Demorou, mas aconteceu: os fabricantes de travões de disco convenceram meio mundo, inclusive a UCI, que o sistema de acionamento hidráulico de discos são o sistema de travagem mais eficaz que existe. Mas será isso efetivamente verdade? Os travões de calços convencionais “morreram”? Sim, mas ainda existem “resistentes”.

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Falamos dos ciclistas que ainda preferem os travões de “ponte” com calços, que são aqueles utilizadores que encontram mais vantagens neste sistema do que no sistema de travões de disco, que são o que mais encontramos nas bicicletas novas de hoje.

Mas convém não esquecer que os travões de “ponte” com calços evoluíram até um sistema atual de duplo pivot, que trazem prestações muito aceitáveis e manutenção/ ajuste mais simples que as gerações anteriores. E por isso ainda persistem em algumas bicicletas de entrada de gama.

Mas quais as principais vantagens e desvantagens de cada sistema? Apresentamo-las todas logo após recordarmos um pouco da base de funcionamento dos travões de calços, que foi o que fez com que este sistema estivesse em utilização durante tanto tempo.

Os travões de calços têm uma conceção muito simples e proporcionam uma performance equilibrada, de certa forma:

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  • O grande trunfo está na força de travagem, que é aplicada diretamente na jante/aro da roda. A área de acionamento do calço é grande, pode chegar aos 622 mm(toda a lateral da roda de ambos os lados), e isso faz com que a potência que é transferida para a roda a leve a parar eficazmente. Isto comparando com o diâmetro de um disco (140 ou 160 mm), que é a área de travagem efetiva desse sistema.
  • Enquanto o disco trava a roda apenas de um lado e de forma assimétrica, a probabilidade de torsão e descentralização é maior. Os calços, estando um de cada lado, travam assimetricamente.

Travões de calços (mecânicos)

Vantagens:

  • Peso: ainda que se tenham reduzido as diferenças neste capítulo, este sistema é mais leve um sistema hidráulico de discos, em geral e no total de todos os elementos.
  • Manutenção: como o ajuste dos calços é uma questão de folga, a manutenção do sistema é mais simples e mais fácil de executar pelo próprio ciclista. Sai mais barato.
  • Custo: em caso de problema técnico com os componentes, estes são mais baratos e exigem menos tempo de mão de obra na instalação/substituição, à partida. Até as manetes são mais baratas.
  • Razões emocionais: cada vez menos importante, mas pode fazer a diferença, pois existem utilizadores que preferem usar certos componentes por serem verdadeiros clássicos.

Desvantagens:

  • Condições atmosféricas: a perda de performance deste sistema quando chove bastante é considerável e algo a ter fortemente em conta.
  • Carbono: algumas rodas em fibra de carbono que não têm boas pistas de travagem oferecem uma resistência praticamente nula, impedindo que os calços exerçam força de travagem. Será necessário instalar calços especiais para carbono.
  • Folgas frequentes: causadas pelo acionamento mecânico à base de cabo.
  • Poucas opções: encontrar uma bicicleta de gama média-alta com este sistema é quase impossível.

Travões de disco (hidráulicos)

Vantagens:

  • Condições atmosféricas: com sol, calor, chuva ou frio, o desempenho é o mesmo. Tanto pela composição das pastilhas como pela rapidez de secagem dos discos, o rendimento dos travões de disco não é afetado.
  • “Dosagem” da travagem: podemos exercer força e assim regular a potência dos travões de uma forma menos brusca, já que o sistema hidráulico é mais sensível ao toque na maneta que um acionado por cabo.
  • Manutenção: mantém-se em bom estado durante mais tempo que um sistema mecânico, sem ser necessário ajustar eventuais folgas continuamente.
  • Valor de revenda: por ser um sistema de travagem atual, faz com que a venda em segunda mão de bicicletas com discos seja mais comum e fácil de concretizar. Ou seja, uma bicicleta com travões de calços é muito mais difícil de vender quando usada.

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Desvantagens:

  • Peso: não falamos de diferenças gigantes, mas os entusiastas da leveza devem ter noção de que os kits de travões de disco são mais pesados, no total.
  • Custo: os componetes são, geralmente, mais caros. Em caso de substituição por queda ou desgaste, o gasto vai ser maior em comparação com os sistemas mecânicos.
  • Manutenção: não tens de estar sempre a “mexer” nestes travões como no caso dos de calços, mas é certo que qualquer trabalho é mais complexo… Sangrar o sistema é algo trabalhoso e todas as operações relacionadas com travões de disco podem envolver o conhecimento especializado dos técnicos da tua oficina ou loja. Quem percebe pouco do assunto não deve “mexer” sem saber o que está a fazer…

Em suma…

Mesmo que prefiras travões de calços, que bicicleta nova de estrada tens à tua disposição na hora de escolher e comprar? Praticamente nenhuma, tirando um ou outro caso na entrada das gamas.

Nas verdade, não é por acaso que os travões de disco estão instaurados de forma praticamente total e geral. Está provado que trazem mais benefícios do que desvantagens face aos sistemas anteriores.

Contudo, também aqui há a questão do gosto pessoal. Se preferes os travões de calços mecânicos, não te desfaças da tua bicicleta que os tem só porque esta parece antiquada. Continua a dar oportunidade a este sistema, pois funciona. Se muitos profissionais continuam a preferir travões de calços convencionais (e continuam a ganhar com eles), por alguma coisa será…

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