Após um início de temporada curto devido à queda e concussão sofridas na Paris-Nice, Jonas Vingegaard já está focado no Tour, mais uma vez o objetivo número um do dinamarquês. 

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Atualmente em estágio de altitude na Sierra Nevada (Espanha), juntamente com alguns dos seus colegas de equipa Visma Lease a Bike, Vingegaard deu uma longa videoconferência de imprensa, em que abordou ainda a queda na Corrida ao Sol, a recuperação, a preparação para o Tour e o duelo anunciado com Tadej Pogacar. 

O bicampeão da Volta a França caiu a 84 km da meta durante a quinta etapa do Paris-Nice. Ainda completou a etapa, mas abandonou antes da partida no dia seguinte. Não corre há dois meses. Questionado sobre isso, Vingegaard disse que não foi examinado imediatamente para uma possível concussão durante a corrida e que foi “prejudicado” por isso.  

“Fui ao médico da corrida porque tinha sangue na cara, estava a sangrar, mas em momento algum me examinaram para ver se tinha tido uma concussão, o que acho um pouco estranho, para ser sincero”, disse.  

“Percebia-se que os meus óculos estavam partidos, tinha sangue na cara, até um bocadinho aqui, na sobrancelha. Achei estranho não me terem examinado para ver se tinha uma concussão”, reforçou. 

 Olhando para trás, Vingegaard considerou o incidente “talvez a queda mais estúpida da carreira”. “Estávamos a subir, um ciclista à minha frente bateu numa roda e foi parar mesmo à minha frente. Não consegui fazer nada. Estávamos a 10-15 km/h. E caí de cabeça”.  

A gravidade da lesão tornou-se evidente nos dias seguintes. “Quando ficava acordado cerca de uma hora, tinha de voltar a dormir durante uma hora e meia, e isso durava três ou quatro dias”, explicou o corredor de 28 anos. “Tive uma concussão, e doeu-me muito no início. Todos os dias melhorava um pouco. Na segunda-feira seguinte, pensei que conseguiria voltar a pedalar, apenas durante uma hora para recuperar, mas não consegui. Fiquei completamente tonto e enjoado. Tive de me deitar e dormir novamente, e depois não toquei na bicicleta durante os quatro dias seguintes”, recordou. 

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 Vingegaard expressou o desejo de ver mais testes sistemáticos de concussão durante as corridas. “Penso que, assim que alguém apresentar sinais visíveis de ferimentos na cabeça, e percebermos que foi atingido, devemos verificar sistematicamente se sofreu uma concussão”, disse.  

“Claro, talvez no carro médico não se tivessem apercebido, mas quando cheguei à meta deviam pelo menos ter-me examinado, uma vez que tinha batido com a cabeça.” 

 ‘Ainda não estou no meu melhor’ 

Com apenas dez dias de corrida nesta temporada, Vingegaard irá em breve competir no Critério do Dauphiné (8 a 15 de junho), antes de outro estágio em altitude, em Tignes, França, em preparação final para o Tour. A falta de competição, diz, só fortalece a sua “motivação” para os objetivos. “Sei que ainda não estou no meu melhor, mas é por isso que estou aqui na Sierra Nevada”, disse. “Espero estar melhor do que nunca no Tour. Se estiver melhor do que nunca, tenho a certeza de que posso, pelo menos, lutar pela vitória”, afirmou. 

 O seu principal rival, Tadej Pogacar, também está na Andaluzia a treinar, e Jonas admite tê-lo visto… brevemente. “Sim, cruzámo-nos no treino, mas em direções opostas. Não falámos. Teria sido giro”, acrescenta com um sorriso.  

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Vingegaard elogiou ainda o desempenho do esloveno nesta temporada. “O que ele conquistou e como conquistou é impressionante. Mas, para ser sincero, ao entrar no Tour, a única coisa que posso fazer é focar-me em mim e dar o meu melhor. Ser o melhor na primeira metade da temporada não significa ser o melhor no Tour”, acrescentou.  

 ‘Vimos que o Wout ganhou…’ 

Como seria de esperar, ele e a sua equipa têm acompanhado o Giro de Itália, em particular a etapa do último domingo, ganha pelo seu colega de equipa Wout Van Aert. “Tivemos um treino longo e soubemos na estrada que o Wout tinha ganho. Estou muito feliz por ele, porque merece depois de tudo o que passou, e espero que possa ganhar mais.” 

Após o Tour, espera-se que Vingegaard corra a Vuelta, a que regressará após o segundo lugar em 2023, atrás do seu companheiro de equipa Sepp Kuss. Depois, não descarta uma primeira participação no Mundial.  

“Há dois anos, fiz o Tour e a Vuelta e gostei muito. Normalmente, depois do Tour, se se quiser concentrar-se na Volta à Lombardia ou no Campeonato do Mundo, ainda se tem dois meses pela frente e é difícil manter a motivação. Para fazer a Vuelta, só precisamos de mais três semanas de treino e está feito. Mentalmente, é mais fácil, e senti-me muito bem com aquela dobradinha há dois anos. Depois disso, não sei em que estado estarei esta época para o Campeonato do Mundo. Mas quero participar”, conclui. 

Crédito da imagem: Visma Lease a Bike Twitter  

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