À medida que nos aproximávamos da nova Gelu Dracon, ficávamos com a sensação de que poderia ser uma verdadeira “obra prima” das bicicletas. E é. Como refere Anghel Ivanof, CEO da Gelu, a ideia era mesmo essa: “juntar o que de melhor se faz em Portugal e construir uma super bike capaz de rivalizar com as melhores marcas de atualidade”.

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O resultado é esta hardtail que agora testámos e apreciámos durante umas semanas. E conseguimos constatar outro objetivo que a Gelu tinha ao construir a bicicleta, que era tê-la como a mais leve do momento: 7.280 gramas é o peso anunciado; e 7.610 gramas foi o peso que marcou a nossa balança com a Dracon já com os pedais e pronta para arrancar para os trilhos.

Como se chega a este patamar? A resposta é fácil: carbono. A Gelu, como sabemos, é uma marca portuguesa especializada no desenvolvimento e produção de componentes e periféricos em carbono. Vende selins, espigões, guiadores e outros periféricos, todos em carbono hand made, para todo o mundo.

Naturalmente, chegou a ideia de desenhar e construir um quadro Gelu (produção subcontratada a outra empresa Portuguesa), que é este que serve de base à Dracon, e de equipar esta bicicleta com os melhores produtos produzidos pela Gelu, também em carbono, claro.

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A ideia depois também evoluiu. Num quadro português e com periféricos igualmente lusos, era interessante incluir o máximo de componentes produzidos e/ou com origem em Portugal.

Atenção, contudo: ser feito em Portugal não quer dizer que todas as marcas do material instalado na Gelu Dracon são nacionais, pois várias delas são fabricantes internacionais, todos com créditos firmados nos mercados mundiais da especialidade.

O que está na bicicleta é feito no nosso país, tirando uma ou outra exceção.

E algumas marcas são portuguesas, efetivamente. Ou seja, além de muito leve, dinâmica e visualmente apelativa, tem outros dois pontos de atração: é seguramente a bicicleta mais portuguesa que há, e é muito exclusiva, pois o número de unidades a estarem disponíveis é limitado (e não é ainda conhecido).

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Já a seguir, antes de falarmos do desempenho da bike e de outros pontos, detalhamos os produtos Gelu que estão nesta bicicleta e que mais nos impressionam. Pela leveza e pela funcionalidade. Todos eles podem ser comprado individualmente, em kit, tal como esta bicicleta pode ser configurada à la carte, passamos a expressão.

Bike Check: Gelu Dracon, a hardtail made in Portugal com 7.3 kgs!

Anghel e a Gelu emprestaram-nos uma unidade, andámos nela o máximo que conseguimos, e “apertámos” um bocadinho com ela, do “alto” dos nossos 80 kgs! Em exclusivo, aqui estão as nossas impressões sobre a Gelu Dracon.

Quadro de 780 gramas

É um dos quadros de BTT mais leves do mundo, isso é certo. O look típico do carbono salta à vista e não há qualquer sinal de verniz ou tinta. No quadro, nos periféricos… Até as letras que compõem o logotipo e o brasão da marca e do modelo são concebidos em carbono 1K cortado a laser e aplicado em jeito de relevo no próprio quadro.

Depois, os periféricos da marca, que não podiam ficar de fora desta montagem, certo? A Gelu instalou na Dracon aquilo a que chama de Kit XC Hardtail, composto pelo guiador Gelu Carbon 20 Gon Concept (760 mm), pelo selim Gelu Carbon K4 e pelo espigão Gelu Carbon 24 Gon (30,9 mm). Tudo em carbono made in Portugal.

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Pesos recorde e que fazem com que este conjunto e o quadro totalizem apenas 930 gramas (no quadro tamanho M). E este trio de periféricos (juntamente com o quadro), é comercializado pela Gelu por 3.500 euros. Ora, neste valor está incluído em oferta um outro conjunto que é de certa forma um dos produtos mais inovadores da marca.

Falamos do Fast Change Concept, um novo sistema de prato do pedaleiro e “aranha) de troca rápida. Basicamente, este é um sistema que nos permite trocar de prato no pedaleiro sem ser preciso remover os cranques. Estes nem mexem.

De origem, podemos optar por um prato 32t, 34t ou 36t; tendo um de cada, por exemplo, podemos escolher qual usar em cada volta e aplicar o prato desejado rapidamente na “aranha”. Está incluído o respetivo adaptador interior para cranques Shimano ou Sram. Nesta Dracon que experimentámos está instalado um prato 34t, adequado ao caracter XC da bicicleta.

Aqui fica um vídeo que demonstra como tudo funciona:

Ou seja, e em resumo, o referido Gelu Kit XC Hardtail, que custa 3.500 euros, inclui os seguintes componentes/periféricos:

  • Quadro Gelu Dracon XC 29”
  • Guiador Gelu Carbon 20 Gon Concept 760 mm
  • Selim Gelu Carbon K4
  • Espigão Gelu Carbon 24 Gon 30,9 mm
  • Pedaleiro sistema Gelu Fast Change Concept (cranques, “aranha” e um prato)

Logo a seguir notámos que o sistema de travagem está a cargo dos Magura MT8, que revelaram um bom “tacto”. Em tantos km percorridos nunca mostraram qualquer tipo de fadiga ou sensação “esponjosa”, mas isto, refira-se, em percursos em que não houve assim tantas descidas que pudessem “puxar” mais por eles.

Rodas premium

Aqui sim houve surpresa pela positiva, até porque nunca tínhamos ainda andando com as rodas Prototype World Cup, portuguesas, mas reconhecidas internacionalmente (equiparam a bicicleta que foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, entre outros títulos).

Rodas em carbono e com um rolamento muito eficaz, com o grau certo de flexão. Parece que temos de nos adaptar primeiro, mas posteriormente gostamos da performance. Até porque estamos a falar dos aros, visto que os raios instalados são os pi Rope, também aqui com o objetivo de garantir leveza.

Estes também nunca tínhamos experimentado… São raios concebidos com base em fibras de alto módulo, ou seja, uma fibra de poliéster de elevada resistência, garante a marca. “Algo semelhante à resistência do aço”, com uma conceção “entrançada” que concedem aos raios e às rodas alguma tensão e flexibilidade. Um conceito a testar com mais afinco numa próxima oportunidade, já que ficámos curiosos sobre eventual comportamento em trilhos mais “duros”.

Ainda neste campo, os pneus Schwalbe Thunder Burt mostraram mais uma vez que são vulneráveis a furos. Um modelo muito leve e que garante tração na dose certa no XC, mas que fizeram com que os furos nos “batessem à porta”, tal como já aconteceu noutras ocasiões, com outras bicicletas.

A ‘magia’ Sram AXS, de novo

De novo porque recentemente temos andado muito com transmissões eletrónicas da Sram, seja este grupo XX1 Eagle AXS 12x ou o GX AXS. E adoramos! Uma autêntica “delícia”. Nesta e noutros testes (e provas), temos milhares de km feitos com este conjunto topo de gama, literalmente, incluido o mais recente Titan Desert Marrocos.

Zero problemas em qualquer tipo de terreno e condições climatéricas, até mesmo com lama e chuva intensa. A passagem de mudanças é eficaz, rápida e silenciosa. E a ausência de cabos no manípulo, no guiador, é sempre sinónimo de um look mais “limpo”…

Ainda na transmissão, uma última nota para a cassete da marca Garbaruk, de origem ucraniana e com provas dadas. Neste caso da Gelu Dracon encontrámos uma unidade com o prato maior na cor laranja.

A nossa avaliação

Dinamicamente, a Dracon confirmou o nosso prognóstico: leve que nem uma pena e rápida que nem um trovão! Esta frase define bem esta “peça de arte”, talvez diirigida aos apaixonados das bicicletas que gostam de pedalar rápido numa hardtail, e que procuram performance e exclusividade. A Dracon é uma bicicleta para andar para a frente, menos para os percursos muito técnicos.

O quadro transmite-nos as mesmas sensações que um outro) de uma prestigiada marca estrangeira) que experimentámos há uns tempos e durante 600 km numa ultramaratona internacional. Mesma dinâmica e reatividade. A Dracon parece-nos um pouco mais “irrequieta”, dado que não é todos os dias que andamos com uma BTT com apenas 7,6 kgs…

O peso traz vantagens, principalmente a subir. Tanto a subir como a rolar, parecia que íamos de e-bike! Mas nem tudo são “rosas”, atenção. Quando chega a hora de descer, a Dracon mostra o seu lado “saltitão”… Podia existir mais estabilidade. Muito carbono eleva a rigidez e a leveza do conjunto, mas dificulta ligeiramente a “leitura” do terreno mais técnico.

Fazendo força nos cranques faz com que a bicicleta responda de imediato, ande para a frente e entre na sua zona de conforto, por assim dizer. Muito intuitiva e com facilidade em colocarmos a frente onde desejamos. Aqui o mérito vai para a geometria do quadro, para o formato da secção da frente, e para a performance da muito boa suspensão presente, uma Fox Step Cast Factory com um “toque” especial e… português.

Ou seja, a suspensão ostenta a designação OVR by ND Tuned. Isto significa que foi otimizada pela ND Tuned, a empresa do reconhecido e especialista Nuno Duarte. Conseguimos aqui um excelente comportamento de amortecimento e leitura do terreno. Só falta mesmo um sistema de bloqueio, que tão útil se revela para não haver perda de desempenho a subir.

Especificações da Gelu Dracon 2023:

  • Quadro: Gelu Dracon XC 29”
  • Guiador: Gelu Carbon 20 Gon Concept 760 mm
  • Selim: Gelu Carbon K4
  • Espigão: Gelu Carbon 24 Gon 30,9 mm
  • Pedaleiro: sistema Gelu Fast Change Concept, 34t
  • Rodas: Prototype World Cup com raios e cubos: pi Rope (sintéticos)
  • Avanço: Prototype / Gelu (alumínio + carbono)
  • Suspensão Fox Step-Cast Factory/OVR by ND Tuned
  • Coluna direção: ND Tuned By Gelu
  • Travões: Magura MT8
  • Transmissão: Sram XX1 Eagle AXS 12x (casset Garbaruk)
  • Peso anunciado pela marca: 7.280 gramas
  • Peso verificado: 7.610 gramas
  • Preço: 9.950 euros

Site oficial:

Todas as fotos (clica/toca para aumentar):

Neste teste:

  • Texto: Nuno Margaça e Jorge D. Lopes
  • Vídeo:Rodrigo Vicente
  • Fotos: Rodrigo Vicente e Gelu
  • Rider nas imagens: Nuno Margaça

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