Numa das mais espetaculares etapas da edição 2022 da Volta a Espanha, a 18.ª da competição, disputada esta quinta-feira, consagrou o líder, dominador e cada vez mais o principal favorito ao triunfo final, Remco Evenepoel (Quick-Step Alpha Vinyl).

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A jornada, com dupla passagem no topo do Alto de Piornal (contagem de montanha de 1.ª categoria), a última coincidente com a meta, foi animada por diversos protagonistas. Um dos maiores foi João Almeida, que se aventurou numa ofensiva a longa distância para, de acordo com o próprio “desestabilizar” os adversários.

Acompanhado pelo seu colega de equipa Brandon McNulty, o português da UAE Emirates colocou-se em fuga a 100 quilómetros da chegada, passando a ocupar posição intermédia entre um grande grupo na dianteira e o pelotão, obrigando a Astana Qazaqstan a perseguir quase toda a etapa para defender a posição do seu líder Miguel Angel Lopez, que à partida para esta etapa estava um lugar (5.º) acima de Almeida.

Depois de lançado por McNulty, João Almeida lançou-se na iniciativa em solitário, mas a partir do último terço da primeira passagem em El Piornal (13 km) contou a com a colaboração de outro parceiro da sua formação, o espanhol Marc Soler, que descaiu do grupo adiantado e manteve o corredor luso destacado em relação ao grupo do camisola vermelha – onde estava Miguel Angel Lopez e todo os demais corredores do top-10 da geral – até aos primeiros quilómetros da ascensão final.

Apesar da demonstração de elevado nível e não menos coragem, João Almeida não concretizou o seu objetivo principal, aproximar-se ou mesmo ultrapassar o colombiano da Astana, mas encurtou distâncias para o agora quinto classificado Carlos Rodriguez (Ineos Grenadiers), que teve um dia aziago. Primeiro foi vítima de uma aparatosa queda (ver mais adiante) e certamente afetado pelas mazelas do incidente perdeu mais de um minuto na subida final para o português, que manteve a sexta posição na geral.

No final da etapa, João Almeida explicou a sua longa cruzada. “O objetivo da nossa equipa é chegar ao pódio final com Juan Ayuso. Ele sentia-se bem hoje, por isso quis tentar de longe hoje para pressionar a Astana e as outras equipas. Tive boas sensações e a equipa confiou em mim. No entanto, foi um dia muito difícil, porque tive de dar tudo durante 100 quilómetros! Espero estar bem de novo amanhã”.

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Juan Ayuso (UAE Emirates), Miguel Angel Lopez (Astana Qazaqstan), João Almeida (UAE Emirates), Thymen Arensman (DSM), Ben O’Connor (AG2R Citroën), Rigoberto Uran (EF Education-EasyPost) e Jai Hindley (BORA-hansgrohe) chegaram 13 segundos após Remco Evenepoel, mas Carlos Rodriguez (Ineos Grenadiers) perdeu 1.16 para estes adversários e com isso a quarta posição da classificação geral para o Miguel Angel Lopez – além de ver aproximar-se o sexto, João Almeida, que está a apenas a 25 segundos do espanhol.

Remco Evenepoel com tarefa facilitada

Atacado inúmeras vezes por Enric Mas (Movistar) na subida final, Remco Evenepoel sofreu para manter a roda do espanhol no último quilómetro, mas depois fez a diferença nos derradeiros 150 metros, para conquistar a segunda vitória nesta Vuelta.

O belga superiorizou-se ao seu principal rival na classificação geral (Enric Mas) e ao derradeiro resistente da fuga do dia, Robert Gesink (Jumbo-Visma), alcançado pelos dois primeiros da geral a menos de 500 metros da meta.

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“É um dia perfeito. O final foi muito difícil, com subidas complicadas. E também foi exigente devido ao ataque inicial da equipa UAE Emirates, com o João Almeida. Mas mantivemos sempre a calma, foi o que aprendi nos últimos anos. Tal como na fase final. Comecei a sprintar a 200 metros da meta. Tenho trabalhado muito para melhorar o meu sprint e agora está a dar resultados. Vencer na montanha com a camisa vermelha é ótimo!”, disse Remco Evenepoel, para quem a vitória na Vuelta não está garantida.

“Ainda não está ganho. Ainda temos algumas etapas pela frente. Os meus concorrentes certamente vão atacar-me, mas é mais fácil controlar agora, porque as minhas pernas estão muito boas”, reconhece o jovem corredor da Quick-Step Alpha Vinyl, cada vez mais próximo de vencer uma grande volta.

 

Envolvido na mesma queda de Carlos Rodriguez, Jay Vine (Alpecin-Deceuninck), líder da classificação da montanha e vencedor de duas etapas, foi forçado a desistir, promovendo Richard Carapaz, que passa a envergar a camisola às bolas azuis.

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