O agente de ciclismo Alex Carera, responsável pela agência A&J All Sports e representante de nomes como Tadej Pogacar, Biniam Girmay e Jasper Philipsen, manifestou preocupação com o futuro do ciclismo profissional, alertando para a crescente fragilidade das equipas ProTeam, que formam a base da modalidade.

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Em declarações ao Cyclism’Actu, Carera pediu à União Ciclista Internacional (UCI) que implemente rapidamente medidas estruturais para evitar o que descreve como “a erosão do sistema”. Segundo o agente, o atual modelo “favorece excessivamente as equipas do WorldTour”, deixando as formações de segundo escalão sem espaço para crescer.

“Se a base enfraquecer, tudo se desmorona. As ProTeams são o alicerce do ciclismo profissional. Se um dia restarem apenas cinco, será quase impossível ver novas equipas surgirem e chegarem ao WorldTour. É matemática simples”, afirmou.

Carera destacou que a ascensão de equipas como a Alpecin-Deceuninck e a Uno-X Mobility ao WorldTour é positiva, mas que o sistema atual dificulta o aparecimento de novos projetos. “No futuro, equipas como a Tudor também poderão subir, mas, para isso, é necessário oferecer aos patrocinadores uma estrutura estável, garantias e um calendário coerente. Hoje, apenas o calendário do WorldTour é realmente claro”, observou.

Segundo o empresário, o modelo atual desincentiva o investimento em novas equipas, mesmo quando há patrocinadores dispostos a aportar entre três e cinco milhões de euros. “Esses patrocinadores precisam de visibilidade e de perspetivas reais. Se uma equipa ProTeam conseguir resultados e convites para grandes provas, o investimento cresce naturalmente. Mas, sem um caminho claro, esse ciclo quebra-se”, explicou.

Carera defende a criação de uma verdadeira “liga ProTeam”, com calendário próprio e o mesmo número de dias de competição para todas as equipas. O objetivo seria tornar o ranking mais equilibrado e criar condições para que mais formações possam vencer. “Se as melhores equipas do mundo participarem em todas as corridas, acabam por dominar também as provas menores. Isso destrói o ecossistema, com cinco equipas a vencerem 250 corridas por temporada. Não é saudável”, afirmou.

O agente ressalva que não pretende limitar o acesso das equipas de topo às grandes clássicas, mas sim criar oportunidades para as equipas médias. “Não quero impedir que disputem a Milão–San Remo ou a Paris–Roubaix. Quero apenas que existam corridas onde as ProTeams também possam ganhar”, disse.

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Carera acredita que as mudanças devem ser implementadas rapidamente. “Não em 2026, será tarde demais. Mas 2027 precisa de ser um ano de transição. Temos de começar a trabalhar nisso agora”, alertou.

O agente rejeita a ideia de que as suas críticas sejam dirigidas a equipas dominantes como a UAE Team Emirates, que representa Pogacar. “Dizer que é ‘contra a UAE’ é ridículo. Ganhar o Tour de France, o UAE Tour, a Paris–Roubaix ou o Campeonato do Mundo é essencial para uma grande equipa. O problema é que essas mesmas equipas também vencem as corridas menores, o que prejudica a diversidade do ciclismo”, afirmou.

Para Carera, garantir a sustentabilidade das ProTeams é essencial para o futuro da modalidade. “Todos os campeões começaram pequenos. Pogacar também foi um neo-profissional. Ninguém se torna campeão sem uma estrutura que permita crescer. Pensar apenas no presente e nas equipas do topo é um erro. Fortalecer a base é proteger o futuro do ciclismo”, concluiu.

Crédito da imagem: LaVuelta/X

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