Sempre que mudamos de bicicleta, um dos primeiros momentos é passado a ajustar vários pontos e a adaptar os diversos componentes e periféricos da mesma às nossas características e especificidades físicas, certo? Ajustar a altura do selim é uma das tarefas mais importantes.
Até porque ignorar este ponto, ou outros, pode acabar por prejudicar a nossa experiência e o nosso corpo. E todos sabemos que, por vezes, talvez um pouco devido à pressa de começar a andar, descuramos esta atenção aos pormenores e ao ajuste da bicicleta a vários níveis.
Posto isto, e no que ao selim diz respeito, com um pouco de tempo e paciência podemos conseguir um ajuste ótimo. Mesmo que não seja nada fácil acertar à primeira. Aqui ficam por isso três conselhos de ajuste da posição do selim em geral, e não apenas da altura como referimos no título.
A ideia é ajudar a afinar este periférico consoante as tuas medidas à luz do que dizem as “regras”, apesar de ser preciso ter em mente que pequenas afinações e ajustes poderão estar intrinsecamente ligados às sensações e gostos de cada ciclista. Vamos então falar dos três eixos que consideramos os principais, de acordo com a nossa experiência: a altura do selim, a posição longitudinal (do espigão) e a inclinação.
Estas simples afinações são válidas tanto para bicicletas de BTT como para bicicletas de gravel, atenção. No limite, também podem ser tidas em conta para ajustar bicicletas de estrada. E a grande vantagem é que estas afinações podem ser feitas por nós em casa, apesar de recomendarmos sempre a realização de um bikefit e o aconselhamento profissional.
Ajustar a altura do selim
Existe uma fórmula para ajustar a altura do selim e que pode ser usada como referência:
Medida do cavalo (em cm) x 0,885 = altura do selim (em cm)
Sendo que esta altura é medida desde a parte superior do selim, ao centro, até ao centro do movimento pedaleiro.
Coloca um livro entre as pernas para facilitar o processo de medição.
Aplica a fórmula indicada acima para colocares o selim na altura pretendida.
Posição longitudinal
É a posição que o selim assume uma vez instalado no espigão. E pode ser aferida usando um fio de prumo “caseiro”: basta atar uma caneta pesada a um cordel. De seguida, colocamos o selim numa posição bem a meio dos carris, para que nos sirva de referência.
Desenrola o cordel junto ao joelho para que a caneta caia verticalmente.
Colocamos os pés nos pedais – com os sapatos, encaixes e pedais a utilizar – e posicionamos ambos os cranques paralelos ao solo. No joelho mais à frente, fazemos descer o nosso fio de prumo improvisado.
Se o joelho não estiver posicionado no início do cranque, temos de posicionar o selim nos carris mais para trás ou mais para a frente, mas isto respeitando sempre os limites impressos pelas marcas nos próprios carris.
Esta pode ser uma boa referência para um selim bem posicionado.
Nota: se ao realizarmos esta afinação os carris do selim passarem as marcas referidas acima, pode ser necessário substituir o espigão por outro em que isto não aconteça: um selim que fique mais para trás face a essas marcas por implicar o uso de um espigão com recuo; se estiver mais para a frente, um espigão sem recuo.
Inclinação do selim
Normalmente, o selim deve estar o mais na horizontal possível. Tal é facilmente verificável a olho nu. Se quisermos ser mais rigorosos, podemos recorrer a um nível ou até mesmo a uma app que faça a mesma coisa que um nível.
Coloca o nível após a elevação traseira do selim.
Colocamos o nível sobre o selim para encontrarmos uma “horizontalidade” óptima. Geralmente, os selins são um pouco mais elevados na traseira, pelo que devemos colocar o nível exatamente onde acaba essa pequena elevação.
No caso de ajuste do selim numa bicicleta de senhora, recomenda-se deixar uma pequena inclinação um pouco mais para a frente. Isto porque, geneticamente falando, as mulheres tendem a ter braços mais curtos. Mas mais uma vez referimos que também esta afinação deve refletir o gosto pessoal e as sensações de cada um de nós.
Este selim está um pouco inclinado para a frente…
A afinação é ‘subjetiva’?
É sem dúvida algo muito pessoal, pelo que estamos apenas a aconselhar sobre o que se pode fazer de uma forma muito simples: podes aplicar estes ajustes de modo a que consigas encontrar a tua melhor posição e boas sensações na bicicleta.
Mas não te “rendas” aos números e à “teoria”, porque o melhor mesmo é testares o que funciona melhor. Estas dicas servem sobretudo como ponto de partida. Para nós, que tantas vezes “saltitamos” de bicicleta e bicicleta sem termos oportunidade de fazer o devido bikefit, revelam-se muito importantes.
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Artigo redigido por José Escotto, traduzido por Nuno Granadas e editado por Jorge Lopes. Caso detetes algum erro ou tenhas informação adicional que enriqueça este conteúdo, por favor entra em contacto connosco através deste formulário.
Fotografias: GoRide