Quando esperava escrever sobre venturas e desventuras de sprinters e velocistas na terceira etapa do Giro, eis que o suspeito do costume Tadej Pogacar teima em não sair de cena. No final de uma jornada só animada por ‘abanicos’, todos ‘fechados’ sem problemas de maior, esperava-se um sprint massivo e que os homens rápidos se expressassem.

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E expressaram-se, mas não sem que um franzino vestido integralmente de cor-de-rosa se intrometesse e esteve quase a tirar-lhes palco. Pogacar não tem emenda, nem sequer convém que tenha. A bem do espetáculo. Porque o esloveno é isso, espetáculo garantido. E ainda mais quando decide desafiar-se, e aos adversários, em terrenos e ‘especialidades’ em que não domina – tanto!

Fora das montanhas, dos contrarrelógios, os troços em terra batida e em muros de empedrado, ou seja, fora de quase tudo no ciclismo de estrada, o líder da UAE é ainda mais estimulante. É acima de tudo, imprevisível. Quando menos se espera, está lá, ofensivo, ao ataque, a causar estragos, a mudar a corrida do avesso. Ontem meteu o pelotão liderado pelas equipas dos sprinters a persegui-lo nos últimos dois quilómetros. E de a 20 quilómetros da meta vê-lo a sprintar que nem louco por uma bonificação numa meta volante. Ele, a quem se espera que ganhe o Giro com muitos minutos de vantagem!

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Foi tão ou mais fascinante ver Geraint Thomas a sofrer na sua roda para se manter, depois de ter, muito bem, aproveitado a sua movimentação no final daquela subida curta final. O veterano britânico não desistiu, aguentou firme, com ambição. Afinal, não deverá ser só o segundo classificado. Tem, com toda a legitimidade, de acreditar que poderá vencer Pogacar, como afirmou antes do Giro.

Por tudo isso, devido a Tadej Pogacar, não se pode prever etapas em terreno plano que sejam previsíveis, que acabem ao sprint em pelotão. O corredor mais completo do mundo não está para poupanças para o Tour. Não pensa nisso. Só pensa aproveitar a forma. Porque, sem doenças ou lesões, conte-se com ele em forma, no auge, na corrida francesa. Com ou sem a oposição da sua besta negra nos dois últimos anos, Jonas Vingegaard, cuja superioridade na mais importante corrida por etapas do calendário (e sem ser por etapas…) deve ser-lhe reconhecida a coroa do melhor voltista do pelotão. Mas desfrutemos do Giro… de Pogacar.


Créditos da imagem: UAE Team Emirates – https://twitter.com/TeamEmiratesUAE/status/1787513131826085939/photo/1

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