Após várias semanas aos comandos da Canyon Lux World Cup CF 6 edição 2023, estamos perfeitamente convencidos de que se trata de uma suspensão total para XC com uma boa relação entre preço, desempenho e material instalado.

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E fomos partilhando alguns pormenores e imagens desta experiência com esta suspensão total de XC da Canyon neste artigo de preview e também numa comparação que fizemos recentemente com outra das suas “irmãs” à venda no site da marca alemã, e na mesma gama.

Ora, neste momento este teste reveste-se de outro ponto de interesse: é que entre as várias bicicletas de BTT em promoção neste momento na loja online da Canyon, eis que esta Lux World Cup CF 6 está mais barata.

Custa para Portugal, com a recente descida do IVA, desde 2.549 euros, o que é um belo preço para uma suspensão total a este nível. E dizemos ‘desde’ porque não sabemos ao certo em quanto fica o envio da bicicleta para a morada de cada cliente. 

O referido “nível” também é fácil de justificar: apesar de não ser a versão topo de gama, esta CF 6 tem a mesma geometria que serve de base às bicicletas de XC que andam nas mãos das equipas de XCO na Taça do Mundo Alpecin-Deceuninck e Canyon CLLCTV, por exemplo.

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E trata-se assim de uma bicicleta que está muito bem preparada de base e que “pede” alguns upgrades, sendo que a sua vocação é competir. E em destaque está o quadro full carbon e as suspensões com selo da Fox. Mas olhemos para os pormenores…

Quadro de competição?

Afirmamos categoricamente que esta versão da Lux WC poderá satisfazer a maioria dos praticantes de BTT e XC de fim de semana, ou seja, aqueles que não competem e que querem ter uma bicicleta capaz dar a sua voltinha ao domingo com a malta. Ou seja, é uma opção bastante boa para quem não sente necessidade de ter uma topo de gama.

Mesmo não sendo feito com o mesmo carbono mais leve da versão de topo (o CFR, que “serve” as equipas e atletas apoiados pela Canyon), o quadro é ainda assim de fibra de carbono Canyon CF e apresenta uma geometria muito atual.

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O peso que surge na balança é superior ao do quadro CFR, mas neste caso nota-se que a estrutura apresenta bons níveis de rígidez, o que faz com que a bicicleta demonstre índices de aceleração muito positivos quando metemos força nos pedais, sentados ou em pé, a subir ou a descer. E é um facto que as rodas presentes nesta versão, não sendo de carbono, pouca influência têm nesta sensação.

A geometria segue as tendências do momento, como referimos, e adequa-se a uma utilização muito versátil. O ângulo de direção é bastante “aberto”, com 68,5 graus, o que é bom para descer. Os eixos distam 1.142 mm um do outro, o que também é propício a rolar depressa, por exemplo.

E o triângulo traseiro parece-nos muito reativo, com escoras de 432 mm, relativamente curtas, e o sistema de suspensão na horizontal, paralelo ao top tube, como é habitual na Canyon.

Esteticamente, o quadro tem detalhes que fazem a diferença. Os cabos passam todos dentro do quadro, tanto para a direção como o cabo que segue até ao desviador e aos travões de trás. Não encontramos de série um espigão telescópico, mas o quadro está preparado para receber internamente um cabo para o efeito.

Depois, como é norma nos quadros de XC da Canyon, é possível instalar duas grades de bidon, mesmo no tamanho mais pequeno. Por outro lado, apesar de as tendências mais atuais incluirem eixos de pedaleiro roscados, eis que esta WC CF 6 mantém o sistema Pressfit PF 89,5/92, que traz mais rigidez a este sector tão sensível da estrutura.

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Componentes de gama média

Por esta ser uma bicicleta de XC de suspensão total com quadro em carbono que neste momento custa pouco mais de 2.500 euros, não podemos esperar que na montagem estejam componentes topo de gama, certo?

A transmissão é o grupo SLX da Shimano, que, como por aqui já vimos várias vezes, em termos de funcionamento pouco “deve” ao conjunto XT. É mais pesado, contudo, no total. Cassete 10-51t, como normal, mas com prato 34t no pedaleiro, que achamos que é a escolha certa tendo em conta a vocação da bicicleta. Desempenho razoável.

Os travões são também Shimano SLX, o conjunto M7110 de pistão duplo que se revela bastante poderoso, apesar de estar longe da performance do sistema XTR na travagem (e dos novos conjuntos da Sram lançados recentemente…), como também sabemos. Conseguimos dosear a travagem de forma eficaz, contudo.

Quando ao amortecimento, as soluções Fox que encontramos nesta versão não defraudam ninguém. A suspensão frontal é a Step Cast 32 Performance com bloqueio no guiador e com 100 mm de curso, suficiente para o uso típico desta WC CF 6. Um modelo que satisfaz na prática do XC convencional, apesar de estar uns furos abaixo da série Factory, como já vimos antes.

Atrás, o amortecedor Fox DPS também se situa na série Performance e aqui é bloqueado com o mesmo comando remoto e em simultâneo com a suspensão frontal. Nos nossos testes notámos que o amortecedor traseiro apresenta um desempenho mais satisfatório que a suspensão frontal, na verdade.

Absorve muito bem quando é preciso e nos momentos de aceleração, especialmente a subir, mostra-se “rijo” na medida certa. Em subidas técnicas conseguimos ter a tração de que precisamos, e o amortecimento contribui para que assim seja, acreditamos.

Por fim, as rodas. São as DT Swiss X1900 de alumínio que estão em quase todas as montagens que a canyon tem neste patamar de preço e no que diz respeito a BTTs de XC. A largura é de 25 mm e admitimos que preferimos as rodas de 30 mm e as boas sensações que nos transmitem… A descer em trilhos mais duro notamos uns pequenos ruídos que parecem vir dos raios.

Já os pneus Maxxis Ikon Exo de 2,35” portam-se bastante bem, são uma opção que já experimentámos por várias vezes e em várias bicicletas sempre com bons resultados. São bons a “combater” os furos… E isto apesar de aquando do nosso primeiro preview sobre a bicicleta termos sentido que estes pneus não estavam a cumprir a sua missão…

Desempenho no terreno

As sensações que nos são transmitidas pela Canyon Lux WC CF 6 são parecidas com as que temos com outros modelos um pouco mais caros. Especialmente no quadro.

A posição de condução que a bicicleta nos impõe a subir não é demasiado “radical”, por assim dizer, e o guiador de 740 mm (menos largo que em vários outros modelos de XC…) deixa-nos ter algum equilíbrio entre rapidez de reação e controlo a descer e a transpor obstáculos.

E a verdade é que esta Lux WC CF 6 tem um comportamento perfeitamente típico do XC. Reações “vivas”, resposta imediato à força que metemos nos pedais, aceleração “positiva”. O amortecimento traseiro é equilibrado e desde que venha bem afinado para o nosso peso não será preciso grande ajuste.

Sentimos confiança a descer, entusiasmo a subir, facilidade em posicionar o corpo à medida que pedalamos forte nos trilhos técnicos com pedras soltas e outras dificuldades do terreno. A nível de componentes, digamos que estão à imagem do preço que a Canyon pede pela bicicleta, o que é perfeitamente natural.

Pela negativa, e em comparação com o nível geral desta montagem, talvez apontemos o tacto menos “doce” da suspensão frontal. Fizemos vários ajustes e continuamos a senti-la menos competente que as suas “irmãs” mais acima nas gamas da Fox.

A Fox SC 32 Performance teima em não amortecer o suficiente quando os obstáculos sobem de dificuldade técnica. Gostamos da possibilidade de selecionar dois níveis de bloqueio do amortecimento em geral, contudo.

Ainda assim, uma nota curiosa, menos positiva: é fácil o comando de bloqueio no guiador ser desativado quando em andamento nos trilhos mais “atribulados”. E, neste caso, esta desativação equivale ao bloqueio do amortecimento e não ao desbloqueio. Isto significa que corremos o risco de vermos ambas as suspensões bloqueadas quando a descer um trilho técnico, por exemplo…

O nosso veredicto

Como reparaste, ao longo deste artigo comparamos vários componentes desta Canyon com aquilo que conseguem fazer componentes mais caros e mais acima nas gamas. Mas fazemos isto porque esta é uma bicicleta que “aponta alto”, e as conclusões são assim simples de perceber.

Sabemos que as rodas e as suspensões, por exemplo, podiam ser melhores. Mas isso encontramos na mesma bicicleta nas suas versões mais caras e mais bem equipadas, naturalmente. Contudo, a andar normalmente na bicicleta a verdade é que as sensações que temos é a de estarmos num modelo de gama acima.

E o conjunto total nem é excessivamente pesado, está em linhas com modelos de outras marcas que surgem de fábrica com componentes deste patamar de preço. E esta é uma bela base para irmos fazendo os upgrades que são necessários tanto para reduzir peso como para chegarmos ao desempenho que queremos ter, seja a competir, seja apenas a dar umas voltas ao fim de semana.

Uma nota final para o facto de a Canyon não se ter limitado a ter nesta Lux WC CF 6 periféricos “baratos” e de marca própria. São todos em alumínio, é certo, mas da Race Face e com um look and feel interessante. Pena o comando das suspensões nos pregar algumas “partidas” de vez em quando…

Ficha técnica da Canyon Lux World Cup CF 6:

Quadro: fibra de carbono CF // Suspensão frontal: Fox SC 32 Performance 100 mm // Amortecedor: Fox DPS Performance 100 mm // Transmissão: Shimano SLX 12x (cassete 10-51t e prato 34t) // travões: Shimano SLX M7110 // Rodas: DT Swiss X1900 25 mm // Pneus: Maxxis Ikon 2,35” x 29” // Guiador: Race Face Ride Rise 740 mm // Espigão: Race Face Ride // Selim: Ergon SR10 Pro // Peso: 12,5 kg (verificado pela nossa equipa, com pedais Shimano XTR) // Preço: 2.949 euros (2.599 euros em promoção)

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Pormenores (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: José Escotto
  • Fotos e vídeo: José Escotto
  • Rider em ação: Iván Fornos

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