosch Performance Line CX 85Nm e Powertube 500 Wh // Travões: Canyon GP0164/TRP // Rodas: AlexRims MD25 // Pneus: Schwalbe G-One Around 29 x 2,25” // Guiador: Canyon CP002 640 mm // Selim: Selle Royal Essenza // Peso: 21,5 kg (verificado com pedais instalados) // Precio: 4.249 euros

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: José Escotto
  • Fotos e vídeo: José Escotto
  • Rider em ação: Samuel Escotto

Também vais querer ler…

Teste GoRide.pt: Canyon Precede:ON CF8 2022 – Parte II [ambiente offroad]


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