A convite do fabricante japonês tivemos oportunidade de experimentar recentemente o que há de novidades no portfólio de sistemas de transmissão Shimano.

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Prototype

Foi nas instalações da marca em Alcobendas, Madrid, Espanha, que, integrados num pequeno grupo de jornalistas, trocámos algumas ideias sobre o novo grupo de transmissão Shimano CUES e tivemos contacto também com as tecnologias AutoShift e FreeShift que estão presentes em conjuntos XT Di2 que equipam algumas e-bikes do momento…

E comecemos pelo “início”: o grupo Shimano CUES. Ou melhor, uma verdadeira “família”, visto que esta nova gama está estruturada em três séries: U8000, U6000 e U4000.

Este parece ser um grupo muito completo, até porque pretende substituir e acabar com os conhecidos conjuntos de entrada de gama Shimano Alivio, Acera e Altus. Mas de uma forma faseada, naturalmente, pois há muitas lojas, oficinas e até fabricantes de bicicletas que ainda têm grande stock destes componentes. E a Shimano deixa claro que o novo CUES vem para facilitar e não para complicar a situação.

A marca quer também com esta nova oferta permitir que tanto os fabricantes como as oficinas possam simplificar o processo de manutenção. É que agora vão existir vários componentes compatíveis entre as três séries, pelo que, em caso de não estar disponível um elemento de uma certa série, será possível utilizar o equivalente de uma das restantes.

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O exemplo mais habitual é certamente o da corrente, pelo que este elemento é aqui compatível para todas as gamas, independentemente do número de velocidades do sistema. Sim, porque as diferentes séries não terão todas o mesmo número de velocidades: a U8000 será exclusivamente de 11x, a U6000 de 11x ou 10x e a U4000 de 9x.

Outros componentes compatíveis são os pratos e as roldanas. Tudo isto graças à tecnologia Linkglide, tecnologia esta que foi lançada com foco nas e-bikes por ter componentes sobredimensionados e que permitem maior resistência às altas exigências dos ciclistas, explica a Shimano.

U8000 no topo de gama

Como já referido, este conjunto chega com 11x e com um ou dois pratos. Também está disponível uma versão Di2, grupo que tivemos a oportunidade de experimentar durante o evento.

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Os acabamentos são melhores do que na restante gama CUES, parece-nos, mas sem entrar em confronto com outros grupos, como é o caso do Deore, que também conta com um modelo de 11x, como sabemos. É a tecnologia LinkGlide que “impede” que os componente sejam compatíveis com o conjunto Shimano Deore. Vídeo da tecnologia LinkGlide:

LINKGLIDE 3X durable and smooth shifting | SHIMANO

Segundo a própria Shimano, este grupo é muito orientado para as e-bikes: a pequena diferença de peso que se pode sentir em relação ao Deore é compensada por uma maior resistência e por um comportamento de troca de velocidades mais eficaz.

Por outro lado, esta série inclui também um sistema de travões com bom aspeto, que promete não se deixar “envergonhar” pelas gamas mais altas. Disponível com dois ou quatro pistões, pensado também para e-bikes.

U6000 com 11x e 10x

Possivelmente a opção mais equilibrada de todas (e que será a mais utilizada, porventura), e existe em conjuntos 1x ou 2x. Há um detalhe muito especial e que possivelmente marca “um antes e um depois”: o eixo pedaleiro não é encaixado pelo lado direito (do lado dos pratos) como é habitual na Shimano, mas sim pelo lado esquerdo. O diâmetro é de 24 mm.

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Com isto o fabricante pretende facilitar o trabalho de manutenção (na hora de trocar o prato não será preciso retirar o eixo…). E também parece haver vantagem nas embalagens destes componentes, sendo que estas passam agora a ser mais pequenas, utilizando menos cartão.

U4000 ou a entrada no universo CUES

Com 9x, a série U4000 deverá ser instalada em bicicletas de entrada de gama de várias marcas. O conjunto oferece uma estética em linha com o resto da gama CUES, apesar de o aspeto em geral ser em muito semelhante ao de algumas das séries mais acima na gama, mais caras. E não é só o parecer, pois aqui está também a tecnologia LinkGlide, por exemplo.

Apesar disto, a gama U4000 não substitui a linha mais económica da Shimano, a Tourney, que continuará no catálogo da marca nipónica.

Tecnologias Shimano AutoShift e FreeShift

Tivemos então a oportunidade de experimentar as novas tecnologias AutoShift e FreeShift da Shimano, e anida para mais sob o olhar atento e mediante explicações dos responsáveis da marca. Ficámos a entender perfeitamente o funcionamento destes sistemas.

Experimentámos estas soluções numa Megamo Crave CRB, que também equipa com um grupo CUES Di2 de 11x. E isto porque estas tecnologias da Shimano estão sempre associadas às transmissões eletrónicas Di2, conjuntos XT, assim como a motores mais recentes como o EP801 e o EP6…

Ambas as tecnologias funcionam como se fossem uma só: o objetivo principal é realizar a troca de mudanças de forma automática. O AutoShift é o sistema que efetua essas trocas de velocidades enquanto pedalamos; por outro lado, o FreeShift realiza essas mesmas trocas sem que estejamos a pedalar…

As sensações, apesar de a experiência ter sido breve, foram muito positivas: pedalamos e a transmissão vai fazendo as trocas de mudanças, emitindo um pequeno sinal sonoro que avisa quando a mudança já trocou. Se pedalarmos com mais força e a bicicleta ganhar mais velocidade, a inserção dos andamentos é mais rápida. O sistema deteta e analisa diferentes parâmetros (força aplicada nos pedais, velocidade, inclinação do terreno…) e mete mudanças em função de tudo isto…

Se por exemplo deixarmos de pedalar e começarmos a perder velocidade, o sistema vai alterando os andamentos para os mais leves… Por outro lado, se começarmos a descer e a bicicleta ganhar velocidade, mesmo que não se pedale o sistema mete mudanças mais pesadas, e de forma automática.

Mas também podemos fazer a troca de mudanças manualmente, como sempre. Não é necessário ligar ou desligar nada, simplesmente pressionamos o seletor e a troca acontece. A rapidez com que se realizam as mudanças de andamentos, baseada nos parâmetros como a potência, velocidade, etc., são totalmente configuráveis, e podem existir vários perfis. Dependendo do terreno em que andamos (plano, trilhos a subir, descidas mais agressivas…), podemos ter o AutoShift e o FreeShift totalmente personalizados.

O perfil padrão que usámos parecia um pouco lento a reagir… Mas tudo configurável e acreditamos que num teste mais completo teremos mais tempo para configurar todos estes pormenores. No entanto, a experiência foi muito gratificante.

O objetivo desta tecnologia é satisfazer uma grande e ampla variedade de utilizadores: dos mais novos que “quase” nunca utilizam a troca de mudanças nas e-bikes (“esmagando” as cassetes e as correntes) aos mais experientes, que querem andar com a e-bike no máximo.

Mais info:

Lê também:

Novo grupo de transmissão Shimano CUES: simplicidade, versatilidade e durabilidade

Imagens: Shimano


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