A marca extendeu um pouco no tempo o lançamento destas novas mousses tubeless Vittoria Air-Liner Light, pelo que assim foi melhor: tivemos mais tempo para rolar com esta novidade e a possibilidade de fazer o dobro dos kms de teste. E as impressões sobre estas mousses são positivas, isso é certo.

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Como já por aqui referimos algumas vezes, o uso de mousses tubeless traz um comportamento diferente aos pneus que temos num sistema tubeless convencional…

Sabendo isso, a Vittoria está a aproveitar a oportunidade de disponibilizar algo do género também para bicicletas de XC, DC e trail, isto em adição ao modelo que já se conhecia, o Air Liner Mtb, que é consideravelmente mais pesado. Cada unidade, e para medidas de 1,90” a 2,50” (existem para até 4,00”), pesa entre 90 e 165 gramas, segundo informações oficiais.

Agora, este modelo Light pesa apenas 50 gramas por unidade. É uma mousse com clara “vocação” antifuro, mas que tem propósitos mais além: pretende dotar o pneu de um comportamento diferente e permitir que se use de forma mais eficaz pressões realmente baixas.

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Aliás, a marca refere que essa é mesmo a razão de ser destas novas Vittoria Air Liner Light. Até porque o desenvolvimento aconteceu com o apoio e feedback de elementos das equipas de XC BMC MTB Racing, Santa Cruz FSA e KTM-Vittoria.

Novo design

Estas Air Liner Light têm uma conceção com matérias primas diferentes das gerações anteriores, o que permite que sejam mais leves, como já referimos. O design é novo, com uma forma que nos parece encaixar perfeitamente em aros de roda com largura entre 25 e 30 mm, que são porventura as medidas mais habituais no XC de hoje. Se tivermos rodas mais estreitas talvez seja melhor não considerar a compra destas mousses…

A parte que está em contacto com o pneu continua a mostrar uma forma “cortada” para que o ar ali possa “trabalhar”. Outro pormenor diferenciador é que as Air Liner Mtb vêm abertas (não são um círculo colado e fechado, por assim dizer), para que as possamos cortar à medida da roda (26”, 27,5”, 29”…); já as novas Lightsão “fechadas” e de uso exclusivo em rodas 29”. As larguras de pneu recomendadas andam entre 2,10” de 2,40”.

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Experimentámos estas novas mousses tubeless com umas rodas de 30 mm, as DT Swiss XM1700 que vêm de origem na Canyon Spectral 125. Juntamente com as mousses usámos os pneus Vittoria Agarro cujo teste aqui deixámos recentemente, e na mesma bicicleta. Contudo, estes pneus foram também experimentados sem a presença das mousses e numa configuração apenas tubeless.

A montagem

Como este novo modelo não requer cortes, a montagem é mais fácil e julgamos que seja mesmo acessível a qualquer pessoa, mesmo sem grandes conhecimentos técnicos de mecânica de bicicletas.

Reservámos um serão há umas semanas para o processo e a verdade é que demorou menos do que pensávamos à partida: basta colocar a mousse dentro do pneu (há quem as molhe com água primeiro, como aconselha a marca), garantindo que a parte que entra no ar da roda fica bem ajustada.

Depois, o mais importante é substituir as válvulas que temos pelas que são fornecidas juntamente com cada uma destas mousses tubeless. Como a mousse está em contacto com o aro ao longo de toda a sua extensão e firmemente, uma válvula convencional não funcionaria bem. A Vittoria inclui no pack uma válvula especial, a Multiway de 40 mm, que injetam ar lateralmente.

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No momento de colocar o pneu na roda, a verdade é que a presença da mousse dificulta um pouco a tarefa. Mas com paciência q.b. conseguimos finalmente colocar tudo de forma ajustada e correta.

Finalmente, devemos injetar o líquido antifuro pela válvula usando os instrumentos adequados. No nosso caso, a Vittoria forneceu-nos uma garrafinha de 80 ml de líquido para cada roda.

De seguida chega a hora de encher os pneus e depressa reparamos que é necessário muito menos ar do que antes na configuração tubeless convencional…

Pressões utilizadas

Então, primeiro quisemos fazer uma experiência deixando os pneus Vittoria Agarro (medidas de 2,35” x 29”) com uma pressão mais baixa, e até abaixo do mínimo recomendado (que são 1,4 bar). Deixámos ficar apenas 1,2 em cada pneu para vermos como estas Air Liner Light se comportariam…

No terreno

A bicicleta que utilizámos foi uma bicicleta de trail, pelo que acreditamos que levámos estas mousses ao limite do uso. Grande parte dos kms que fizemos com elas, cerca de 800 kms, foram compostos por singletracks com raízes, terra, areia e pedra solta e até afiada… Nos primeiros dias andámos com o piso molhado, a partir de então andámos sempre com o piso seco, mais “solto”.

A primeira sensação é de que parece que por vezes estamos a “flutuar”, sem notar demasiado as pedras e as irregularidades do piso. Em descidas mais técnicas e exigentes os pneus mostraram boa performance e tração. Sentimos mais segurança e formos aumentando a confiança e a velocidade. A curvar, apesar da baixa pressão, não houve descontrolo. Muito controlo, sem sustos, sem contratempos.

Mas também tivemos outro feeling: estava a ser complicado manter um ritmo elevado a rolar, foi preciso reforçar a rotação na pedalada e a cedência para acompanhar o grupo. E isto não era normal… O pneu da frente também acusava um pouco em demasia a falta de ar…

Então, de regresso a casa, aumentámos a pressão para 1,4 bar à frente e 1,5 bar atrás e todas estas sensações menos positivas desapareceram. E isto sem notarmos perda de tração nos caminhos mais exigentes.

E com o pneu furado?

Não tivemos de facto nenhum furo que nos permitisse testar estas Vittoria Air Liner Light numa situação efetiva de perda de ar no pneu. Por isso, para aferirmos do comportamento nessas condições, tirámos ar aos pneus de novo. Totalmente. Mas fizemos isso primeiro num pneu, à frente, e somente depois no outro. Resultados satisfatórios.

A ideia é que seja possível, em caso de furo ou até rasgão, podermos regressar a casa ou terminar uma prova sem termos de desistir ou pedir apoio. Nestas condições, é efetivamente possível continuar a andar com a bicicleta. Não para andar normalmente como se nada tivesse acontecido, mas sim andar até chegarmos a casa ou ao fim da prova. A bicicleta irá comportar-se de forma diferente, naturalmente.

A Vittoria garante que estas novas mousses são feitas com um material que é resistente a eventuais cortes e que também não absorve o líquido antifuro. De facto, no momento em que desmontámos as mousses reparámos que todo o líquido colocado antes ainda lá estava. E que a mousses estão em perfeito estado.

A nossa avaliação

A marca acredita ainda que estes produtos fazem com que os pneus possam durar mais, pois “a compressão progressiva da espuma usada facilita a absorção dos impactos e impede aqueles furos na parte lateral do pneu ou os rasgos devido a pancadas mais extremas”. Não sabemos se assim será, mas é certo que não furámos com as mousses instaladas.

Até hoje, após muitos kms feitos, o único ponto realmente negativo é o preço: 59 euros é muito por uma cada unidades destas novas mousses tubeless Vittoria Air-Liner Light… Quanto ao peso, a marca declara 50 gramas por unidade, mas a nossa balança de precisão marcou apenas 42 gramas.

Em suma, rapidamente, o saldo é muito positivo. Boa leitura das irregularidades, confiança a curvar, fiáveis a rolar. No fundo, o valor a pagar para ter este sistema em ambas as rodas pode vir a ser um investimento.

Neste teste:

  • Texto: José Escotto
  • Fotos: Iván Fornos
  • Rider em ação: Samuel Iglesias

Mais info:

Lê também:

Teste GoRide.pt: pneus Vittoria Agarro [com vídeo]


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